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Com DNA de Barão Vermelho e Kid Abelha, Amarelo Manga se lança no rock

O grupo carioca Amarelo Manga: Rafael Frejat, Julio Santa Cecília e Ricardo Kaplan - Divulgação
O grupo carioca Amarelo Manga: Rafael Frejat, Julio Santa Cecília e Ricardo Kaplan Imagem: Divulgação

Leonardo Rodrigues

Do UOL, em São Paulo

05/07/2016 06h00

Aos 19 anos, o guitarrista e vocalista Rafael Frejat já se apresentou para quase cem mil pessoas no Rock in Rio, está à frente da terceira banda oficial, o Amarelo Manga, e acaba de lançar com os companheiros seu primeiro disco de estúdio, "Nuca", via Deckdisc.

Completado por Julio Santa Cecília (guitarra e vocal) e Ricardo Kaplan (baixo), todos na faixa dos 20 anos, o grupo do filho de Roberto Frejat é mais um exemplo de que uma das maiores fontes do rock brasileiro atual está no DNA.

Além de Rafael, Julio é filho do poeta Mauro Santa Cecília, coautor de hits como "Por Você" (Barão Vermelho) e "Amor pra Recomeçar" (Frejat solo), enquanto o baterista colaborador do projeto, Leo Israel, é rebento do Kid Abelha George Israel.

Roberto Frejat e o filho Rafael - Divulgação - Divulgação
Roberto Frejat e o filho Rafael
Imagem: Divulgação

Todo esse aporte genético, evidente, ajuda a abrir portas no mainstream, assim como gera comparações e uma incômoda pressão pelo sucesso, algo com o qual o Amarelo Manga parece disposto a lidar. Por exemplo: diferentemente de Chico Eller, filho de Cássia Eller que preferiu adotar a alcunha artística "Chico Chico", nenhum integrante da banda faz questão de esconder sua árvore genealógica.

"Cada um segue o seu caminho. Acho que, para ele [Chico], faz todo o sentido querer descolar a imagem, porque ela sempre fica muito conectada", diz ao UOL Rafael, que aprendeu a tocar guitarra aos 8 anos, já abriu show do pai e costuma fazer aparições nas apresentações dele. A mais famosa delas foi no Rock in Rio 2011, quando roubou a cena ao solar em "Malandragem", com apenas 15 anos.

"Não posso negar que meu nome é este. Esta é a minha individualidade. Não é uma questão de que isso foi passado para mim. Acho que isso vai se desconectar à medida que cada um de nós tiver sua devida importância, seu caminho. Pelo menos por enquanto, vai ficar muito atrelado mesmo. Acho que estou tão imerso nesse meio desde cedo, que nem sei dizer qual é o lado ruim", diz Rafael.

Formado no Rio no ano passado, apadrinhado pelo produtor Rafael Ramos (ex-Baba Cósmica), o Amarelo Manga ainda não estreou ao vivo. O primeiro show de lançamento de "Nuca" e da banda está marcado para o dia 14 de julho, na Casa da Gávea, no Rio.

Não posso negar que meu nome é este. Esta é a minha individualidade. Não é uma questão de que isso foi passado para mim."
Rafael Frejat, filho de Roberto Frejat e líder do Amarelo Manga

Segundo os integrantes, o nome escolhido não tem relação com o filme brasileiro homônimo, lançado pelo diretor Cláudio Assis em 2002. "Estávamos inventando nomes, e esse foi o que nos simbolizou melhor. Hoje, quando lembramos dos outros nomes que sugerimos, temos até vergonha", brinca Julio Santa Cecília.

Gravado no fim de 2015, "Nuca" traz nove faixas próprias, entre elas “Sob os Olhos de Um Oceano”, com letra de Mauro Santa Cecília. A sonoridade é repleta de elementos britânicos, com ecos de Beatles, Oasis e até da neopsicodelia do grupo australiano Tame Impala. Os vocais desleixados de Rafael e Julio chegam a lembrar os da banda gaúcha Cascavelletes.

Evitar semelhanças com Frejat e o Barão Vermelho, eles dizem, não foi algo deliberado. “Desde moleque, a gente escutava muito rock clássico e dos anos 1960. Hoje em dia, a gente se identifica também com coisas mais atuais, sem esquecer das bandas dos anos 1990, que crescemos escutando. É uma coisa mais misturada”, conta Julio, que idealizou do projeto ao lado de Rafael.

Integrantes do Amarelo Manga posam para foto: influências britânicas e dos anos 1990 - Reprodução/Facebook - Reprodução/Facebook
Integrantes do Amarelo Manga posam para foto: influências britânicas e dos anos 1990
Imagem: Reprodução/Facebook

Futuro do rock

Sobre os novos rumos do rock nacional, hoje à sombra de gêneros populares, os músicos do Amarelo Manga não sabem exatamente o que esperar, a não ser um futuro líquido, movido a algoritmos e terabytes.

“O caminho é a internet, cara. Não tem como. Meu contato com bandas novas e antigas, que o pessoal daquele tempo nem pôde entrar em contato. Tudo faço pela internet, Ela é um meio completamente diferente, que a gente já nasceu dentro”, diz Rafael Frejat.

“Acho que ela simplifica o caminho das bandas. É essa ideia de portal que a gente está pegando. De saber dialogar com todas as pessoas, e, não, focar num público roqueiro, por exemplo. Com isso, a gente acaba tendo todos os gêneros na nossa música, todas as classificações. É uma coisa da nossa geração”, filosofa Julio.