Gênio do rock ou mala sem alça? Sting volta ao Brasil dividindo opiniões
O cantor Sting está de volta ao Brasil, onde faz apresentação única neste sábado (6) no Allianz Parque, em São Paulo. É a chance de ver de perto um dos maiores astros do pop e rock das últimas décadas, que costuma provocar reações divergentes.
Para fãs, não sem razão, Sting é um dos maiores de todos tempos: compositor e instrumentista habilidoso, dono de timbre vocal marcante e de uma penca de clássicos do rock --o que não é pouca coisa.
Para outros, o líder do The Police pode ser descrito como um típico mala sem alça: um propagador do easy listening e de causas tidas como demagógicas. E alguém que há anos não lança um álbum razoável.
Independentemente do lado em que você se entrincheira nessa discussão, há argumentos que costumam ser usados por cada turma. Tire sua própria conclusão.
O QUE DIZEM OS PRÓ-STING
Criou clássicos do rock
"Roxanne", "Message in a Bottle", "Every Little Thing She Does Is Magic", "Don't Stand So Close to Me", "Every Breath You Take”, “King of Pain"... Sting compôs sozinho todos esses clássicos do The Police. Achou pouco? Some aí discos excelentes como “Outlandos d'Amour”, “Zenyatta Mondatta” e “Synchronicity”, que provaram que new wave, pós-punk e reggae tinham tudo a ver. Sucessos individuais? Ele tem vários: "If You Love Somebody Set Them Free", "All This Time" e "Fields of Gold”, só para começar.
É excelente instrumentista
Tal como Paul McCartney e Stevie Wonder, Sting é da classe dos multi-instrumentistas. Sua especialidade é o contrabaixo. Nele, criou linhas que conseguem ser ao mesmo tempo simples e de extrema dificuldade na execução, desgarradas da métrica vocal. Sting é considerado por muitos músicos como um mestre na arte de sustentação de harmonias, tanto no baixo convencional, o fretless (um baixo sem os trastes do braço) e o acústico, típico do jazz, estilo que também domina.
Talento fora da música
Além de músico, Sting é ator de cinema e televisão. Desde os anos 1980, como personagem ou interpretando a si mesmo, participou de mais de 20 produções. Entre elas está "Quadrophenia", adaptação da ópera-rock do The Who. Na Broadway, ele também atuou em "A Ópera dos Três Vinténs" e no musical "The Last Ship", inspirado em sua própria vida.
Premiadíssimo
Que tal ganhar 16 prêmios Grammy, Brit Award, um Globo de Ouro e um Emmy? Todos esses troféus repousam na estante de Sting. Outras láureas: foi induzido ao Hall da Fama do Rock and Roll e ao Hall da Fama dos Compositores. Estrela na calçada da fama? Sting tem. Título da Ordem do Império Britânico? Também! Como se não bastasse, o artista ainda recebeu das mãos do ex-presidente dos Estados Unidos Barack Obama a honraria do Prêmio Kennedy em 2014.
Ainda influente
Men at Work, The Outfield, Simple Minds, INXS e até Rush e Yes em suas fases oitentistas: todas essas bandas beberam de alguma forma da fonte de Sting em seu The Police. No Brasil, inúmeros grupos, desde Paralamas do Sucesso a Charlie Brown Jr, também tiveram forte influência daquela sonoridade. Entre nomes mais recentes, destaque para No Doubt, Bruno Mars e The 1975, que atestam a perenidade do legado.
O QUE DIZEM OS HATERS
Ativismo fake?
Ativo politicamente, Sting é membro da Anistia Internacional e já participou de manifestações contra a violência na Irlanda, Palestina e África, além de ter promovido shows beneficentes. Ele também é o criador da Rainforest Foundation Fund, fundação que defende a Amazônia e o interesse dos índios, e se posicionou contra à construção da usina de Belo Monte (PA). Tudo isso está longe de ser defeito --pelo contrário--, mas há quem enxergue oportunismo na postura, que estaria relacionada a pretensões intelectuais e à chamada "esquerda caviar", repleta de milionários como ele. Palavra dos haters.
Discos solos ruins
De que vale ser um gênio se a fonte secou? Esse é o argumento de muitos dos que defenestram Sting. Não deixa de fazer sentido. De fato, desde os anos 1990 ele não lança um álbum que seja sucesso de crítica e que tenha muitas músicas memoráveis. Alguns chegam a dizer, inclusive, que Sting nunca entregou um grande trabalho após desfazer o The Police e se afastar do rock, ainda nos anos 1980. Seu último disco, "57th & 9th", que propõe uma volta às guitarras, recebeu avaliações mistas da crítica especializada.
Coleciona fiascos
Sting costuma se dar bem na música, mas fora deste universo há divergências. Basta lembrar que diversos filmes seus foram mal de bilheteria. Entre eles, "As Aventuras do Barão Munchausen" (1989), "A Prometida" (1985) e o britânico "Plenty" (1985), drama de guerra estrelado por Meryl Streep que registrou prejuízo de quase US$ 4 milhões. Seu recente musical na Broadway, "The Last Ship", também foi um fiasco, tendo de sair de cartaz em 2015 devido à baixa venda de ingressos.
Excêntrico
Atitudes vistas como excêntricas costumam render críticas a Sting. Exemplo: em 2014, o músico afirmou que seus filhos não herdarão sua fortuna, avaliada em mais de 180 milhões de libras (cerca de R$ 740 milhões na cotação atual). Ele explica: "Eles têm de ser éticos e bem-sucedidos pelo próprio mérito", disse Sting. "Não vai sobrar muito dinheiro para eles. Estamos gastando tudo."
Chato da world music
Uma piada maldosa do showbiz diz que o interesse de um artista pela chamada world music, estilo que agrega elementos étnicos ao pop, é diretamente proporcional ao quanto ele consegue ser um mala sem alça. A má fama do gênero, que já foi explorado por nomes como Paul Simon e Peter Gabriel, acaba caindo em cima de Sting, mesmo ele nunca tendo de fato mergulhado no estilo. Existem detratores --e fãs-- que não perdoam álbuns como "Brand New Day" (1999).
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