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Com Beatles, Roberto Carlos traz frescor às músicas de sempre em novo disco

Tiago Dias

Do UOL, em São Paulo

30/10/2015 13h19

Tão previsível quanto seus programas de fim de ano, Roberto Carlos não costuma trazer novidades nos álbuns ao vivo. "Primeira Fila", seu terceiro trabalho ao vivo em três anos, no entanto, chega nesta sexta-feira (30) às lojas e plataformas de streaming cercado de expectativas. O álbum já está disponível no UOL Música Deezer.

Gravado em maio deste ano durante um show intimista no Abbey Road, em Londres, estúdio famoso por ter sido casa dos Beatles nos anos 1960, Roberto propõe algo diferente: as mesmas canções de sempre, mas em novas versões. 

O disco mantém alguns arranjos clássicos ("Lady Laura"), experimenta gêneros (como o reggae em "Eu Te Amo, Te Amo, Te Amo"), traz uma cover inédita ("And I Love Her", dos Beatles, dessa vez cantada por Roberto em inglês) e traz novas interpretações inclusive no canto (como em "Detalhes"). São 17 faixas, sendo sete em espanhol e uma em inglês.

"Primeira Fila" sai em CD e DVD longe de uma reestruturação completa. O esforço, no entanto, traz certo frescor, graças à produção esmerada e a vontade de sair do formato engessado que acompanha o cantor em toda santa performance. A orquestra, que servia como um muro sonoro (e datado) para todos seus clássicos, por exemplo, aparece discreta.

Sem seu tradicional conjunto RC-9, Roberto deixou os arranjos na mão de Tim Mitchell (produtor de Shakira e Ricky Martin) e músicos estrangeiros: o percussionista Richard Bravo, o guitarrista Grecco Buratto, o baixista Erik Kertes, o baterista Brendan Buckley e o pianista Albert Menendez, que introduzem guitarras e violões em uma atmosfera levemente inspirado no pop e no folk.

Veja o faixa a faixa das novas versões de "Primeira Fila":

"Primeira Fila", novo disco de Roberto Carlos - Divulgação - Divulgação
"Primeira Fila", novo disco de Roberto Carlos
Imagem: Divulgação

"Emoções"

A introdução com metais continua a mesma da versão de 1981, mas aqui a canção ganha contornos de standard do jazz, com clima de musical da Broadway, que é basicamente a gênese da música.

"A Volta"

Lançada em 2005, a canção mais Jovem Guarda de Roberto dos últimos anos ganha percussão de fundo e teclado.

"O Portão"

A estrutura desse hit de 1974 é mantida, mas ganha uma introdução delicada ao piano. As cordas, que sempre foram grandiosas na canção, ficam em segundo plano

"Cama e Mesa"

Com violino e toque latino, a música está mais próxima da versão original, de 1981.

"And I Love Her"

Está no disco para fazer uma graça com o fato de o show ter sido gravado no estúdio Abbey Road. Nunca havia sido gravada em inglês pelo cantor: ela apareceu em 1984 como "Eu Te Amo".

"À Distância"

A canção de 1972 ganha mais dramaticidade com introdução no piano e guitarras no refrão.

"Detalhes"

Uma das grandes canções de Roberto desacelera e revela belezas escondidas. Sem o arranjo manjado da versão de 1971, agora a guitarra faz riffs discretos e crescentes. Roberto também mudou a interpretação e sussurra um 'não, não' no final da canção.

"As Curvas da Estrada de Santos"

Assemelha-se ao arranjo mais funkeado da música original, de 1969, com metais, violão, guitarras e backing vocals.

"Ilegal, Imoral ou Engorda"

Lançada em 1976, é uma das canções mais dançantes do reinado. Aqui, perdeu o suingue, mas ganhou peso.

"Eu Te Amo, Te Amo, Te Amo"

A versão mais radical de todas: a canção de 1968 foi transformada em um reggae e já é tema da novela "A Regra do Jogo", da Globo.

"Arrastra una Silla"

Lançada em 2005 com a participação de Chitãozinho & Xororó, é uma canção tipicamente sertaneja de Roberto. O toque country é mantido, mas se aproxima mais de Victor & Leo e das referências latinas, com a participação do cantor e compositor mexicano Marco Antonio Solís. Daqui para frente, os sucessos de Roberto são interpretados em espanhol.

"Propuesta"

A versão em espanhol foi lançada em 1993 e aqui segue a toada, tentando soar mais delicado, com direito a solo no violão.

"Amigo"

Perdeu a cara de música de Broadway. Perdeu a grandiosidade do arranjo de big band. Ganhou percussão latina.

"Amada Amante"

Sai o drama e entra o folk. Uma balada com jeito de Beatles. Paul McCartney aprovaria.

"Mujer Pequeña"

Com violão espanhol, é a mais dançante das versões.

"Lady Laura"

Canção de 1978 obrigatória em toda apresentação de Roberto. Mas sem novidades por aqui.

"Jesus Cristo"

O início da música resgata os corais funkeados da versão original, de 1970, mas ganha levada pop acústica.