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"Wesley Safadão de saias" cativa o Nordeste e faz em média 25 shows por mês

Marcia Fellipe e Wesley Safadão cantaram juntos na "Garota Safada" durante três anos  - Divulgação/Ederson Lima
Marcia Fellipe e Wesley Safadão cantaram juntos na "Garota Safada" durante três anos Imagem: Divulgação/Ederson Lima

Ana Cora Lima

Do UOL, no Rio

15/06/2016 07h00

Márcia Raquel não sonhava em ser cantora quando criança. Ela não sabia qual a profissão seguir, mas quando tomava banho de balde no banheiro da casa onde morava, em Manaus, sempre soltava a voz. Gostava de cantar músicas de Marisa Monte e Gal Costa. De tanto ouvir que tinha "uma voz bonita" e depois de ganhar em um festival da cançãoinscrita por uma amiga, decidiu se aventurar como "crooner" em uma banda de baile.

O pai, seu Osman Ribeiro, fã do grupo Magníficos, parece que previa o futuro da filha mais velha. "Menina, vai cantar o que o povo gosta, vai cantar forró." O ritmo não a atraia, mas quis o destino colocar o gênero em seu caminho e, hoje, 12 anos depois, ela virou Marcia Fellipe, a cantora que faz em média 25 shows por mês em junho estão agendadas 32 apresentações e  já está sendo chamada de "Wesley Safadão de saias" no Nordeste do Brasil.

"Ouvi isso e achei muito bacana, porque o Wesley é um grande artista, uma referência. Todo cantor quer ter o seu trabalho reconhecido, e eu estou buscando isso. Estou batalhando para que o país inteiro conheça um pouco da minha música. E pretendo chegar mais no Sul e Sudeste ainda este ano. No Norte e para as bandas de Goiás, já temos muitos compromissos marcados."
 Ser chamada de 'Wesley Safadão de saias' me deixa lisonjeada, mas seria bom também ter a mesma conta bancária, ter o mesmo cachê
 
Marcia já cantou com Safadão no Garota Safada e é casada com o baterista do cantor, Rod Bala. Os dois têm três meninos: Fellipe Matheus, Athos Levi e David Lucas.

A cantora tem três filhos e é casada com Rod Bala, baterista do Wesley Safadão - Reprodução/Instagram/@marciafellipe - Reprodução/Instagram/@marciafellipe
A cantora tem três filhos e é casada com Rod Bala, baterista do Wesley Safadão
Imagem: Reprodução/Instagram/@marciafellipe

Trajetória

Aos 37 anos, Marcia se define como uma cantora "sem produção e na realidade nua e crua". Extrovertida, ela fala do passado com orgulho e muito humor, especialmente da época em que cantava inglês na banda de baile Badaueira sem saber uma palavra do idioma.

 

"At first I was afraid, I was petrified. 'I Will Survive', né? Como enrolava a língua, minha filha. Dava graças a Deus quando, depois de uma sequência de enrolation, vinha uma música da Laura Pausini ou de um artista em espanhol. Era um descanso mental porque eu ficava tensa", entrega às gargalhadas a cantora, que ainda lembra como fazia para aprender as letras. "Eu ouvia a música várias vezes e escrevia como entendia as palavras. Dava certo, mas não mostrava para ninguém as minhas anotações. Era um horror."

Graças a Badaueira, passou oito meses na Alemanha em 2005 e, em seu retorno, foi chamada para gravar um CD para Companhia do Forró. Acabou ficando na banda. Pouco tempo depois, abriu um show do Aviões do Forró em Manaus e, no ano seguinte, quando Solange Almeida tirou licença maternidade por causa do nascimento da filha Estrela, Marcia recebeu o convite para assumir os vocais ao lado de Xandy.
 

"A própria Solange foi quem lembrou do meu nome para ficar no lugar dela. Uma honra. Por causa dos Aviões, vim morar em Fortaleza e comecei a cantar na Furacão do Forró por uns dois anos. Depois passei três anos no Garota Safada e, agora, estou seguindo a carreira solo desde 2014. Tudo aconteceu muito rápido na carreira de Marcia Fellipe."

Voo solo

Marcia Fellipe se refere em terceira pessoa e diz que é um costume e até já foi repreendida por amigos porque "parece um produto ou uma entidade". "Soa estranho, eu sei, e tento me corrigir, mas não consigo. No palco, eu me solto mesmo, eu me entrego e me surpreendo com o que faço. Acho que sou mais simples e mais família longe daquele frisson todo", observa a cantora, que usa figurinos escolhidos a dedo para ser mais próximo das divas pop do que do seu nicho.

Marcia Fellipe assume que gosta de usar figurino diferente da turma do forró - Reprodução/Instagram/@marciafellipe - Reprodução/Instagram/@marciafellipe
Marcia Fellipe assume que gosta de usar figurino diferente da turma do forró
Imagem: Reprodução/Instagram/@marciafellipe

"Eu gosto dessa coisa futurista, da turma do rock and roll, da turma do pop. Amo os modelos da Beyoncé, da Spice Girls e da Anitta. Eu acho que sou a única mulher dessa turma do forró que se veste desse jeito e os fãs curtem", ela conta.

 

"Outro dia eu fui fazer um show de calça comprida e uma blusa normal, uma seguidora comentou no meu Instagram que eu não tinha me arrumado direito para cantar na cidade dela. Quase morri porque eu tinha passado uma tarde inteira rodando um shopping para comprar aquela roupa."

 

Marcia, que antes de ser cantora trabalhou como auxiliar de escritório em uma fábrica de relógio e em uma empresa de rádio táxi, hoje vive de só música e conseguiu patrimônios em Fortaleza que nem sonhava em ter na época da infância. Sem tocar nenhum instrumento apesar da vontade de aprender violão ela escreve uma coisa aqui, outra ali.
 

As músicas do seu repertório vêm de uma equipe de compositores e são escolhidas por ela e pelo marido, que também exerce a função de produtor musical. "Nós temos sintonia até na escolha das canções. Essa parceria tem dado tão certo que as músicas de Márcia Fellipe... (risos). Olha ela aí... (risos). Quer dizer, as minhas músicas, são sucessos e caíram no gosto do povo. Isso me deixa muito feliz."

 

No ano passado, ela gravou seu primeiro álbum solo e, há quatro meses, lançou o DVD "Day Off". Mesmo com a agenda apertada, está às voltas com a escolha do repertório do segundo trabalho e a realização de um sonho antigo: um álbum acústico diferente de tudo que já fez na vida.

 

"Já estamos vendo tudo de locação, cenário e som para a gravação na Bahia e eu vou cantar o que eu cantava na época da banda de baile, o que eu cantava nos barzinhos e em casa. É um trabalho mais intimista, mais MPB, mais clássicos da world music. É um CD e DVD para sentar e ouvir. Eu estou muito animada."

 

Marcia também vai cantar Marisa Monte e Gal Costa, ídolos que ela ainda não conhece pessoalmente e espera que um dia isso aconteça. "Nesse mundão da música já esbarrei com vários cantores de todos os estilos, menos as duas. Eu fico imaginado, vou tietar muito. Com certeza, porque eu sou dessas."