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Se houve crise em 2015, Wesley Safadão "comeu com farinha"

Jotabê Medeiros

Colaboração para o UOL, em São Paulo

08/12/2015 07h00

O ano de 2015 foi de Safadão. Se houve crise, o cearense Wesley Oliveira da Silva comeu com farinha. Aos 27 anos, ele atingiu nesta temporada a marca de 25 shows por mês, com cachês de R$ 500 mil em média. Em uma conta simples, poderá terminar o ano faturando mais de R$ 100 milhões --o mesmo faturamento estimado pela apresentadora Xuxa. Mesmo deduzindo-se a mordida do leão da Receita Federal e as despesas de turnê (Wesley emprega mais de uma centena de pessoas), é um desempenho extraordinário.

Não é por acaso que o cantor já tenha jatinho de R$ 1,5 milhão com seu nome grafado na fuselagem e anda de Ferrari vermelha. Seu balanço de 2015 é excepcional do ponto de vista dos números. Cantou para cerca de 55 mil pessoas no Templo dos Sertanejos, a Festa de Peão de Boiadeiro de Barretos (SP). E seu disco com repertório mais recente, lançado em novembro, contabilizou meio milhão de downloads em três dias.

Wesley acumula 2,6 milhões de seguidores no Facebook, os programas de auditório da TV o disputam e o colegas já sabem de sua força: este ano, fez dueto com a estrela Ivete Sangalo na canção "Parece que o Vento" e participou de DVD de Bell Marques, ex-Chiclete com Banana. Em um show completamente lotado no Estádio Mané Garrincha, gravou há alguns meses o DVD "Ao Vivo em Brasília", um apanhado de seus hits que conquistam multidões: "Leva Eu Pra Sua Casa", "Camarote", "Segunda Opção", entre eles.

Por conta da demanda, Wesley já projeta uma carreira internacional. "Diariamente, recebo muitas mensagens nas redes sociais de brasileiros que estão no exterior e que querem muito ir ao nosso show. Tudo indica que, em 2016, a gente vá fazer uma tour internacional. Como diz o ditado, 'o artista tem que ir aonde o povo está'", diz o cantor ao UOL. Sua agenda, só neste mês de dezembro, o leva de São Paulo (SP) a Sete Lagoas (MG), passando por Natal (RN), Fortaleza (CE) e Fernandópolis (SP).

Enquanto artistas experimentados, como Ivete Sangalo e Anitta, tiveram de baixar seus cachês para continuar trabalhando em 2015, o cearense foi um dos raros a subir o seu: custa agora cerca de R$ 500 mil para contratá-lo. Há uns dois anos, ele chegou a se apresentar para menos de 20 pessoas. O êxito fulminante também o surpreende. "Por mais otimista que eu fosse, não tinha como esperar nada disso", avalia. "Mas eu não acho que tenha sido em pouco tempo. Muita gente está ouvindo falar da gente agora, mas já estou na estrada há 14 anos".

Casado e pai de família

Estrela até de propaganda de cuecas, ele diz que lida na boa com o assédio. "É bem tranquilo, a maioria do público tem um carinho de fã mesmo. As fãs gostam, admiram, mas respeitam muito. Talvez no início da banda [tenham sido mais afoitas], mas foi há muitos anos. Nunca passei muito tempo solteiro, então acho que não aproveitei como as pessoas imaginam. Hoje sou casado e tenho dois filhos".

Por mais otimista que eu fosse, não tinha como esperar nada disso. Mas eu não acho que tenha sido em pouco tempo. Muita gente está ouvindo falar da gente agora, mas já estou na estrada há 14 anos
Wesley Safadão

De origem humilde, criado com grande esforço pela mãe, o cantor é sereno na análise da resistência inicial que sofreu. Concorda que mesmo o nome de palco, Safadão, que pressupõe alguma conotação erótica, pode ter sido empecilho em territórios mais puritanos, por assim dizer. "O nome da banda, no início, era Garota Safada. Logo, os fãs acharam um 'Safadão' na história, e sobrou para mim. Aos poucos foram me conhecendo assim, com esse apelido, aí não teve mais jeito. Alguns diziam que eu não iria muito longe com esse nome, mas até agora está dando certo (risos)".

O improviso e o senso de humor notabilizado pelos humoristas cearenses é parte da performance de Wesley. Ele diz que leva tudo na brincadeira, das canções picarescas como "Bota o Litro pra Sofrer" às danças que inventa, e isso ajuda bastante. Não se considera um pé de valsa. "Acho que o público curte bastante as brincadeiras. Tenho grandes amigos que dançam muito no palco, como o Léo Santana e o Xanddy, do Harmonia. Esses caras, sim, são bons nisso".

Ídolo no império sertanejo

Outro espanto é notar que, em pleno império do sertanejo, Wesley Safadão se tornou ídolo e come pelas beiradas nas festas de peão de boiadeiro, que o adoram. "Acho que o forró é um ritmo que se relaciona muito bem com todos os outros", explica. "Fui fazendo pequenos shows que agradaram, daí o resto veio como consequência. Hoje somos muito bem recebidos. Tenho muitos amigos sertanejos, sou muito grato a eles e ao grande público que me acolheu".

Quanto aos cachês milionários, ele desconversa. "Na verdade, eu não sou muito ligado nessa questão. Busco trabalhar firme e sou apaixonado pelo que faço. Sei que muita gente acha clichê dizer que dinheiro é consequência, mas para mim é uma grande verdade. Não tem coisa melhor do que fazer o que se gosta, em qualquer profissão".

Wesley diz que seu maior ídolo é Roberto Carlos, revela que sempre faz orações antes dos shows ("Peço a Deus para me colocar sempre nos caminhos do bem") e batalha para ser mais do que um "instant darling" da música popular. "Acho que o lema é: devagar e sempre. Nosso trabalho está sendo muito bem aceito pelos quatro cantos do país. Só tenho a agradecer a Deus, primeiramente, e a todo o público que curte o nosso trabalho".