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Samuel Rosa rebate UOL: "Não ousaria dizer que público do Skank é menor"

Skank: Henrique Portugal, Lelo Zaneti, Samuel Rosa e Haroldo Ferretti - Weber Padua/Divulgação
Skank: Henrique Portugal, Lelo Zaneti, Samuel Rosa e Haroldo Ferretti Imagem: Weber Padua/Divulgação

Do UOL, em São Paulo

02/12/2016 11h44

O músico Samuel Rosa, vocalista da banda Skank, procurou o UOL para contestar sua entrevista, publicada no sábado (26), em que comenta os 20 anos do álbum "Samba Poconé" e reflete sobre o lugar do grupo no cenário musical atual.

"Devo confessar que causou-me estranheza notar certas alterações em minha fala, que se fizeram a um ponto que eu mesmo não me reconheci", escreveu Rosa em carta enviada ao UOL. "Embora considere que o tom do que tratamos foi na essência preservado, devo ressaltar que em alguns trechos da publicação isso não se deu. Não sei se por mal entendimento ou por descuido, mas existem ali trechos que me parecem claramente comprometer o sentido do que foi realmente dito", afirmou.

Na carta, Rosa questiona a colocação da reportagem de que o público da banda hoje é "menor" do que já foi e o trecho da entrevista em que diz: "Acho que minha música tem algo a dizer e é relevante. Mas, na impossibilidade de estar na mídia, que bom poder continuar existindo".

"Por mais que as coisas hoje no cenário musical sejam diferentes, os tempos sejam outros, não ousaria dizer com tanta certeza, como está lá na matéria, que o público do Skank hoje é menor do que foi outrora. Menor em relação a que exatamente?". E continua: "Também na matéria publicada, salvo engano, não me recordo de ter usado essa malfadada expressão, 'fora da mídia', como está lá na minha fala, até porque não estou convencido de que eu e o Skank nos incluiríamos nessa prateleira"

Na entrevista publicada no sábado, Rosa é questionado sobre "o lugar do Skank na música de hoje".

"É um lugar engraçado. Essa história de segmentos na música brasileira ficou muito polarizada. Hoje, o cenário não tem recheio. Ou você é muito pop, no pior entendimento da palavra, ou você é muito alternativo. Na hora que eu vejo um Faustão habitado por Luan Santana e Wesley Safadão, penso: 'Caramba, onde o Skank entraria? Será que nos reconheceriam?'," respondeu o músico.

"Mas o Skank não tem do que reclamar. Temos shows marcados, cheios em sua grande maioria, e, com um público interessado. Nosso público hoje é mais específico, e aí entra o relançamento do 'Samba Poconé'. São pessoas que de fato gostam do Skank. Não aquelas que dependem de uma música tocando no rádio."

E prossegue: "Claro que eu também dependo [de estar na mídia], todo mundo depende. Até o Pink Floyd queria que a música deles tocasse no rádio. Mas é bom saber que eu posso existir sem necessariamente estar no Faustão ou num Canal Brasil. Eu gostaria de estar em todos! Não tenho nenhum preconceito."

A entrevista com Rosa foi destacada na home page do UOL com o título "É bom existir sem estar no Faustão", diz cantor do Skank. O UOL entende que o título - uma versão editada da fala do músico, como é praxe diante da limitação de caracteres em títulos e chamadas jornalísticas - está correto e sintetiza a situação atual do Skank e as próprias declarações dele na entrevista: um grupo que sobrevive graças à resposta de seus fãs, mesmo sem estar mais presente em programas de auditório como os do Faustão.

Rosa tem interpretação diferente: "O trecho da minha fala que virou o título da matéria, aliás, um dos, por que ela chegou a ter outro logo quando foi ao ar, 'bom poder existir sem necessariamente estar no programa do Faustão' , tirado do contexto, como foi feito, corre o risco de ser interpretado pelos menos avisados como uma baita esnobada num cara que não só foi um dos primeiros a convidar a banda ainda anônima pra tocar em seu programa como também a vida inteira abriu espaço nobre para nossas aparições. Não bastasse, trata-se de um amigo pessoal", rebate o músico na carta enviada nesta quinta ao UOL

"Evidente que lendo a matéria na íntegra fica claro que não foi essa a intenção, mas todos sabemos que grande parte dos leitores não se dá ao trabalho de fazê-lo. Na entrevista concedida ao UOL, menciono o quanto desejo e acho necessário para uma banda como Skank aproveitar sempre que possível oportunidades de estar em contato com o grande público", defende.

Rosa encerra a carta pedindo "cuidado maior" à reportagem do UOL, "pra que nossas palavras não sigam sendo deturpadas" e sugere: "No mais, teria ficado um pouco melhor a meu ver, se a matéria tivesse como título minha fase na íntegra: 'bom saber que podemos existir sem necessariamente estar no Faustão ou no Canal Brasil... MAS EU GOSTARIA DE ESTAR EM TODOS'."

O UOL decidiu divulgar a réplica de Samuel Rosa em respeito à vontade do artista, mas reitera que as declarações publicadas na entrevista original foram gravadas e correspondem ao que foi dito pelo entrevistado, sem qualquer intenção de deturpar seu conteúdo. Quanto à sugestão de título feita por Rosa, frisamos que a declaração na íntegra contabiliza 124 caracteres com espaço, enquanto o limite máximo de caracteres para uma chamada na mesma posição na home page do UOL não pode ultrapassar 64 caracteres com espaço.