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Prince morreu por overdose de analgésicos, conclui autópsia

Do UOL, em São Paulo

02/06/2016 13h51Atualizada em 03/06/2016 06h32

O cantor Prince morreu por overdose do analgésico Fentanil. O remédio usado pelo cantor se enquadra no grupo dos opioides --substâncias derivadas do ópio, da mesma classe da morfina e da heroína, que podem levar à dependência. Esse é o resultado oficial da autópsia, divulgado nesta quinta-feira (2) pela agência de notícias AP e pela Variety.

Fentanil é um opioide potente, usado para tratar dor aguda, especialmente depois de cirurgias ou outros procedimentos médicos, e acredita-se que seja mais forte do que a morfina. Prince recebeu a prescrição do medicamento depois de passar por uma cirurgia no quadril, que chegou a ser adiada algumas vezes por causa de sua religião.

O relatório médico revela ainda que o cantor tinha uma cicatriz do lado esquerdo do quadril (provável consequência da cirurgia) e outra na canela direita. O porte do cantor é descrito pelos médicos como "pequeno" e ele pesava 50 kg no momento de sua morte. Prince tinha menos de 1,60 m de altura.

Apesar de apontar que a automedicação matou Prince, o documento deixa claro que a morte foi acidental, e não suícidio, como chegou a ser cogitado.

Pouco menos de uma semana depois da morte do músico, a imprensa americana já havia revelado que pílulas para o tratamento de dor haviam sido encontradas junto ao corpo do cantor em sua casa, em Mineápolis (EUA). Prince morreu no dia 21 de abril, aos 57 anos. 

A autópsia foi realizada no final do mês de abril, mas a causa levou mais de um mês para ser divulgada. A imprensa internacional já especulava que Prince pode ter sofrido uma overdose, citando o medicamento Percocet.

De acordo com o site TMZ, o avião que transportava Prince após seu último show em Atlanta, no dia 14 de abril, precisou fazer um pouso de emergência para socorrê-lo em um hospital após o artista ter ingerido uma dose alta do analgésico.

Testemunhas dizem ainda que o cantor aparentava estar mais frágil e nervoso do que o habitual. Ele teria ido à farmácia por quatro vezes na última semana de vida. O cantor também tinha uma consulta marcada para o dia de sua morte, para tratar do vício em remédios, mas o médico diz ter encontrado Prince já morto quando chegou à residência do superstar.

A trajetória de Prince, em sete videoclipes

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Trajetória

Filho de um músico de jazz, Prince Rogers Nelson nasceu em 1958, em Minneapolis, nos Estados Unidos, e logo na adolescência montou uma banda com vizinhos e um primo, o Grand Central. Já de início, carregava na parte instrumental extensa bagagem de influências, que iam de James Brown a Jimi Hendrix. Exímio instrumentista, foi eleito 33º melhor guitarrista de todos os tempos pela revista norte-americana "Rolling Stone".

Aos 19 anos, lançou o álbum de estreia, “For You”, em 1978, seguido de "Prince" (1979), "Dirty Mind" (1980) e "Controversy" (1981), movimentando a cena musical com seu som característico: baladas funkeadas com sintetizadores, letras provocativas e falsete.

Emplacou os hits “Why You Wanna Treat Me So Bad?” e “I Wanna Be Your Lover” nas paradas norte-americanas e se tornou um fenômeno pop dois anos depois, com o filme "Purple Rain" e a trilha sonora de mesmo nome. O longa contava uma história autobiográfica, sobre um roqueiro problemático de Minneapolis com problemas familiares. 

Com a força dos singles "When Doves Cry" e "Let Go Crazy", o álbum vendeu mais de 20 milhões de cópias em todo o mundo. "Purple Rain", a canção, ganhou o Oscar e se tornou uma das baladas memoráveis do rock.

Em 1986, lançou um novo filme, "Sob o Luar da Primavera", sem repetir o sucesso. O disco "Parade", que servia como trilha, se saiu melhor e imortalizou o sucesso "Kiss".

Mesmo com sucessos na parada, Prince sempre foi na contramão da indústria musical. Costumava formar bandas para acompanhá-lo nos projetos e chegou a trocar o próprio nome para um impronunciável glifo uma união dos símbolos do sexo masculino e feminino.

A mudança tinha como alvo a gravadora Warner, com quem o artista travou uma briga pública e constantemente chamava de "escravidão" o contrato assinado com a multinacional.

Em 2001, Prince se tornou Testemunha de Jeová e se mudou para Los Angeles para "entender melhor a indústria da música". 

Nos 15 anos seguintes, lançou 15 álbuns em que experimentou gêneros diversos e parcerias com artistas contemporâneos, como Lianne La Havas e Rita Ora.

No ano passado, decidiu retirar toda a discografia das plataformas de streaming e os icônicos clipes do YouTube e da Vevo. Manteve seus discos apenas no Tidal, 
serviço de streaming de Jay-Z, e no iTunes, da Apple.

Nos últimos meses, excursionava com o show "piano e microfone" para promover seu último álbum, o 39° da carreira, "HITnRUN Phase Two", lançado em dezembro de 2015. O single "Baltimore" menciona a morte do jovem negro Freddie Gray pela polícia norte-americana.