Fase 2.0 do LCD Soundsystem não é diferente de 5 anos atrás, e isso é ótimo
No idioma do rock, a palavra “despedida” geralmente significa “até daqui a algum tempo”. É o que acontece com tantas bandas que saem em sua “última” turnê pelo mundo, e foi o que aconteceu com o LCD Soundsystem. A banda nova-iorquina voltou aos palcos este ano, depois de encerrar os trabalhos em 2011, e foi responsável por fechar neste domingo (31) a edição comemorativa de 25 anos do festival Lollapalooza, em Chicago.
Justo o LCD Soundsystem, que na época alardeou seu rompimento de forma tão drástica, e que culminou em um megashow no Madison Square Garden, de Nova York, para virar um documentário para a posteridade. Pode isso? A depender do show que fizeram no Lollapalooza, a resposta é sim, eles podem.
Nas 2h que estiveram no palco do festival, James Murphy e banda recordaram com o público uma década inteira dedicada à música com seu electro-punk embalado por batidas funkeadas e repetitivas. Não foi a melhor escolha de repertório, bem parecido com o setlist que já faziam há mais de cinco anos, mas a execução das 14 faixas foi caprichada, em uma representação da discografia da banda, do rock ao synth-pop oitentista, recriando as canções sem quebrar a energia da música ao vivo.
Eles dividiram com uma plateia fervorosa --e consideravelmente mais enxuta do que a do Red Hot Chili Peppers na noite anterior, e muito menor do que a que estava no show da cantora Ellie Goulding, no mesmo horário-- as lembranças do ano de estreia da banda, em 2005, com "Tribulations", "Movement", "Losing My Edge", "Yeah" e o primeiro grande hit, "Daft Punk Is Playing at My House". De 2007 estavam "Get Innocuous!", "Someone Great", "New York, I Love You..." e o hino da amizade "All My Friends".
Mas foi com o trabalho mais recente, o elogiado "This Is Happening" (2010), que eles parecem querer causar uma nova primeira boa impressão, com "Dance Yrself Clean", "I Can Change", "You Wanted a Hit" e "Home". Só faltou "Drunk Girls". É uma bem sucedida carreira de dez anos, diluída em apenas três discos e sob o nome de uma das bandas fundamentais dos anos 2000.
O melhor da banda continua sendo a dedicação de Murphy ao palco. A energia dos shows do LCD Soundsystem é quase palpável porque, ao vivo, tudo é real. As músicas são tocadas por instrumentos de verdade, e não apenas por aparatos eletrônicos usados em estúdio.
Na época da despedida, Murphy atribuiu o término do grupo às turnês extensas e cansativas, que tornou a vida "insustentável". Cinco anos depois, na ocasião do retorno, Murphy sinalizou uma possível turnê maior e ainda um disco inédito. "Nós não estamos fazendo apenas uma turnê de reunião, nós vamos lançar um novo álbum (em algum momento deste ano)", disse ele em um comunicado. A insustentável leveza do fim. Agora, que venha o próximo disco.
* A jornalista viajou a convite da Red Bull
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