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Jonathan Costa: Missão é que artista do funk não precise tirar MC do nome

Jonathan Costa abre produtora para achar talentos do funk - Studio Faya/Divulgação - Studio Faya/Divulgação
Jonathan Costa abre produtora para achar talentos do funk
Imagem: Studio Faya/Divulgação

Felipe Abílio

Do UOL, em São Paulo

08/09/2016 07h00

"Dance, potranca, dance com emoção, eu sou o Jonathan da Nova Geração". Se você viveu no final dos anos 1990, deve ter cantarolando esse verso famoso na voz de Jonathan Costa. Aos sete anos, o garoto experimentou o sucesso no funk e passou a vida inteira trabalhando na construção de um império do ritmo, ao lado da mãe Veronica Costa --a "mãe loira do funk"-- e o pai Rômulo Costa.

"Tenho 23 anos de vida e de funk dentro da Furacão 2000. Vi meus pais lutando por tudo aquilo, antes dos 18 já cuidava dos novos talentos da empresa, das execuções das músicas. Fiz faculdade lá dentro", conta Jonathan ao UOL. Mas um desentendimento familiar levou a coroa do futuro "rei do funk" para longe: Jonathan foi afastado da empresa há pouco mais de um mês pelo pai e decidiu seguir em outra missão. 

Depois de anos observando o crescimento de artistas como Anitta, Naldo e Valesca, ele decidiu buscar novidades para o público. "Estou me especializando em produção musical, montei uma produtora com um time de 16 pessoas para caçar novos talentos. O funk é feito de inovação e, hoje em dia, não temos mais encontrado isso. São sempre as mesmas carinhas, as mesmas letras e está na hora de a gente começar a fazer diferente. Estou rodando todo o Rio de Janeiro, cidades do interior que têm muitos talentos, ouvindo um por um, ouvindo histórias, fazendo uma grande peneira para apresentar as novas joias do funk".

Funkeiros com respeito

Jonathan que ir além do trabalho dos pais e tentar educar o público e até os contratantes sobre o valor de cada artista. "Busco para o funk o respeito que infelizmente ainda não encontramos no dia a dia. Funk tem muita coisa boa e minha missão estará concluída quando o artista não precisar tirar o MC do nome para levar o cachê dele. Muitos abandonam o MC porque, por causa desse termo, o cachê não passa de 'xis', mas como pode existir teto de cachê para os MCs já que muita gente nem sabe o que significa isso?", questiona.

"Quero mostrar que o funkeiro não é um zé ninguém, um vagabundo mas, sim, um artista com cultura, que tem a capacidade de se especializar, crescer e ser um grande músico. Meus pais, juntos, conseguiram mostrar o funk para o Brasil inteiro através da Furacão 2000. Eu quero ir além e mostrar o talento que essas pessoas têm para serem mais respeitadas".

Dentro do projeto de trabalho de seu novo escritório, Jonathan e equipe traçam planos e prazo para seus artistas. "Estamos investindo dinheiro para a produção, captação visual, posicionamento, dar uma assessoria em coach, um psicólogo para dar acompanhamento. Muitos artistas do funk saem do rumo quando batem de frente com a fama, porque o mundo da fama é muito ilusório, todo mundo puxa o saco, mas e quando o momento acaba? Aí temos um problema, o artista pira, e precisa saber a diferença de 'estar' e de 'ser' alguém".

Projetos Paralelos

Jonathan também segue com o seu projeto Baile do Jon Jon por todo Brasil, uma ideia que surgiu para agradar os fãs mais nostálgicos da época em que ele "tomava esporro de segunda a sexta na escola". Hoje, a agenda tem cerca de 12 bailes por mês em todo o Brasil.

"Começaram a pedir um posicionamento meu não só como empresário, mas como artista. Pouquíssimas pessoas curtiram um show meu porque a música foi proibida. Mas para ser cantor tem que ter toda uma produção. Sempre gostei de tocar em festa de família e decidi tocar como DJ para a galera, mostrar o que curto, fazer um remix e é isso aí que estou fazendo. Levamos som, luz e imagem, um verdadeiro show pirotécnico baseado em festivais como Tomorrowland, Ultra. Acredito que DJ de funk também pode estourar como os DJs desses grandes festivais".

O lado pessoal também vem se misturando com uma parte do lado profissional. Casado com Antônia Fontenelle há quase um ano, com quem teve o filho Salvatore, de um mês, Jonathan também ajuda na direção do canal da mulher no Youtube, "Na Lata". "Nós cuidamos do canal juntos e tem o programa 'Põe para Fora', que eu faço o roteiro e toda a produção com a Antônia".

Sobre a sua saída da Furacão 2000, Jonathan prefere a discrição e manter a esperança nas palavras. "Tivemos uma desavença pessoal, de família. Minha mãe e meu pai são meus heróis, mas meu pai optou em me afastar da Furacão. Respeitei totalmente a opinião dele e toquei meu caminho. Lá é uma escola, vou levar a Furacão para onde eu for, mesmo afastado agora, mas foi ali que eu cresci. Acredito que esse afastamento seja um 'até logo', e não um 'adeus'".