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Música mais tocada em 2015, "Suíte 14" mudou perfil de Henrique & Diego

Camila Elias

Colaboração para o UOL, no Rio

24/12/2015 07h00

Um ano divisor de águas. Assim define 2015 a dupla sertaneja Henrique e Diego. Com a música "Suíte 14" entre as mais tocadas no Brasil --no UOL Música Deezer, a canção foi a mais ouvida no ano-- , o sucesso surpreendeu também os cuiabanos, que há 13 anos esperavam uma repercussão de seu trabalho.

"'Suíte 14' fez uma mudança drástica no nosso perfil", disse Henrique ao UOL, durante gravação do "Caldeirão de Ouro", especial comandado por Luciano Huck, que será exibido em janeiro e relembrará as dez músicas mais tocadas no programa em 2015. "Tínhamos um trabalho regional, e essa música nos colocou em cenário nacional. Foi também a mais baixada, acessada e vendida na internet. Sonhávamos com sucesso, mas não imaginávamos esses números, cinco, dez vezes mais que nossos ídolos. Nunca passamos nem perto disso. Aí você começa a crer que o que você ama fazer é o que o brasileiro gosta".

Diego comemorou também o bom momento da música sertaneja. "Isso prova que não só do Henrique e Diego, mas todas as outras duplas sertanejas vêm fazendo música com muita qualidade e ganhando público a cada dia que passa. É a invasão do sertanejo do Brasil", disse o cantor. "Poder participar de vários programas de TV, ver o público cantar nossa música, agradar os quatro cantos do país nos move a trabalhar mais e mais".

A dupla atribui o sucesso a uma pegada mais jovem e atual nas canções, diferente das tradicionais que exaltam a vida rural. "Nosso papo hoje é muito urbano. A música fala de suíte, de champanhe. Outra entre as dez mais tocadas é 'Senha do Celular', uma brincadeira entre casal, de que um não passa a senha do aparelho para o outro. Se não deixa pegar é porque está traindo. Acho que falar de assuntos atuais como a música sertaneja faz hoje proporciona esse prestígio", afirmou Henrique. "Parou aquele papo antigo de roça, porteira. Hoje a letra fala diretamente com as pessoas, com os jovens da cidade", complementou Diego.

Em janeiro, no entanto, eles anunciam novidade. A dupla quer investir em repertório mais romântico. "Esperamos atingir públicos diferentes. Os mais jovens gostam da musica animada. A romântica te coloca em outro tipo de festa. É legal ter essa diversidade. Esperamos agregar no ano que vem mais pessoas de outros estilos e de outras idades", explicou Henrique.

Cuidados com o corpo

Dupla de visual sempre arrumado, Henrique contou que faz questão de estar sempre em dia com a moda e bem para o público. "A gente se espelha muito no que acontece no pop. Aquela coisa da fivela, da bota, não é como antes. Das dez músicas mais tocadas no mundo, reparo nas que são de homens, no que eles estão usando, qual a tendência, que tipo de sapato, de cabelo. Trabalhamos com profissionais que fazem, por exemplo, vitrine de loja na Oscar Freire, em São Paulo, ou que têm experiências com artistas. Se entro numa loja, pergunto se a roupa afina, se me deixa mais alto ou baixo. Já faz três anos que vou comendo pelas beiradas as ideias da galera. As redes sociais também ensinam muito".

Henrique também cuida do corpo: malha, faz crossfit, boxe, jiu-jitsu, joga bola. E tenta praticar pelo menos duas dessas atividades por semana. Mais do que a forma física, sua principal vaidade, ele garante, é o sono. "Eu me preocupo em dormir porque me ajuda na voz, na aparência. Tenho muita olheira. Tenho muita vergonha de ter olheira de cansaço. Acho que, quando você vai ao médico e ele está com aquela cara de acabado, você pensa que ele vai atender mal. Fico pensando que quem me ver com cara de cansado vai me achar mal humorado. Então procuro estar sempre com boa disposição para atender as pessoas".

Casado há um ano e dois meses, Henrique disse que lida bem com assédio. "É muito bom ter fãs em cima. Não tem feedback melhor do que ver que querem te ver, te pegar, tirar foto. Se você não tem isso, seu trabalho não está legal, como queria. Onde queríamos chegar, tem que ter esse assédio".

Conquistas

Tanto sucesso é comum associar a dinheiro. Henrique destacou, no entanto, algo que considera muito mais importante e impagável: a amizade. "Passei por várias dificuldades na vida, perdi meus pais e minha irmã muito cedo, acabei ficando sozinho. Minha conquista pessoal foi ter adquirido vários amigos, pessoas que fazem parte da minha vida. Não me sentir só como me sentia há dois anos, quando perdi minha mãe, é a maior conquista que tenho hoje. Tenho uma frase que aprendi e diz que tudo que tem preço não é uma grande conquista, e sim aquilo que você não pode comprar, mas consegue trazer para perto pelo resto da vida".

Em relação à profissão, ele disse que só tem a agradecer. "Sonho falar um dia: temos dez anos de pós-'Suíte 14', mas tenho muito mais a agradecer do que pedir. É muito bacana lembrar que muitas vezes eu bati na porta das rádios e não deixavam a gente entrar. Hoje elas pedem para a gente participar. Então já fico muito feliz de fazer parte da grade, de estar no elenco dos artistas".