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Show de Naná com Barbatuques vai virar homenagem, diz fundador do grupo

Naná Vasconcelos participa da gravação do álbum "Ayú" do grupo Barbatuques - Divulgação
Naná Vasconcelos participa da gravação do álbum "Ayú" do grupo Barbatuques Imagem: Divulgação

Mariane Zendron

Do UOL, em São Paulo

09/03/2016 13h17

André Hosoi, um dos fundadores do Barbatuques, falou ao UOL sobre a expectativa do grupo e do próprio da Naná Vasconcelos em relação à primeira apresentação que fariam juntos neste final de semana, 12 e 13 de março, no Sesc Vila Mariana, em São Paulo. 

"Ele estava empolgado com o show. Nos falávamos sempre sobre como seria o repertório, que instrumentos ele levaria", contou Hosoi. "O Show em parceria vai ser uma show de homenagem a ele". Um dos maiores percussionistas brasileiros, Juvenal "Naná" Vasconcelos morreu na manhã desta quarta (9 por complicações causadas por um câncer no pulmão.

Referência para os Barbatuques desde sua criação, Naná foi convidado especial do último álbum do grupo "Ayú", lançado em agosto do ano passado. Ele participou da gravação de "Kererê", autoria do próprio Hosoi, e levou uma composição sua "Tá na Roda", um rap que brinca com a sonoridade das palavras. André ainda adiantou que durante o show será exibido trechos de uma entrevista que o grupo fez com Naná sobre a parceria.

"Tínhamos uma relação de longa data com Naná. Nos encontrávamos sempre em programas de TV, bastidores de show. Ele sempre foi referência", contou Hosoi. Além do álbum, Hosoi e Naná haviam trabalhado juntos na composição da trilha de "O Menino e o Mundo", animação brasileira que concorreu ao Oscar deste ano. "Esse trabalho nos aproximou ainda mais e dele veio a ideia da parceria do novo álbum", disse Hosoi. Restam poucos ingressos para a apresentação, que podem ser adquiridos no site do Sesc. 

Trajetória 

Nascido no Recife em 2 de agosto de 1944, Naná começou a fazer música ainda criança, tocando bateria em cabarés e se envolvendo com o movimento do maracatu em Pernambuco. Além da habilidade com os tambores, também era referência pela habilidade em tocar berimbau.

Nos anos 1960, chegou a acompanhar Gilberto Gil e Gal Costa em shows. Mas a carreira tomou novos rumos quando ele viajou para o Rio, conhecendo nomes Maurício Mendonça, Nélson Angelo, Joyce e Milton Nascimento, com quem gravou dois LPs.

Em São Paulo, Naná fez parte do Quarteto Livre, que acompanhou Geraldo Vandré na histórica "Pra não Dizer que Não Falei de Flores" na fase paulista do III Festival Internacional da Canção.

Posteriormente, depois de formar Trio do Bagaço, com Nélson Angelo e Maurício Maestro, Naná empreendeu em uma bem-sucedida carreira internacional.

Utilizando instrumentos de percussão como o berimbau e a queixada de burro, chegou a tocar com ícones do jazz, incluindo Miles Davis, Art Blakey, Tony Williams, Don Cherry e Oliver Nelson. O pernambucano ainda fez shows históricos em Nova York e no prestigiado festival de jazz de Montreaux, na Suiça, encantando público e crítica.

Eclético, Naná também fez parcerias com nomes como Paul SimonB.B. King, Jean-Luc Ponty e com a banda Talking Heads.

No cinema, além de "O Menino e o Mundo", esteve em trilhas sonoras de filmes internacionais, como "Procura-se Susan Desesperadamente", estrelado por Madonna, e "Down By Law", do cineasta Jim Jarmusch.

No Recife, o músico marcou época abrindo por vários anos o Carnaval do Recife, regendo uma espécie de procissão com centenas de batuqueiros de diferentes nações de maracatu.