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Ícone do rock gaúcho, músico Júpiter Maçã morre aos 47 anos em Porto Alegre

Do UOL, em São Paulo

21/12/2015 20h15

O músico gaúcho Flávio Basso, conhecido como Júpiter Maçã, ex-integrante das bandas TNT e Os Cascavelletes, morreu em Porto Alegre nesta segunda-feira (21), aos 47 anos. A informação foi confirmada ao UOL pelo baixista Lucas Hanke, do estúdio e produtora Marquise 51, que acompanhava Júpiter em shows e gravações.

Segundo Lucas, que conversou com os pais do músico, Júpiter bateu a cabeça após cair no banheiro da casa onde morava. Ele chegou a ser hospitalizado, mas não resistiu. Segundo divulgou o Departamento Médico Legal, a causa de morte foi falência múltipla dos órgãos. Ainda não há informação sobre o funeral.

O músico, que passava por um tratamento contra a cirrose e complicações devido ao uso de drogas, vinha ensaiando, mas não aparecia em estúdio há cerca de quatro semanas.

Júpiter, que tocou na última edição da Virada Cultural de São Paulo, em maio, e no Rock in Rio, em 2011, tinha uma apresentação em Porto Alegre agendada para este domingo.

Conhecido pela personalidade "nonsense" e por sofrer de alcoolismo, ele vinha aos poucos voltando à cena após cair do segundo andar do prédio onde morava em 2012, quando quebrou o punho e costela.

Seu último registro foi o DVD ao vivo "Six Colours Frenesi", gravado em 2011 no Opinião, na capital gaúcha, e lançado em 2014. Atualmente, ele preparava dois álbuns de músicas inéditas —um deles, duplo, voltado ao folk rock.

Na época do lançamento do DVD, o músico chegou a afirmar em uma de suas últimas entrevistas que as drogas o haviam ajudado criativamente durante carreira e que seu mais danoso vício sempre foi o álcool, que o deixava "um tanto irresponsável".

Carreira

Vocalista, guitarrista, baixista e compositor, Basso começou a carreira na banda TNT, gravando a faixa "Estou na Mão", incluída na histórica coletânea de bandas gaúchas "Rock Grande do Sul", lançada em 1985.

Dois anos depois, formou ao lado do guitarrista Nei Van Soria, também do TNT, a banda Os Cascavelletes, ao lado de Frank Jorge (baixo) e Alexandre Barea (bateria).

Influenciada por rockabilly e pelo rock britânico dos anos 1960, o grupo foi um dos representantes da "invasão gaúcha" que revelou ao país grupos como Engenheiros do Hawaii, DeFalla e Os Replicantes.

Em 1997, já sob o pseudônimo Júpiter Maçã, lançou seu primeiro trabalho solo, "A Sétima Efervescência", com fortes influências de rock psicodélico, em especial Syd Barrett e o disco de estreia do Pink Floyd, "The Piper at the Gates of Dawn".

Com faixas como "Um Lugar do Caralho" (regravada pelo ex-Replicantes Wander Wildner), "Eu e Minha Ex", "As Tortas e as Cucas" e "Essência Interior", o álbum trazia referências explícitas ao uso de drogas como o LSD. Tornou-se referência no underground gaúcho.

Júpiter comandou no fim dos anos 2000 um talk show pouco convencional na MTV, o Jupiter Show, em que conduziu conversas estranhas com nomes como o cantor Rogério Skylab e os ex-VJs da MTV Thunderbird e Kika.