"Estamos esquecendo a democracia", diz Otto em ocupação no Rio
Atrações da programação cultural da ocupação do Palácio Capanema, no centro do Rio, os cantores Otto e Arnaldo Antunes criticaram, na tarde desta quarta (18), a extinção do Ministério da Cultura, agora uma secretaria subordinada ao Ministério da Educação, e o processo de impeachment contra a presidente afastada Dilma Rousseff.
Cerca de 500 pessoas compareceram ao vão de entrada da sede carioca da Funarte (Fundação Nacional de Artes), órgão vinculado ao MinC, para protestar e assistir a apresentações musicais e teatrais. O palco foi improvisado no local sobre um pequeno tablado.
"A única coisa que sei, realmente, é da idoneidade da nossa presidente. Dilma foi humilhada. Ela é uma das pessoas mais honestas que já se viu", disse Otto antes de sua apresentação, que começou por volta das 17h. O encerramento aconteceu às 19h, com show do grupo sound system Digitaldubs.
"Supremo e o Cunha tiraram a presidente de forma no mínimo bizarra. Sem aparecer prova de roubo nem um ato ilícito. Essa briga pessoal da população está um inferno. A gente luta pela democracia. Vamos fazer eleições, um governo legítimo, de voto popular. A democracia é tão importante, e a gente está esquecendo dela", concluiu o cantor.
Nas paredes do prédio da Funarte, foram afixados cartazes criticando o governo do presidente interino Michel Temer e a deposição de Dilma Rousseff, ação classificada como "golpe" de Estado.
Durante as apresentações, gritos de "golpista" direcionados a Michel Temer foram repetidos em coro pela plateia, que teve o deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL-RJ). Depois do show do cantor Otto, foi feito no local o anúncio do novo secretário de cultura, Marcelo Calero, atual secretário de cultura do Rio, e as vaias se intensificaram.
Mais cedo, o ex-titã Arnaldo Antunes já havia se apresentado, cantando à capela as músicas "Põe Fé Que Já É" e "Comida". "Não poderia deixar de vir para protestar contra o que estão fazendo com a cultura e a democracia", disse o músico para o público, majoritariamente jovem e composto principalmente por artistas, produtores culturais e simpatizantes do governo petista.
Segundo o organizador do evento, o produtor Júlio Barroso, a ocupação deve continuar na Funarte enquanto Michel Temer estiver na presidência. "Não imaginava ver o secretário Calero compactuando com um projeto tão retrógrado e alinhado com sete indiciados pela operação Lava Jato", afirmou, em referência à equipe ministerial escolhida pelo presidente interino.
Nesta quinta (19), a acoupação realiza uma assembleia para decidir os próximos passos do movimento. À partir das 16h, os shows continuam com Frejat, Leoni, Lenine e Pedro Luiz.
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