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Tomorrowland tem banho de 4 minutos por R$ 15 e estrangeiros acampados

Marcus Couto Brasil

Colaboração para o UOL, em Itu

22/04/2016 20h59

Na Dreamville, área de acampamento do Tomorrowland, que acontece até sábado (23), em Itu, onde o público pode dormir durante os dias do evento, encontra-se um resumo do espírito do festival de música eletrônica, dos pontos positivos e dos pontos negativos. Ali, cerca de 20 mil pessoas de 65 nacionalidades se reúnem desde a última quarta-feira (20), quando a área do camping foi aberta.

A estrutura e cenografia impressionam desde a entrada, guardada por um arco-íris gigante inflável. Dentro, há uma área comum equipada com padaria, loja de conveniência, banheiros com chuveiro, bares e lojas de comida, pontos de recarga de celular, entre outras facilidades.

O tipo de acomodação depende da categoria de ingressos. Na mais simples (R$ 250), o participante leva sua própria barraca. Na "Spectacular Dream Lodge" (cabana espetacular do sonho na tradução do inglês), ele paga R$ 5,2 mil reais e tem direito a uma pequena tenda com deck de madeira na frente.

Bandeiras de vários países podem ser vistas penduradas sobre as tendas. O iraniano Mohammad Reza veio com mais quatro amigos de Teerã para curtir a festa. Eles tomavam sol num colchão inflável e comiam pistaches antes de voltar à pista de dança. "É o maior festival do mundo", diz Mohammad, que trabalha na indústria de cosméticos. Eles ainda planejam conhecer o Rio de Janeiro antes de voltar ao Irã.

O quinteto estava acampado bem ao lado da analista financeira paulista Giselle Mazin, 28, que na noite anterior se divertiu conversando com eles na madrugada. Ela está numa tenda própria com uma amiga e reclamou da falta de proteção contra o sol, que a fez acordar nas primeiras horas da manhã. "É a primeira vez que acampo", diz Giselle.

Ela também reclamou do custo e da duração do banho: por R$ 15, ela tem direito a 4 minutos de água corrente. "Com cabelo comprido, quase não dá tempo", diz. Os frequentadores apontam esses altos valores como um dos pontos negativos do festival. Outro exemplo: há uma área de recarga de celulares, também paga.

Da mesma forma, o lado positivo da Tomorrowland pode ser visto claramente na Dreamville, inclusive na fila do polêmico banho. Por lá, o paquistanês Ali Uzair, 25, tentava explicar a um brasileiro a diferença entre sua terra natal e o Iraque. "Quero contar às pessoas do Brasil que no meu país não há só guerras. Somos um povo pacífico que gosta de música", diz o nativo de Islamabad.

Na área das cabanas VIP, os americanos Joseph Reed, 35, e Chris Howard, 39, elogiavam a estrutura do festival. "Isto é mágico, o palco mais incrível que já vi na vida. E as mulheres são lindas", diz o californiano de Long Beach.

A dupla estava acomodada bem perto de Paulo Gabriel Brandão, 30, que descansava com os parentes de Manaus (AM) nas cadeiras em frente a uma das cabanas. Ele acredita que o festival tenha melhorado em relação ao ano passado, com mais abastecimento de bebidas e alimentação. "O acampamento é bom porque você acorda e já está na festa", diz Suzana Martinez, irmã de Paulo.

Enquanto os irmãos vivem a experiência do festival pela segunda vez, há também os estreantes na Tomorrowland. É o caso do equatoriano Jimmy Rio Frio, 26. Ele veio numa excursão com mais de 250 empregados da empresa de alimentos funcionais Omnilife, que bancou toda a viagem. "O festival é absolutamente incrível."

A Tomorrowland segue até sábado (23), com sets do holandês Armin Van Buuren, do grego Steve Angello e do brasileiro Gui Boratto, entre outros. Na quinta-feira (21), mais de 60 mil pessoas compareceram, segundo a organização.