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Belle and Sebastian volta ao Brasil com "revolução" na pista de dança

De olho nas notícias: Richard Colburn (segundo da esq. p/ dir.) diz que a política influenciou as composições do novo trabalho do Belle and Sebastian - Divulgação
De olho nas notícias: Richard Colburn (segundo da esq. p/ dir.) diz que a política influenciou as composições do novo trabalho do Belle and Sebastian Imagem: Divulgação

Tiago Dias

Do UOL, em São Paulo

17/10/2015 07h00

Não só de fofice indie e canções ensolaradas vive o Belle and Sebastian. Os escoceses voltam ao Brasil neste sábado (17) como atração principal do segundo dia do Festival Popload 2015, em São Paulo, com uma boa dose de música eletrônica e reflexões políticas. Para o baterista da banda, Richard Colburn, a combinação é harmoniosa: a revolução pode, sim, vir através da dança.

“Muitas revoluções começaram dessa forma. Para ser bem sincero, essa revolução é a essência do rock and roll, da música. É uma inspiração”, diz o músico ao UOL. Não que a banda faça panfletagem no palco. Longe disso. Mais do que um discurso, essa revolução é o estado de espírito que permeia todo “Girls in Peacetime Want to Dance” [“Garotas em tempos de paz querem dançar”, em tradução livre], disco lançado em janeiro.

“Falamos pouco de política, com exceção da canção ‘Marx and Engles’ [sobre o manifesto comunista, lançada em 2001]. Ficamos um pouco sozinhos nos últimos cinco anos, vivenciando coisas diferentes e, quando voltamos, jogamos essas experiências à mesa, do jeito que estávamos sentindo.”

Acompanhadas das letras confessionais do líder Stuart Murdoch, reflexo de uma fase depressiva do vocalista, movimentos políticos também entraram na pista de dança. “Allie”, canção que remete aos primeiros anos da banda, narra a saga de uma garota que foge de questões existenciais e das bombas no Oriente Médio. Já em “Party Line”, a mais Pet Shop Boys da nova fase, brinca com a dualidade da palavra ‘party’ – o personagem da canção tenta quebrar as regras de uma festa ou vai contra a orientação de um partido político.

“Em todo o mundo, as pessoas tem falado cada vez mais sobre essas questões. Poderes locais, guerra entre países, o plebiscito sobre a independência da Escócia [a banda era favor], havia uma par de questões que acabaram nos inspirando. Mas não queríamos fazer um álbum político, negativo, ou algo assim”, revela.

No show, a ordem é saudar a ligação da banda com os fãs brasileiros, a quem o baterista chama de “selvagens e carinhosos”. Fã de Bebel Gilberto, ele diz que vai sugerir aos integrantes que incluam uma canção em português, em referência a primeira passagem da banda pelo Brasil em 2001, quando Sarah Martin cantou “Baby” e “A Minha Menina”. Poderia ser Mutantes de novo? “Sarah é fã, vou sugerir para eles”.

“Perfect Couples”, do novo disco, é certeza no setlist, principalmente por canalizar a inspiração da música brasileira na introdução percussiva. “O engraçado dessa canção é que é bem suingada. Acho que ela tem uma coisa meio Talking Heads, mas, definitivamente, nos inspiramos em músicas brasileiras, porque ouvimos muitos esse tipo de música no dia a dia”, observa.

20 anos 
Essa influência segue a banda desde quando eles foram catapultados à fama internacional, no início do século, voltando os holofotes para toda uma cena do indie rock alternativo. Ele se recusa a reconhecer essa importância e diz que tem uma sensação esquisita ao ouvir os primeiros discos da carreira. “Nessa época não sei se queríamos essa fama, talvez nem viver de música. Tocávamos muito rápidos, porque éramos jovens e sem experiências. Acho que éramos bons, só que de uma forma diferente”.

O escocês de 45 anos, no entanto, conta que ainda mantém a gélida Glasgow como lar desde aquela época, e revela que vive uma certa apreensão toda vez que a banda entra de “férias”.

“Acho que nunca consideramos acabar com a banda de vez, mas sempre tiramos essas longas férias para pensar, para ver se as coisas vão acontecer ainda, se a gente vai voltar. Acho que temos ainda uma boa química, bastante potente. Toda vez que voltamos e tocamos coisas novas, percebemos: ‘ok, está tudo bem ainda’”, revela. “É incrível que, mesmo com pessoas entrando e saindo da banda, nós seguimos há 20 anos”.

Popload Festival 2015
Quem: Belle and Sebastian, Spoon, Holy Ghost (DJ set), Cidadão Instigado, Chris and Rich (Belle and Sebastian) DJ Set, Eric Duncan, Bárbara Ohana
Quando: Sábado (17), a partir das 20h
Onde: Audio Club (Av. Francisco Matarazzo, 694, Água Branca, zona oeste de São Paulo)
Ingressos: R$ 320/pista e R$ 480/camarote (meia-entrada: R$ 160 e R$ 240)
Informações: (11) 3862-8279