Falar de tabu na música é maneira de denunciar, diz rapper Flávio Renegado
Diálogo aberto e diversidade são fundamentais para construir uma sociedade mais equilibrada. Na música, ainda mais essencial. É o que acredita o rapper mineiro Flávio Renegado, 34. "Não pode existir tema tabu. Não vou falar nas minhas músicas de exploração sexual infantil? Se eu não falar, como vamos denunciar isso? E o aborto? E o racismo? E a homofobia? São temas que a gente tem que colocar para o debate", disse ele em entrevista ao UOL.
Nascido e criado na periferia de Belo Horizonte, Renegado lançou em julho o álbum "Outono Selvagem". O disco tem 14 faixas: metade é dedicada aos sete pecados; a outra, às virtudes. "O rap tem que ser verdadeiro. Se você for entrar para o combate, entre de coração. Não dá para ficar falando mentira o tempo inteiro".
"Outono Selvagem" tem participação de artistas como Samuel Rosa (Skank), Alexandre Carlo (Natiruts), Diogo Nogueira, Sérgio Pererê e a cantora mineira Joana Rochael. É de Minas Gerais, inclusive, que Renegado traz as maiores influências, que vão desde o Clube da Esquina até o pop rock de Jota Quest, Skank e Pato Fu. "Eu acho que o Clube da Esquina influenciou até o Sepultura em Minas Gerais".
A faixa que dá título ao álbum também foi buscar influências no rock, com samplers de "Walk This Way", hit do Aerosmith com o Run DMC. "'Walk This Way' aponta o caminho do diálogo que o rap tem que ter com outros estilos. Eu sinto que no Brasil o rap ainda precisa se aproximar de outros ritmos nacionais".
Renegado lembrou que seu música entrou na vida durante a adolescência, quando começou a treinar capoeira e teve contato com instrumentos como berimbau e pandeiro. "Foi a minha primeira entrada na música", recorda. "Mas decidi ser rapper mesmo quando ouvi os Racionais MC's pela primeira vez, na Rádio Favela. Eles falavam os 'bagulhos' que eu vivia. O papo era reto".
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