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"O MinC não é de nenhum partido. É do Estado brasileiro", diz Caetano

Anderson Baltar

Do UOL, no Rio

20/05/2016 21h09

Poucos artistas têm em sua trajetória artística a veia política de forma tão ressaltada. Forjado nos anos 60, em plena luta contra a ditadura militar, Caetano Veloso escreveu uma nova página em sua carreira de artista e militante político.

Sua presença na ocupação do icônico Palácio Capanema, sede da Funarte do Rio de Janeiro, deu ao movimento um ar de festival de música. Centenas de militantes e também fãs superlotaram a região dos pilotis do órgão público.

Porém, ao contrário do que fez em vários momentos de sua carreira, Caetano não fez dos discursos inflamados e polêmicos como a marca de sua apresentação.

Acompanhado de um violão, o cantor e compositor fez da música e de seus clássicos uma arma para manifestar em repúdio contra a decisão do presidente interino, Michel Temer, de extinguir o Ministério da Cultura (MinC). Em uma de suas poucas falas, Caetano pontuou: "O MinC não é de nenhum governo ou partido. É do Estado brasileiro".

Escalado para se apresentar junto de Caetano, Erasmo Carlos fez uma apresentação breve, com apenas duas canções. Logo em seguida, chamou o cantor baiano ao palco, que dividiram os vocais de "De noite na cama". Daí em diante, Caetano desfilou um clássico atrás de outro: "Odara", "Alegria, alegria", "Força Estranha" e "Terra". Enquanto apresentou "Índio", Caetano emocionou a plateia ao vestir um cocar.

O show, que deveria ter apenas meia hora se estendeu e ganhou ares de comício. Quando Caetano cantou o refrão de "Odeio" ("Eu odeio você"), a plateia respondeu em uníssono: "Temer". Durante "Luz de Tieta", o público criou um novo refrão, repudiando o perfil agora mais conservador do Congresso Nacional.

Políticos como Marcelo Freixo, Jean Wyllis, Jandira Feghali, Wadih Damous e Lindbergh Farias também compareceram ao evento, assim como os atores Renata Sorrah e Tim Rescala e os cantores Seu Jorge e Marcelo Jeneci, que deram canjas no palco.

Caetano Veloso canta "Força Estranha" em ocupação no Rio

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