Por Fifth Harmony, fãs viram "moradoras de rua" e enfrentam assalto e chuva
Elas já enfrentaram assalto, temporal, gente irritada na calçada e muitas críticas. Mas nada desanima o grupo de fãs do quinteto americano Fifth Harmony que acampa há um mês em frente ao Espaço das Américas, em São Paulo.
A banda - formada em 2012 no reality show musical The X Factor - só se apresenta em São Paulo no dia 5 de julho. Até lá, terão sido 69 dias de frio e perrengue para o grupo que se reveza diariamente na rua e fica bem em frente à casa de shows.
Ally Brooke, 22, Normani Kordei, 19, Dinah Jane, 18, Camila Cabello, 19, e Lauren Jauregui, 19, são o motivo de tanta euforia. Esta é a segunda passagem do quinteto pelo Brasil, dessa vez com mais hits na bagagem e um CD recém-saído do forno. "7/27", o segundo da carreira delas, será lançado na próxima sexta-feira (27).
"No dia que o show foi anunciado (26 de abril) corremos com as barracas para a frente dos possíveis locais de apresentação. Tinha gente no Citibank Hall, no Allianz Parque e aqui", conta Maisa Helena, 18, umas das líderes do acampamento.
Por lá, tudo é bastante organizado. Divididos entre “B1” e “B2” (sigla para barraca 1 e barraca 2), os grupos têm líderes e cadernos de controle de presença.
Passam a noite nas barracas no máximo dez pessoas, sempre maiores de idade. O movimento cresce no final de semana, quando mais tendas são levadas por fãs que não conseguem participar durante a semana.
E os pais? Esta é a pergunta que as acampadas mais ouvem. “Eles foram adolescentes e sabem como é”, justifica uma das cerca de quinze fãs que estavam no local na tarde fria de segunda-feira (23). Filhas de uma geração que foi fanática por Menudos, elas dizem que mães e pais compreendem, apoiam ou “aceitam”.
Como a maioria das que estão por lá trabalham, elas também conseguem se manter no local com as próprias economias. Quem mora fora de São Paulo e ainda não conseguiu vir colabora com dinheiro ou alimentos. Os menores de idade costumam aparecer mais aos finais de semana e uma das mães até já passou uma noite na barraca.
No total, o grupo de fanáticos conta com 90 integrantes. Vinte anos separam a mais da mais nova. Entre “B1” e “B2”, Camila, 33, é a “harmonizer” mais velha e Brenda, 13, a mascote.
Apenas uma fã de fora de São Paulo está no local. Demitida do trabalho em um restaurante japonês, a moradora de Araraquara Marina Romeiro, 19, resolveu vir para a capital e está hospedada na casa de uma das meninas que conheceu em 2014 no primeiro show das Fifth Harmony no Brasil.
"Aqui todo mundo estuda e trabalha"
"Nós batemos ponto quatro vezes ao dia. Duas no trabalho e duas aqui", brinca a analista de sistemas Paloma Monteiro, 19. Data e horário de chegada e saída do acampamento são anotados no caderno que servirá de prova para organizar a fila no dia 5 de julho. Quem contabilizar mais horas, garante um lugar melhor.
Se há uma unanimidade além da paixão pelo quinteto feminino é a de que lá no acampamento ninguém é “vagabundo” ou “não tem nada pra fazer.”
Maisa Helena, a líder do grupo “B1”, é atriz e cantora. Em março, ela chegou a abrir um show para Maria Gadú. Já Thamirys Marins, 21, trabalha com eventos na Fábrica de Cultura Sapopemba. A líder do grupo “B2” também aproveita sua experiência na área para gerenciar a carreira das covers brasileiras da banda.
Marcavam ainda presença no acampamento a assessora de moda Mariana Romeiro, 19, a estudante de Educação Física e vendedora Karina Martins, 21, e o estagiário do banco do Brasil Lucas Roberto, 18, um dos cinco meninos do grupo.
Se havia uma pequena rivalidade entre os grupos no começo da aventura, agora todos se apoiam. Em semana de provas da faculdade, estudam juntos. Trabalhos e lições de casa também são compartilhados. O 3G dos celulares é “guardado” para a comunicação com os outros integrantes no WhatsApp e por lá a conversa rola solta.
Perrengues...
“Minha barraca ainda não tem máquina de lavar roupa”, grita Marina Romeiro enquanto o grupo retira os pertences molhados pela forte chuva que caiu no local no dia anterior. As cobertas e edredons serão levados para serem lavados em casa.
Para evitar um novo alagamento, a estratégia é jogar uma lona grossa por cima das barracas, além do apoio de uma tenda do tipo 2x2. Um supermercado 24 horas perto do local garante os mantimentos, banheiro, e caixas de papelão para organizar a morada improvisada.
As acampadas dizem que a organização da casa de shows e da universidade que fica na mesma calçada onde estão há quase um mês ainda não reclamaram. Já os estudantes costumam xingar as "harmonizers" ao trombarem com as barracas à caminho da aula na Uninove, vizinha da casa de shows.
O fato mais marcante aconteceu cerca de duas semanas depois que elas montaram as barracas no local. Um guardador de carros aproveitou o pouco movimento da madrugada para levar os celulares e dinheiro. O episódio assustou as meninas, mas hoje elas já se sentem mais seguras e até riem do acontecido.
Depois do assalto, a PM já baixou lá algumas vezes e alertou que se tiver menor no local depois das 22h é delegacia na certa. Por isso o cuidado das líderes para evitar fotos e exposição das meninas, que pegam o metrô e seguem para suas casas no fim da tarde.
E regalias
O período longe de casa, porém, não é só de perrengue. Os cambistas que atuam na porta do Espaço das Américas viraram amigos. Quando sobram ingressos, eles os distribuem para as meninas. Em 27 dias, elas já contabilizam ao menos quatro shows no currículo: Luan Santana, Nando Reis, Zezé Di Camargo e Luciano e Jota Quest.
Como fazem plantão na porta da casa de shows, há também um farto cardápio de famosos que já viram por lá. Wesley Safadão, Celso Portiolli, Rafinha Bastos, Mariana Rios e Manu Gavassi estão na lista.
“Muita gente fala que estamos aqui para aparecer. Mas ficando a única coisa que ganhamos são críticas, falam mal da gente todos os dias”, lamenta Maisa, a única que pagou R$ 1.055 para um ingresso especial que dá direito a tirar uma foto com as Fifth Harmony.
“Estamos aqui para tentar ficar o mais perto possível delas. Ninguém percebe o quanto é difícil, o quanto nos dedicamos nos últimos dois anos para que isso acontecesse”, completa Paloma. Algumas das acampadas se conheceram em 2014, quando o quinteto veio pela primeira vez ao Brasil.
“Para a gente dois meses não é nada”, diz Marina sobre os 69 dias que pretendem ficar acampadas. Afinal, o grupo tem um objetivo ainda maior do que ficar perto da grade: conseguir uma data extra no país na apertada agenda do Fifth Harmony.
Com ingressos esgotados, o show em São Paulo (5/7) fecha a turnê brasileira, que passa antes por Porto Alegre (28/6), Curitiba (29/6), Rio de Janeiro (1º/7) e Brasília (3/7). Restam mais de 40 dias de dedicação para, quem sabe, as fãs conseguirem um resultado maior do que a distância entre a grade o palco.
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