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Peregrina de realities: À frente do Malta, Luana Camarah quer rock popular

Malta entra em nova fase com a vocalista Luana Camarah - Renan Facciolo/Divulgação - Renan Facciolo/Divulgação
Malta entra em nova fase com a vocalista Luana Camarah
Imagem: Renan Facciolo/Divulgação

Tiago Dias

Do UOL, em São Paulo

05/09/2016 08h00

Se existe alguém que possa traduzir a máxima de que o brasileiro não desiste nunca, essa pessoa certamente é Luana Camarah. Após peregrinar durante mais de 10 anos nos realities musicais da TV, a cantora paulista conquista o sonhado lugar ao sol. Ela assumiu, na semana passada, o microfone da banda Malta – o vencedor mais bem-sucedido dos realities da atualidade.

A via-crúcis passou pelo extinto programa do SBT “Astros”, em 2004, e nos globais “The Voice”, em 2013, e “SuperStar”, no primeiro semestre deste ano, acompanhada de sua antiga banda, a Turnê. Por onde passou, deixou os jurados boquiabertos. Foi elogiada pelo vozeirão potente e pela defesa apaixonada do rock n’roll no palco. Chegou a semifinal do The Voice e ouviu de Lulu Santos que ela estava pronta: “Você tem nome de estrela”, disse o cantor. Mas não saiu vitoriosa.

“No passado, isso me frustrou sim”, ela conta, ao UOL. “Você vê o assédio, os fãs, e tudo acontecendo. Lógico que espera ganhar. Ninguém entra pra perder. Foi meu primeiro contato com a TV, então fui entendendo aos poucos como funcionava”.

Da frustração em se ver sempre elogiada, mas sem o grande prêmio, Luana agora se sente campeã em muitos sentidos. Escolhida para substituir Bruno Boncini do posto de vocalista da Malta, em um reality promovido pelo site da TV Globo, Luana superou 700 inscritos e contou com a torcida dos fãs.

Pesou também a opinião do restante da banda – o baterista Adriano Daga, o baixista Diego Lopes e o guitarrista Thor Moraes --, com quem já cruzara pelas estradas. Ela, no entanto, rechaça qualquer tipo de favorecimento na disputa. “Fiz a inscrição como qualquer outra pessoa. Acredito eu que são vários fatores que contam. Cantar bem, ter presença de palco, falar bem em público”, defende, sem deixar de reconhecer: “Mas quase rola uma vibe juntos, isso deve contar também”.

Nova disputa

Luana estreia de cara em uma gravadora (Somlivre, das organizações Globo) e já prepara o novo disco com a banda, “Indestrutível”. O título é bastante simbólico, tanto para a nova vocalista, como para a banda – que quer provar ser relevante e popular, mesmo sem a figura do antigo líder e compositor.

“Estamos compondo juntos. Os meninos também têm muitas coisas legais e eu estou resgatando muitas letras minhas”, comemora Luana.

Ao lado dos novos parceiros, ela entra agora em outra disputa. Ocupar e ampliar ainda mais a presença da banda nas rádios e nos programas de TV.

“O rock está numa fase difícil. Tenho certeza que esse é um caminho. A Malta, por ter rolado no SuperStar, consegue isso a favor deles”, diz. “Tornar o rock mais popular é massa. O grande público está aí, não adianta fazer algo que só você quer ouvir. As pessoas querem cantar junto.”
Ela também terá que mostrar personalidade em uma banda cujo vocalista era o principal rosto da banda – o que rumores dizem ter sido fatal para sua saída.

“Temos ideias muito iguais. Talvez a maior mudança que alguém possa sentir é pelo fato de eu ser uma guria. Fica mais difícil cair na comparação. Bruno tem um timbre mais limpo, eu tenho minha característica. É uma forma de se restabelecer, só que no mesmo cenário”.

Nascida em Taubaté, no interior de São Paulo, Luana começou a cantar profissionalmente aos 12 anos em uma banda de bailes. Ainda não tinha as tatuagens, uma de suas marcas registradas, mas já pegava a estrada. “Fui emancipada nessa idade para poder excursionar”, relembra.

Nunca pensou em outra profissão, principalmente pela naturalidade com que a música fazia parte da sua vida. A mãe cantora Gospel e o pai sambista a fizeram uma artista eclética. Mas o rock, introduzido pelo irmão, foi fatal.

Cássia Eller e Pitty ainda seguem como inspiração para ela se tornar uma roqueira popular. “O rock é atemporal. As bandas que você ouve desde os 10 anos, você com certeza continua curtindo. O rock tem essa força e essa é a missão”.