Roger Waters encerra Desert Trip com mensagem política: "Trump é um porco"
Roger Waters fez do seu show no encerramento do primeiro final de semana no festival Desert Trip, em Indio, na Califórnia, um bombardeio de slogans contra o candidato republicano à presidência dos Estados Unidos, Donald Trump. Chamou o político de misógino e palhaço, reproduziu falas vulgares de Trump divulgadas de uma gravação de 2005 e até modificou versos da canção "Mother" para fustigar o republicano.
No meio da música, Waters soltou sobre o público um porco inflável com o rosto do político e os dizeres: Ignorante, Mentiroso, Racista, Sexista, além da frase "Foda-se Trump e seu muro". A maior parte da plateia aplaudiu entusiasticamente.
Waters abriu às 21h20 com a música "Set the Controls for the Heart of the Sun", de 1968, do disco "A Saucerful of Secrets". Sozinho ao violão, caminhando sob a gigantesca estrutura do seu show, parecia que tinha dado uma pane. Mas aí vieram os hits do Pink Floyd, como "Time" e "Money", e ficou evidente que, no showbiz, há pouca coisa mais sofisticada do ponto de vista tecnológico na face da Terra do que seu concerto.
Waters, todo mundo sabe, é um tanto messiânico e panfletário, mas não se pode ignorar a disposição e a coragem com que chama atenção para temas urgentes, alguns deles muito incômodos, como a intervenção de Israel nos territórios palestinos. Outros, como o alerta contra a matança de jovens negros ("Black Lives Matter") e a ação arbitrária da polícia ("Parem o terrorismo policial") estão todo dia em exame. Ele desconhece fronteiras: em setembro, questionara o presidente mexicano, durante show no Foro Sol, na Cidade do México, cobrando responsabilidade por 28 mil desaparecimentos de pessoas desde 2012.
Waters construiu impressionante cenário virtual, a partir da metade do show, colocando à frente dos olhos dos bestificados fãs uma réplica "holográfica" da colossal usina termelétrica de Battersea, que está na capa do disco "Animals", de 1977. As "paredes" e as chaminés da fábrica serviam para projeções que norteavam o roteiro do show.
As imagens que o baixista projeta ao longo da jornada são impactantes como um filme lisérgico em construção, e bem fortes em alguns momentos (um pico de heroína, por exemplo). Celebrou o antigo colega Syd Barrett, cantando "Shine on You Crazy Diamond", e arrasou com suas vocalistas platinadas ao estilo Blade Runner.
Para muitos dos fãs veteranos ali, que militaram pela expansão da consciência nos anos 1960, o show de Waters é a materialização de todas as viagens sensoriais, só que sem efeitos colaterais. O show, em momentos como na canção "Us and Them", chega a entorpecer. Ele fechou com "Eclipse" (momento em que criou, com lasers, um prisma de cores como o da capa do disco) e "Comfortably Numb".
Em um dos lados do porco inflável de Waters, estava escrito: "Divididos nós fracassamos". A música do Pink Floyd vence pelo oposto, pela coesão. E não dá mostras de cansaço.
Desert Trip
Classificado como "festival do século", por reunir os maiores nomes do rock ainda vivo, o Desert Trip foi realizado na cidade de Indio, na Califórnia, no mesmo local que recebe o festival Coachella. Antes de Waters, no domingo (9), apresentaram-se os britânicos do The Who. No sábado, as atrações foram Neil Young e Paul McCartney, que chegaram a subir juntos ao palco. Na sexta, Bob Dylan abriu o festival, seguido pelos Rolling Stones. A mesma escalação se repete no próximo fim de semana.
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