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Maximus: Prophets of Rage pede "fora, Temer", mas evita palanque político

Felipe Branco Cruz

Do UOL, em São Paulo

13/05/2017 20h35

Depois de ter tocado no pequeno Audio Club, em São Paulo, e passar pelo Rio, Prophets of Rage voltou à capital paulista para participar do festival Maximus como uma de suas atrações principais neste sábado (13).

Parte do público comentou durante todo o dia, no autódromo de Interlagos, sobre a sugestão do guitarrista Tom Morello, também integrante do Rage Against the Machine, de promover uma invasão ao festival. Ele disse aos fãs que quem não tivesse dinheiro poderiam ver seu show de graça. Era "só" invadir o local.

Segundo a organização do evento, nenhuma ocorrência do tipo foi registrada. Mesmo assim, a banda mostrou que não faz só música. Faz também política. No festival, durante a execução de ”Fight the Power”, cover do Public Enemy, Tom Morello exibiu um cartaz com a inscrição “Fora Temer” colado atrás de sua guitarra.

O gesto, que acontece um ano após o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, já havia aparecido no Audio Club e no Rio de Janeiro. No passado, em outros shows pelo Brasil, Morello, que é conhecido pelas posições de esquerda, chegou a usar um boné do MST.

Na noite deste sábado, a veia política do grupo não saltou só do guitarrista. Um dos objetivos declarados para a criação do supergrupo em 2016 era evitar a eleição de Donald Trump. Não funcionou. Perderam a batalha, mas não a guerra.

Morello e o baixista Tim Commerford, o baterista Brad Wilk (os três ex-Rage Against the Machine e Audioslave) o DJ Lord e o rapper Chuck D (do Public Enemy) e o rapper B-Real (do Cypress Hill) agora querem espalhar sua mensagem política mundialmente.

Mas e o show?

A apresentação não virou um palanque político, mas ela também não foi um simples show de rock. O repertório, formado por 70% de músicas do Rage Against the Machine, teve até “Take the Power Back”, que soou absolutamente atual diante das situações políticas no Brasil e EUA, seguida de um sonoro coro “fora, Temer”, audível mesmo da área VIP, centenas de metros atrás do palco.

O set ainda teve a nova "Unfuck the World" e clássicos do Rage Against the Machine como "Guerilla Radio", "Bulls on Parade" e "Killing in the Name" e também do Cypress Hill e Public Enemy, mas o show é mesmo de Morello e Commerford. A guitarra de um e o baixo do outro norteiam a apresentação. Quem sentiu saudades do Rage Against the Machine provavelmente saiu satisfeito.