Leonard Cohen, autor de "Hallelujah", morre aos 82 anos
Leonard Cohen, cantor canadense e compositor de canções como "Suzanne" e "Hallelujah", morreu na noite desta quinta-feira (10), aos 82 anos. A causa da morte não foi revelada, mas ele já dava indícios de que não estava bem de saúde. A notícia foi confirmada pela gravadora Sony Music Canadá na página oficial do artista no Facebook.
“É com profunda tristeza que relatamos que o lendário poeta, compositor e artista Leonard Cohen faleceu. Perdemos um dos mais venerados e prolíficos visionários da música. Uma cerimônia ocorrerá em Los Angeles em uma data a ser divulgada. A família pede privacidade durante seu período de luto", diz o comunicado.
Dono de um característico timbre seco e voz rouca --que foi ficando mais grave com o passar dos anos--, Cohen lançou em outubro último o disco ”You Want It Darker”. Nele, já fazia intensas reflexões metafísicas sobre a morte. A relação com Deus, amplamente abordada pelo cantor desde os anos de 1980, veio como uma carta de despedida, após a morte, em julho, de sua musa Marianne Ihlen, aos 81 anos.
Nessa época, em uma entrevista à revista "New Yorker", declarou: "Estou pronto para morrer. Espero que não seja muito desconfortável".
Nascido em Westmount, no Quebec (o lado francês do Canadá), em 21 de setembro de 1934, Leonard Norman Cohen só passou a se dedicar à música depois dos 30 anos, quando se mudou para os Estados Unidos. Antes disso, ele já era conhecido como autor de romances e livros de poesia, mas, frustrado com as poucas vendas, decidiu explorar a composição musical.
Em 2001, Cohen recebeu o prêmio Príncipe de Astúrias de Literatura. Ele, que também foi candidato ao Prêmio Príncipe de Astúrias das Artes, lançou livros de poesias como "Flores para Hitler" (1964), "Belos Vencidos" (1966) e "Comparemos Mitologias” (1956), além de obras em prosa, como o romance "O Jogo Favorito" (1963).
Na música, lançou 14 discos de estúdio entre 1967 e 2016. Ele despontou durante as décadas de 1960 e 1970 junto a uma geração de poetas-compositores, como Bob Dylan, Paul Simon e Judy Collins. Em seu círculo de amizades estavam frequentemente nomes como Andy Warhol, Jimi Hendrix e Janis Joplin.
O amor e o desamor, conflitos e religião foram temas que Cohen desenvolveu ao longo da carreira com palavras cavernosas, tingidas de nicotina e fumaça. Foi no disco "Various Positions", de 1984, que saiu sua criação mais popular, "Hallelujah", uma canção épica que, segundo estimativas, já foi interpretada por cerca de 200 cantores --entre eles Jeff Buckley, Willie Nelson e Bob Dylan-- e foi objeto de pelo menos um documentário e um livro.
Cohen foi se retirando da cena artística a partir dos anos 1990 para se dedicar à espiritualidade. Em 1996 ficou recluso em um monastério budista na região de Los Angeles. Voltou à música em 2001, com o disco "Ten New Songs", por uma razão pouco espiritual, quando descobriu que sua agente havia roubado grande parte de sua poupança.
Foi a partir dessa volta que Cohen passou por uma redescoberta, com o relançamento de seus álbuns e levando seu nome de volta às paradas americanas pela primeira vez desde 1973, e sendo devotado por artistas como Michael Stipe (R.E.M.), Bono (U2), Nick Cave, Morrissey, Jeff Buckley e Renato Russo (que gravou uma versão de “Hey, That’s No Way To Say Goodbye”). Em 2008 passou a integrar o Hall da Fama do Rock and Roll e, em 2010, recebeu um Grammy honorário pela trajetória.
Acredita-se que ele nunca tenha se casado, mas teve dois filhos, Adam e Lorca (uma homenagem ao poeta Federico García Lorca), com a artista Suzanne Elrod. Na década de 1960, namorou com a norueguesa Marianne Ihlen, que foi retratada na música "So Long Marianne", e teve um longo relacionamento com a estrela de cinema Rebecca De Mornay.
Publicamente, Cohen se mostrava um homem bem moderado, sereno, transcendente e sem muita vontade de chamar a atenção. Despojado e elegante, dizia que nasceu de terno. A notícia de sua morte chega com profundo impacto para os fãs da música em um ano que começou levando David Bowie.
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