Ícones do metal nacional se despedem do Black Sabbath: "Definiram o estilo"
Ozzy Osbourne, Geezer Butler e Tony Iommi se despedem dos fãs brasileiros neste domingo (4), em São Paulo. O show será a oportunidade de ver a formação original do Black Sabbath quase completa (o baterista Bill Ward não participa da reunião) pela última vez, na turnê “The End”.
“É importante estar no Morumbi e ver o repertório, os 3 juntos tocando. Infelizmente o Bill não está, mas Tony, Geezer e Ozzy é histórico”, diz Andreas Kisser, do Sepultura.
O UOL conversou com diversos personagens do metal nacional para saber da relação deles com o Black Sabbath e da importância de ver grandes hits como “War Pigs”, “Children of the Grave” e “Paranoid” mais uma vez.
Andreas Kisser (Sepultura)
O Black Sabbath é tudo, umas minhas bandas preferidas. É o gênesis do heavy metal, de temática, da sonoridade. Trouxe uma outra opção para o cenário musical. Sem o Sabbath não existiria Sepultura, Metallica ou Slayer. Tony Iommi é um ícone para mim, assim como Ritchie Blackmore, Jimi Hendrix e Jimmy Page. Foi principalmente Iommi que trouxe a distorção, só ouvir a introdução da música “Black Sabbath”, que tem aquele riff assustador. Ele é um cara que até hoje é um símbolo. Eu já vi vários últimos shows de bandas que não acabavam. Em 1992, o Sepultura abriu para o Black Sabbath, vimos de perto a formação clássica junta. E era turnê de despedida do Ozzy em carreira solo, a "No More Tours". Então tudo é possível. É importante estar no Morumbi e ver o repertório, os 3 juntos tocando. Infelizmente, o Bill Ward não está, mas Tony, Geezer e Ozzy é histórico.
Andre Matos (Angra/Shaman/Solo)
Eu comecei a escutar Ozzy Osbourne quando saiu o “Blizzard Of Oz”, e daí, eu vim a descobrir o que foi o Black Sabbath. Mais tarde, a banda se tornou uma das minhas maiores influências. Eu acredito que o Tony Iommi é um gênio do riff da guitarra, acredito que é uma banda que conseguia tirar um som, ao mesmo tempo, extremamente pesado e, em contra partida, quase psicodélico, se você for analisar os discos do Black Sabbath a fundo, então isso acabou me influenciando em termos de composição e entrando no hall das minhas bandas prediletas.
Eu acredito que o show seja algo que não se pode perder, porque Black Sabbath existe um só, e na hora que nós presenciamos esses caras tocando, da maneira como tocam, com a idade que têm, eles são verdadeiros professores, verdadeiros mestres para quem, inclusive, já tem uma carreira, então nunca deixamos de aprender vendo o Sabbath tocar, principalmente ao vivo, creio que seja algo imperdível essa turnê de despedida. E se for, de fato, verdade que eles estão se despedindo para sempre, eu acredito ser merecido, inclusive, depois de tudo que eles já fizeram e já colaboraram com a música, eles têm todo direito do mundo de querer se aposentar e descansar merecidamente.
Caio MacBeserra (Project 46)
Eu estava ouvindo o Black Sabbath o dia inteiro (risos). Os caras inventaram o bagulho. Quando eles começaram, quando fizeram a formação clássica, os caras vieram com um 1º álbum totalmente diferente. Além de ser sombrio, era muito pesado para a época. E isso fez a cabeça de geral pirar. Eu conheci mesmo no álbum “Paranoid”, em “Children of the Grave”. [O show aqui é um] Fato histórico. Acho que o povo brasileiro deve se sentir privilegiado.
