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Homenagem aos Mamonas Assassinas em cemitério reúne familiares da banda

Felipe Branco Cruz

Do UOL, em Guarulhos

02/03/2016 17h58

Os pais e os irmãos de todos os integrantes da banda Mamonas Assassinas se reuniram nesta quarta-feira (2) no cemitério Primaveras, em Guarulhos, para homenagear os músicos, que morreram há exatos 20 anos em um acidente aéreo. Após a exibição de um vídeo sobre os artistas, cerca de 50 pessoas, entre familiares e fãs, seguiram em cortejo até a sepultura da banda.

Hildebrando Alves, pai do vocalista Dinho, contou que não gosta de ir ao cemitério e, assim como o filho, não perdeu a chance de fazer graça. “Vou morar aqui mesmo quando morrer”, disse. “Quem não morre de novo, de velho não passa”, completou. O pai do cantor, que mora próximo ao cemitério, só vai ao local em ocasiões especiais. Desta vez, ele chegou por lá dirigindo a Brasília Amarela do clipe “Pelados em Santos”, acompanhado da esposa, Célia, mãe de Dinho.

Ao contrário dele, Juliano Sales Barbosa e a Ana Paula Barbosa, pai e irmã do tecladista Julio Rasec, visitam a sepultura do filho todos os sábados há 20 anos. “Nunca faltamos. Limpamos o local e deixamos flores. Sempre tem algum fã visitando e queremos deixar tudo arrumado e bonito”, disse Ana Paula. “Quando minha mãe e meu pai não conseguem vir, eles até passam mal”. O pai disse que o carinho dos fãs foi o que lhe ajudou a continuar vivendo. “Viemos sempre orar por ele”.

Durante a homenagem, havia no local fãs da banda que nem tinham nascido quando os integrantes morreram. Para Chikara Hinoto, irmão do guitarrista Bento Hinoto, é impressionante a banda ainda ser capaz de criar novos fãs. “Esses jovens fazem a música dos Mamonas continuar a se perpetuar por muito tempo e ganhar ainda mais seguidores”, disse.

Francisco José de Oliveira, pai dos irmãos Samuel Reoli (baixista) e Sergio Reoli (baterista) também se impressiona com o carinho dos fãs. “É um fenômeno que ainda tento entender. Já vi crianças de 10 e 12 anos fãs de uma banda que eles nunca viram ao vivo porque não eram nem nascidos”.

Fãs de todas as idades

Após a exibição do filme, os fãs e os familiares seguiram até o local da sepultura debaixo de uma forte chuva. Entre eles estava a banda cover Mamonas Junior, formada pelo sobrinho de Bento, o adolescente Alberto Hinoto, 17, (que recebeu o mesmo nome do tio) e os amigos Daniel Felix, 27, Bruno do Vale, 17, Ricardo Dorcari, e Rodrigo Sousa, 17. “Somos todos fãs dos Mamonas. Desde pequeno eu sempre quis ter uma banda e o trabalho do meu tio me influenciou muito”, disse Alberto.

Os criadores do primeiro fã clube dos Mamonas também estavam lá. Cléber Santos, 33, e Rafael Lemos Cardoso, 32, levaram uma faixa em homenagem ao grupo. “No dia de finados sempre visitamos o túmulo da banda”, disse Rafael. “Eu era adolescente na época, mas consegui assistir a três shows deles. Fomos com uma camisa customizada e eles nos viram na plateia. No final do show encontramos com a banda e criamos o fã clube”, lembrou Cléber. 

A dona Darci Ribeiro Moreira, 71, que tinha 51 anos quando os Mamonas morreram, disse que também era muito fã da banda. "Eu não sabia que iria ocorrer essa homenagem para eles hoje", contou. "Eu vim ao cemitério para acender um maço de velas para eles porque ouvi na rádio que hoje completava 20 anos da morte". 

Trabalhando no cemitério desde 1986, o gestor Ademir Santos, 46, recordou do dia do enterro. "Milhares de pessoas lotaram o lugar. Foi preciso fechar as portas do cemitério porque não cabia mais ninguém", lembrou. "Muita gente passou mal por causa da confusão. Mas minha maior recordação foi perceber o carinho dos fãs".