Show em SP: Fãs de Korn aprovam filho de 12 anos do baixista do Metallica
A restrição de idade para entrar no show do Korn na noite desta quarta-feira (19), no Espaço das Américas, em São Paulo, era de 16 anos. Abaixo disso, só acompanhado dos pais ou um responsável. Mas uma criança de 12 tinha passagem livre ali: Tye Trujillo, que está excursionando com a banda na turnê da América do Sul, acompanhado de seu pai, o baixista do Metallica, Robert Trujillo.
Tye é baixista em uma banda de metal formada com os amigos da escola e foi escalado para substituir temporariamente o baixista e um dos fundadores do Korn, Reginald "Fieldy" Arvizu, que está doente. Uma baita responsabilidade, já que a linha do baixo é uma das marcas registradas do grupo.
O garoto não fez feio e teve até o seu momento solo na faixa "Shoots and Ladders". Do backstage, Robert Trujillo assistiu e fotografou a apresentação do filho headbanger. No palco, era visível a empolgação do menino, que não parou de sacudir a cabeleira e botou os fãs do Korn para pogarem.
De fato, a pouca idade de Tye não atrapalhou o show, pelo contrário, adicionou um novo elemento e agradou até mesmo os fãs mais fanáticos do Korn. De todos abordados pela reportagem do UOL, ninguém reclamou.
Pai e filho
Mauro Catani, 38, levou o filho Dylan Catani, 9, ao show do Korn com um único objetivo: incentivar o garoto a gostar de rock. "Este não é o primeiro show dele. Fomos juntos ver o Kiss, o Avenged Sevenfold e o Lollapalooza", disse Mauro. "A participação do Tye adicionou um elemento interessante e quero que o Dylan se inspire nele para tocar também", completou Mauro, que é baixista na banda Redneck Brotherhood. "Como baixista e fã de Korn, eu queria ver o baixista original, mas não fiquei chateado". Dylan, por sua vez, disse ser fã do Metallica. "Não me imagino no palco ainda, não. Gosto só de assistir", afirmou o garoto. Após o show, Mauro contou que o filho deixou o local dizendo que queria tocar algum instrumento. "Valeu a pena! Era isso que eu queria. Deu certo".
O melhor momento de Tye
A estudante Luana Rebelo, 17, é a única que gosta do Korn na sua escola. "Juntei dinheiro e comprei o ingresso, mas ninguém quis vir, então eu vim sozinha", contou a jovem. "Um dos pontos fortes do Korn é o baixo. Se colocaram o Tye para tocar é porque ele sabe o que está fazendo", disse. Para ela, o melhor momento de Tye foi durante a música "Blind". "Ele representou muito bem a banda. Com certeza o pai dele está orgulhoso. Durante 'Blind', ele ganhou muito destaque e as câmeras ficaram todas focadas nele. Segurou a onda. Curti muito".
Reggae e metal
Guilherme Pereira Marques, 25, e a namorada Thais Barbosa, 22, são fanáticos por Korn. Embora ele toque guitarra na banda de reggae Palha Seca, a influência do grupo norte-americano foi muito forte em sua formação musical. "Como músico, eu acho sensacional, maravilhoso e incrível que um garoto de 12 anos assuma o baixo do Korn. Ele correspondeu à altura. Não é qualquer um que é chamado para substituir o Fieldy, que é um monstro no baixo", explicou. Já Thais, que é mãe de duas crianças de 6 e 4 anos, quer que os filhos também sejam músicos. "O mais velho é fã de Charlie Brown Jr., mas eles ainda não tocam nenhum instrumento".
Triste com ausência
Como diretor de cena e fotografia, Artur Cachuf, 38, assistiu ao show do Korn da plateia, mas imaginando como seria produzir um videoclipe com a participação de Tye no baixo. Artur já fez câmera de palco em diversos shows e trabalhou em clipes de bandas como Charlie Brown Jr. e Tihuana. "Eu achei do caralho esse moleque no baixo", disse ele, que tem cinco filhos. "Meu filho mais velho, de 16 anos, toca guitarra e bateria. Como fã, eu fiquei triste com a falta do Fieldy, mas é melhor assim do que um cancelamento", afirmou. "Eu achei o show morno, previsível, destes de festivais. Em contra partida, é muito curioso ver um garoto de 12 anos em ação. Ele no palco foi a parte alta, pela curiosidade mesmo. Ele tocou bem e substituiu com estilo, mesmo nas músicas quando ele se fazia estar e ser o instrumento principal. Ele foi bem, sério e focado".
Body modification
Renier Diniz, 32, pai de dois garotos de 2 e 6 anos, se destacava na plateia do Korn por conta de seu visual. Acompanhado de outros amigos (um deles, inclusive, tinha uma tatuagem do Korn na nuca), Renier comentava sobre a participação de Tye no show. "Este ano completa 15 anos desde a primeira vez que vi o Korn ao vivo", disse ele. "Eu adorei o Tye no baixo. Acho que ele será muito foda em 20 anos, quando ele tiver a minha idade. Aí eu vou ter mais uma história para contar", afirmou ele, que é adepto da modificação corporal, com implantes esféricos na testa, língua repartida ao meio e tatuada de preto, dentes com placas de titânio, argolas nas costas, alargadores 60 mm nas orelhas e de 12 mm dentro do nariz, além de ter retirado os mamilos.
"The Serenity of Suffering"
A turnê "The Serenity of Suffering" fez a sua estreia na América Latina na última segunda-feira (17), em Bogotá, na Colômbia. Depois de São Paulo, o show segue para Curitiba (dia 21), Porto Alegre (23), Argentina (25) e Chile (27).
A permanência do garoto na banda, no entanto, é temporária. Fieldy voltará ao grupo em maio, a tempo de participar do festival Carolina Rebellion, na Carolina do Norte (EUA).
Em São Paulo, Tye pareceu bastante à vontade no palco. Em alguns momentos, ficava escondido no fundo do palco, próximo à bateria. Porém, quando vinha para frente, não ficava acanhado e girava a cabeça e a vasta cabeleira como um legítimo headbanger.
O vocalista Jonathan Davis, por sua vez, fez uma apresentação ensaiada, sem improvisos e com um setlist semelhante ao apresentado na Colômbia. Em apenas dois momentos o cantor se dirigiu à plateia. No primeiro, pediu para que dois rapazes parassem de brigar. "Esse aqui é um show de família", disse. E no segundo, apresentou Tye e pediu que ele fizesse um solo de baixo. Um show relativamente curto, que durou 1h30.
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