Edu Falaschi (Angra/Almah)
Meu primeiro LP foi o “Born Again”. O Ian Gillan arrepiou nesse disco. E o segundo foi "Mob Rules" [com o vocalista Ronnie James Dio]. Os 2 primeiros discos que eu tive do Sabbath não foram com o Ozzy. Depois fui ouvir as outras coisas. Eu prefiro o Ozzy na carreira solo [...] A gente vai entrar numa fase da indústria musical onde os grandes ídolos vão parar. É o momento de incógnita. Porque bem ou mal esses ”dinossauros” meio que puxam o mercado. Quando esses caras não tiverem mais aqui, tipo em 10 anos, que não vai ter mais Iron Maiden ou Metallica, eu pergunto: quem vai ficar?
Marcello Pompeu (Korzus)
A importância deles é muito simples de dizer e a mais importante para o nosso movimento: sem eles, nao existiria o heavy metal.....eles são os criadores do estilo. Tomara que não seja a última vez que eles tocam aqui no Brasil, espero que seja apenas um "blá, blá, blá" como outros tantos de outras bandas.
Rafael Bittencourt (Angra)
O Black Sabbath é o grande inventor do heavy metal. O rock pesado já existia. Ele começou a tomar caminho mais pesados com o Led Zeppelin e o Deep Purple. Mas o Sabbath definiu o estilo. Foi ele quem misturou os temas mais sombrios enquanto todos estavam no psicodelismo. Os riffs do Tony, o jeito de tocar, o power chord, tudo isso foi definindo o heavy metal. Eles foram os grandes inventores do metal. Conseguiram conectar o thrash, o doom, o black e diferentes estilos. Por um lado fico um pouco triste com a turnê derradeira. Mas fico esperançoso que seja apenas um marketing e que eles voltem.
Felipe Machado (Viper/FM Solo)
O Black Sabbath era uma das 3 bandas que compunham o triunvirato do rock pesado, junto com Led Zeppelin e Deep Purple. Mas o Sabbath era muito mais pesado que os outros, que eram mais influenciados pelo blues. O Black Sabbath era a banda mais maldita, mais estranha, e justamente por isso a que mais nos fascinava no começo do Viper. Enfim, é uma banda onde todo mundo que gostava de rock pesado respeitava e ouvia muito até furar o vinil. É uma pena que eles estejam se despedindo, mas temos que respeitar, porque a saúde dos caras já não é mais a mesma. Eles não precisam mais provar nada para ninguém, já estão no Olimpo do rock. Felizmente, o Viper teve a oportunidade de abrir para o Black Sabbath não uma, mas duas vezes! Foi incrível. Uma das vezes, durante a passagem de som, a guitarra do Tony Iommi estava parada ao lado do palco... eu fui lá, sem ninguém ver, e encostei nela. Daí saí pensando: "encostei na guitarra que inventou o heavy metal" uma coisa tão boba, não? Mas foi muito emocionante. Só quem é fã vai entender isso.
Ricardo Confessori (Angra/Shaman)
Os caras foram os primeiros no que se diz respeito à criação do heavy metal! Riffs pesado, letras maléficas, foram os pioneiros mesmo. Eu não perderia por nada a turnê de despedida, inclusive já garanti o meu. A galera mais nova tem que ter contato com esses monstros, pois eles são a fonte, o espírito ou a origem do metal, que tanto evoluiu hoje, mas se prestarmos atenção no que é novo, veremos a ideia do Black Sabbath toda ali presente!
Thiago Bianchi (Noturnall/Arena/Shaman)
A primeira música que cantei em minha carreira de vocalista de banda de metal foi “War Pigs”. De fato, é uma das bandas responsáveis por eu ser músico hoje em dia. Para mim, o show aqui no Brasil é fantástico e ao mesmo tempo muito adiantado. Acredito que aqueles "garotos" ainda tenham muita lenha para queimar!. O heavy metal é um estilo muito sortudo de ter seus precursores ainda andando por aí. Se você pensar bem, o "bom e velho" heavy metal é na verdade ainda muito novo.
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