Com chuva e lamaçal, Brahma Valley vira prova de resistência para o público
Em frente ao palco Pop do festival Brahma Valley, que acontece neste domingo (29) no Jockey Club de São Paulo, a cena é de um imenso e barrento lago marrom. É preciso dar uma grande volta pelas laterais para assistir aos shows de perto. Esta é a tônica deste segundo dia de evento.
Para chegar até os palcos, quem vai ao Jockey Club precisa se aventurar em uma prova de resistência, que inclui longos passeios pela lama, algumas vezes com o barro chegando até as canelas, encharcando pés. Com a chuva forte, muitos reclamam da falta de estrutura do local, e a ausência de opções de acessibilidade também foi lembrada.
"Ficamos parados aqui por cerca de meia hora, esperando por um carrinho do Corpo de Bombeiro, mas ele não conseguiu resolver", disse o cadeirante Leandro Segala, após entrar no Jockey e se ver barrado no gramado do local, tomado pela lama. Depois de esperar, ele e mais quatro amigos desistiram da ajuda e enfrentaram o barro. "As dificuldades começaram na porta. Ninguém sabia informar por onde entrava o cadeirante. Não quero privilégio. Só queria assistir aos shows, mas está bem difícil".
Uma das queixas mais comuns é do preço dos ingressos, de R$ 110 a R$ 1.090, que não compensaria a experiência "no limite"."Está muito difícil com essa lama toda. É a primeira vez que venho a show e tive que me afundar. É culpa da organização, que não pensou e não viu a previsão do tempo", disse o aposentado Sérgio Pereira, durante o show da dupla Victor & Leo.
"Foi muito difícil chegar aqui dentro. Vim de sandália e estou com os pés molhados. Eles não estão pensando muito nas pessoas com necessidades especiais. Vi um cara de muleta no meio da lama", disse a administradora Alessandra Cabral.
Após a chuva deste sábado (28), que já prejudicou os últimos shows do dia, a organização do Brahma Valley depositou pedras e granito em alguns pontos críticos. Até o início da tarde deste domingo, a reportagem do UOL observou algumas passarelas de barreiras de metal colocadas de forma improvisada, ligando pontos isolados pela lama.
Como a chuva continua caindo no Jockey, com previsão de seguir até a noite, os problemas devem continuar até o fim dos shows. "Chegamos antes do início dos shows. Sei que não dá para ser perfeito, mas deveriam pelo menos ter feito alguma coisa nos acessos da entrada, para a gente não ter que pisar em tanta lama", disse o publicitário Thiago Sancho.
Ao UOL, a organização do evento disse que "tem trabalhado para encontrar formas de minimizar o impacto para o público, com a colocação de britas e paletes em locais estratégicos". "Toda nossa equipe, de mais 3.500 pessoas, está trabalhando nessa frente e a chuva e a lama não ofuscam o ânimo do público que está curtindo muito o festival", disse os responsáveis pelo evento em comunicado.
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