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Em reunião histórica, Novos Baianos contam histórias e fazem poesia

Mariane Zendron

Do UOL, em São Paulo

13/08/2016 03h43

Passava pouco das 23h de sexta-feira (12) quando Baby, Pepeu, Moraes Moreira e Paulinho Boca de Cantor surgiram, no palco do Citibank Hall, em São Paulo, em um carro estilizado com um letreiro iluminado, onde se lia Novos Baianos. Foi início da mini-turnê do grupo, que se reúne para celebrar o clássico álbum "Acabou Chorare" (1972). 

A homenagem ao álbum aparecia logo no cenário, com baldes coloridos pendurados no teto, que remetiam à capa do álbum que catapultou os "meninos da Bahia". Apesar disso, o show foi aberto com "Anos 70", que não pertence a "Acabou Chorare", mas contribuiu para o tema da festa.

O casal Bárbara Lima, 25, e Guilherme Brum, 26, encaravam o show como oportunidade única. "Viramos fãs não faz muito tempo e uma oportunidade dessa não vai se repetir". Luana Araújo, 35, contou ter crescido ao som de Baby e Pepeu e que também estava no clima do "agora ou nunca". "Ouço Novos Baianos desde que me conheço por gente".

Havia também fãs mais antigos, como Rosana Marques, 57, que já havia visto os Novos Baianos no palco no final dos anos 1970, em Porto Alegre. "Eu acho muito bom esse duplo movimento de resgatar coisas e também mostrar a música para as pessoas que estão conhecendo agora".

No palco

O grupo captava o clima da plateia contando histórias dos velhos tempos entre uma música e outra, quando Baby transformou um armário embutido em palco e os lençóis em cortinas, remetendo ao apartamento onde todos moraram juntos no Rio de Janeiro.

Moares Moreira se lembrou da época em que hospedaram João Gilberto e ele chamava Moraes de "aquele vaqueiro". O público acompanhava empolgado as histórias e as músicas, mesmo as que não fazem parte do álbum, como "Farol da Barra" e "Chega de Saudade".

Da mesma maneira como chegou, o grupo se despediu no mesmo carro, mas voltou para o bis com "Brasil Pandeiro", fazendo o público abandonar as mesas para dançar.

Mesmo celebrando um álbum libertário em plena ditadura, os Novos Baianos deixaram as manifestações políticas apenas para a plateia, que se encarregou de um "fora Temer" ao final da apresentação.