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Baterista de "Birdman" atrai 12 mil pessoas em show em São Paulo

Janaína Nunes

Colaboração para o UOL, em São Paulo

03/04/2016 22h52Atualizada em 03/04/2016 23h53

O baterista mexicano Antonio Sanchez, vencedor do Grammy pela trilha sonora do filme “Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância)”, encerrou com chave de ouro a 31ª edição do festival Brasiljazzfest neste domingo em São Paulo. Cerca de 12,3 mil pessoas, segundo a organização do evento, assistiram ao show do músico na parte externa do Auditório do Ibirapuera.

Sanchez tocou a trilha do premiado longa de Alejandro Iñarritu enquanto o filme era exibido. O músico entrou mudo e saiu calado do palco, mas encantou o público durante sua performance, que durou pouco mais de duas horas. A bateria do mexicano podia ser ouvida nos momentos mais tensos do filme estrelado 3por Michael Keaton.

Em várias cenas, Sanchez ficava em silêncio e, às vezes, parecia invisível no palco, mas, de repente, ressurgia com sua batida potente. Não era incomum ver pessoas levantando a cabeça para checar se o baterista continuava no local.

O auge do show foi no encerramento do longa. O músico tocou por oito minutos sem interrupções. Parou por um minuto, foi aclamado pela plateia e logo voltou a tocar por mais alguns instantes (seis minutos). Ele se despediu do público apenas com um gesto de agradecimento.

Segundo o musicólogo e jornalista Zuza Homem de Mello, curador do festival, Sanchez já havia feito esse tipo de apresentação, mas nunca ao ar livre. “Foi um show único e completamente inusitado porque o público pode ver o filme ao ar livre em contato com a natureza com o ‘plus’ de a trilha sonora ser executada ao vivo logo abaixo da tela. O baterista só havia feito isso em cinemas ou locais fechados, daí o ineditismo no Brasil. É um formato que não poderia se repetir se fosse uma orquestra executando a trilha”, comenta.

O evento deste domingo fez Homem de Mello voltar aos distantes anos 1960. “A primeira reação que tive ao ver a apresentação foi relembrar a época do cinema ao ar livre, era o chamado ‘Drive in’. A gente entrava com o automóvel, geralmente com uma namorada, pagava o ingresso e assistia ao filme. Uma moça passava servindo lanche e bebida. Era um divertimento porque estávamos ao ar livre. Muito diferente da sala de cinema que um formato mais clássico”, completa.

Calor e simpatia

Mesmo o calor da noite de domingo, fazia cerca de 30 graus, não atrapalhou a empolgação da plateia com o evento. Muita gente arriscou alguns passinhos pouco antes do fim da apresentação. “Foi incrível. A gente nem percebia que ele estava no palco. Ele marcava as cenas do filme o tempo todo e deu um verdadeiro show. Valeu enfrentar esse calor”, disse a professora Mônica Aparecida Santos, que foi prestigiar o show ao lado do namorado.

Antonio Sanchez não conversou com o público presente na área externa do Auditório Ibirapuera, porém sua passagem pelo Brasil foi marcada por muita simpatia. Foi a primeira vez que o músico se apresentou por aqui e quem conviveu com ele afirma que o baterista cativa pela simplicidade.

O músico chegou quarta-feira. Na quinta-feira, participou de um workshop na Emesp Tom Jobim e conversou em espanhol com os alunos, o que tornou o encontro mais informal, segundo pessoas presentes.  Na sexta-feira, ele se apresentou no Auditório Ibirapuera com sua banda, a Migration, e repetiu a dose sábado no Rio de Janeiro. Encerrou sua passagem por aqui com o projeto Birdman Live.