Política, festa e liberdade: Dez novas compositoras mandam seu recado
Karol Conká, Ava Rocha, Simone e Simaria e Ana Vilela mandam o recado através das próprias canções Imagem: Montagem/UOL
Do UOL, em São Paulo
08/03/2017 04h00
Faz tempo que a alma feminina não é apenas mera inspiração na música. Cada vez mais, as mulheres têm assumido o protagonismo nas composições e mandado recados claros sobre política, empoderamento, liberdade e, porque não, muita festa.
No sertanejo, além de subverteram a lógica do papel de traída, agora elas dão lições valiosas de como uma boa noite de curtição e uma rodada de cerveja podem colocar qualquer autoestima para cima. No rap, com rimas afiadas, afugentaram racistas e machistas.
Na MPB, enquanto Ava Rocha pede para que a mulher meta mais "o grelo" na geopolítica, a novata Ana Vilela, que nem single tem, conquistou uma legião de fãs nas redes sociais com uma letra sincera sobre os valores da vida.
Neste Dia Internacional das Mulheres, o UOL selecionou 10 canções escritas por novas compositoras. Cada uma de um gênero e público distinto, mas com mensagens claras do que elas pensam e desejam.
Ava Rocha
Imagem: Flávio Florido/UOL
Carioca de 37 anos, é cantora e cineasta. Filha de uma das cabeças do cinema novo, Glauber Rocha. Lançou em 2015 seu primeiro disco solo, que leva seu nome de registro, "Ava Patrya Yndia Yracema".
"Mate você mesmo Coma do seu morto Desalinhe o corpo Fique louco Tome espaço do Estado, da polícia, da NSA Da mulher maravilha E meta um grelo na geopolítica" (“Auto das Bacantes”)
Lila
Imagem: Divulgação
Experiente no Carnaval, a cantora amapaense agita o bloco Fogo e Paixão, em homenagem aos ídolos bregas, e lançou no ano passado seu primeiro EP “Strobo”.
"Sei que quando eu saio só Os outros gostam de falar Mas eu decido o que vestir Aonde ir sem me importar Sinto que você precisa aprender a respeitar O meu corpo, a minha lei E você têm que escutar Quando eu digo não é não" ("Não é Não")
Karol Conká
Imagem: Raphael Castello/AgNews
A curitibana tem jogado suas rimas fortes e irônicas em cima de uma batida pop e dançante. Depois de uma sequência de sucessos, como “Tombei” e “É o Poder”, ela se prepara para lançar ainda no primeiro semestre o segundo disco.
"Quando não era famosa E tava cheia de conta pra pagar Ninguém queria me ajudar Agora que eu sou poderosa E tenho condição pra me bancar Todo mundo querendo criticar" ("Farofei")
Simone e Simaria
Imagem: Felipe Souto Maior/AgNews
A baiana Simaria começou a carreira como backing vocal Frank Aguiar, mas logo viu na irmã uma parceria de composição e de palco. Entre o sertanejo e o arrocha, a dupla é considerada parte principal da nova onda chamada de “feminejo”.
Deixa esse cara de lado Você apenas escolheu o cara errado Sofre no presente por causa do seu passado Do que adianta chorar pelo leite derramado Põe aquela roupa e o batom Entra no carro, amiga, aumenta o som E bota uma moda boa Vamos curtir a noite de patroa Azarar os boys beijar na boa Aproveitar a noite e ficar louca ("Loka")
Marília Mendonça
Imagem: Dilson Silva/AgNews
Com apenas 21 anos, a goiana começou distribuindo composições suas a duplas masculinas. Acontece que Marília também canta e toca muito bem, e brilhou ainda mais ao estar à frente das próprias músicas.
Já que desonrei nossa família Isso ia acontecer um dia Uma hora as coisas vêm à tona Eu aceito o seu não Traição não tem perdão (“Traição Não tem Perdão”)
Tássia Reis
Imagem: Reprodução
Nascida em Jacareí, na região paulista do Vale do Paraíba, em São Paulo, Tássia canta a própria história: a solidão, a pobreza e o racismo. Tudo com uma voz rara e rimas ainda mais especiais
Ouça meu grito Invadindo os teus ouvidos Tomando a sua casa e tocando lá no seu radin Se o que eu digo lhe fizer algum sentido É porque o sangue de rainha ginga ainda corre em mim Simples assim, os bens irão justificar os fins E as manas e minas que colam comigo também tão afim Vim dessa voz ouvida e não mais oprimida Equalizada por todos cafundós e confins ("Ouça-Me")
Ana Vilela
Imagem: Reprodução/TV UOL
Com apenas um vídeo no YouTube, a paranaense fez de “Trem-Bala” uma canção-fenômeno. Viral, conquistou os ouvidos da top Gisele Bundchen e do cantor Luan Santana.
Não é sobre tudo que o seu dinheiro É capaz de comprar E sim sobre cada momento Sorriso a se compartilhar Também não é sobre correr Contra o tempo pra ter sempre mais Porque quando menos se espera A vida já ficou pra trás Segura teu filho no colo Sorria e abraça Seus pais Enquanto estão aqui Que a vida é trem-bala, parceiro E a gente é só passageiro prestes a partir ("Trem-Bala")
Yzalú
Imagem: Lucas Lima/UOL
Rapper, compositora e violonista, a paulistana é destaque no movimento hip-hop e tem cantado a realidade das mulheres negras com a batida de seu violão. Lançou o primeiro disco, “Minha Bossa é Treta”, no Dia das Mulheres no ano passado.
Assino iniciais como denúncia abusa quem usa Ofusca e fuça a moral confusa Abrilhanta a revolução Contida em opressão jão Não é pros fraco não A coragem desce com gelo e limão Com gelo e limão, facilita a digestão Pra agachar de vinte em vinte Dessipe que não tem limite Se fosse num filme de tropa de elite Mas é a caminha fica na sapata minha fia Madruga na fila com jumbo O cheiro é de pólvora em todos os muros, em todos os muros ("Minha Bossa é Treta")
Raquel Virgínia e Assucena Assucena (As Bahias e a Cozinha Mineira)
Imagem: Reprodução
Amigas desde os tempos da faculdade de História, as cantoras passaram juntas pelo processo de descoberta da transsexualidade e a paixão pela MPB. Lançaram, com a banda Cozinha Mineira, o disco “Mulher” em 2016.
"Quantos tempos teceram teus vestidos de lã? Quantas tranças os tempos fizeram traçar teus cabelos? Quantos beiços beberam do teu peito o afã? E dos seios sugaram o sulco sem dor, dos teus zelos Senhora de saia, de ventre pré-destino Quantos tempos cruzaram num ponto de cruz teu destino? Mães de Jesus, oh virgens, todas virgens!" ("Apologia às Virgens Mães")
Luana Carvalho
Imagem: AgNews
Luana fez novela e cinema, mas agora, com 35 anos, estreia como cantora e compositora. Filha da sambista Beth Carvalho, ela lançou no início do ano não só um, como dois discos, “Sul” e “Branco”.
Vem contestar a falta de ar Vem trajar a fantasia Vem pra rua, arruaçar o dia, vagabundear Vem, vem dançar a falta de amor, protestar a falta de amor Vem de arte, vida e morte, vem Dá-se a própria sorte, vem Tá bonito ver a gente a frente É do mundo, que se reinvente Vão bater, mas não faz mal, é Tanta cara de Pau-Brasil ("Pau-Brasil")
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