De volta ao Brasil, King Diamond conta como "renasceu" ao lado do Metallica
King Diamond é um dos maiores influenciadores da história do metal, com seus falsetes, seu rosto pintado e toda a teatralidade satânica dos shows. Para se ter uma ideia, o Metallica não seria a banda que é hoje se não tivessem bebido da fonte do dinamarquês e de sua primeira banda, o Mercyful Fate. O curioso é que, para voltar ao Brasil após duas décadas, King Diamond deve muito ao próprio Metallica, que o ajudou a dar a volta por cima após desafiar a morte por causa de um problema de saúde.
O vocalista e a banda que leva seu nome lideram o Liberation Festival, que acontece no próximo domingo (25) em São Paulo, em um momento especial da vida de Kim Bendix Petersen —nome de nascimento do cantor, hoje um senhor de 61 anos. Agora ele está em produção de seu primeiro disco de inéditas em dez anos e fazendo shows. Mas, em 2010, o dinamarquês teve um problema grave no coração. Foi operado, ganhou três pontes de safena, interrompeu todo seu trabalho como músico, e a recuperação afetou sua voz.
No fim, King Diamond se beneficiou disso tudo: cortou os cigarros, passou a se exercitar e evoluiu a ponto de querer voltar ao palco. E seu grande teste foi tocando como convidado do Metallica, na festa de 30 anos da banda, quando os ícones do thrash metal se apresentaram por cinco dias seguidos, sempre com convidados especiais, no fim de 2011.
"Foi ótimo subir no palco para os 30 anos do Metallica, mas também foi um enorme teste. Eu não tinha cantado desde o problema no coração, tive só um pequeno teste com uma banda local antes, e não foi nada bem. Tive que sair dali ainda na passagem de som, foi muito desconfortável. Para o Metallica, eu já tinha operado e estava liberado pelos médicos, mas não sabia como meu corpo reagiria, eu sabia que ou dava certo, ou iria voltar para casa. Quando comecei a cantar, não senti nada de ruim, senti que estava curado", relatou o vocalista, que na ocasião se apresentou com parte do Mercyful Fate.
King Diamond sabe da importância dele para a maior banda de thrash metal do mundo, e vice-versa. O Metallica inclusive gravou um "medley" de músicas do Mercyful Fate no disco de covers "Garage Inc". E a amizade dura até hoje. "Eles são ótimos caras, tenho muito respeito por eles e sempre me sinto honrado ao ser citado por eles". Em uma foto de uma passagem de som há dois anos, o vocalista apareceu de cara limpa e vestindo uma camiseta da banda amiga.
A volta ao Brasil
King Diamond trata a volta ao Brasil de modo especial. A ocasião é diferente. Ele não está em turnê, mas decidiu interromper as gravações do novo disco de sua banda para fazer apenas três shows —a vinda à capital paulista é a única data no Brasil. As apresentações são baseadas no clássico álbum "Abigail", de 1987, tocado na íntegra, e em outros sons consagrados do grupo e do Mercyful Fate.
Ele admite ter poucas lembranças da passagem pelo Brasil em 1996, quando veio ao festival Monsters of Rock e fez dois sets: um com o Mercyful Fate e outro com o King Diamong. Cita o churrasco e a água de coco e diz que está animado em apresentar o país à sua mulher.
Empolgado mesmo ele está com o show em São Paulo e o novo disco. "Tudo o que passei fez minha voz voltar ainda melhor. Hoje tenho mais facilidade, e olhe que corro dois andares para cima e para baixo, por 90 minutos. E, no fim, estou bem. Na última vez em que estive no Brasil, ao final do show, mal conseguia falar. É uma ótima sensação, afinal, eu podia nem estar mais aqui", disse ele, sobre o problema no coração.
"Estamos ansiosos de levar o show completo com 'Abigail', temos tudo pronto, vamos levar um container com toda a produção e sabemos executar esse show com perfeição. É o melhor momento para você assistir ao King Diamond”, promete o vocalista.
O disco novo, ainda sem data para lançamento, terá influências dos dramas vividos pelo vocalista. Uma nova história será criada, mas ele garante que a sonoridade vai ter um quê de nostalgia.
"Estamos seriamente atrás daquela sonoridade dos tempos de 'Abigail', mas vamos contar uma nova história. Com o estúdio que montei em casa, as coisas ficaram mais fáceis. Falei com o Andy (LaRocque, guitarrista), e queremos tocar com o sentimento dos velhos tempos. Quanto à história, há sim coisas que vivi no hospital. Não é sobre o hospital, mas definitivamente minha experiência vai fazer parte das letras."
Polêmicas: satanismo e Trump
Entre as polêmicas que cabem a King Diamond, uma ele fala abertamente e outra ele deixa nas entrelinhas. O dinamarquês reafirmou seu lado satânico, mas, questionado sobre o fato de ser um imigrante que mora nos Estados Unidos, preferiu não criticar o atual presidente, Donald Trump, diretamente.
O fato de se declarar satanista não faz de King Diamond um cara mau. E nem alguém que pregue sua religião aos outros. "Já falei muitas vezes sobre isso, e em como as religiões já causaram muitas guerras. Há sempre extremistas matando, e não concordo com isso. Não acho que todos devem acreditar na mesma coisa. É ok ser diferente, desde que haja respeito", defende ele. "Olha, eu não sei se há um Deus. Nunca me provaram que ele existe, então, eu apenas não acredito. Já a Bíblia satânica é algo mais filosófico. Eu sou um cara espiritual, acredito que vamos nos ver depois da morte, mas não tenho provas para acreditar em algo, como as religiões vendem."
Já sobre política, ele tem uma posição clara, mas não esconde que não deve estar muito satisfeito com as peripécias de Trump. "Eu não falo sobre política. A única coisa que posso dizer é que não gosto de nenhum político. É muita ganância e pouco trabalho para o povo. Eles deveriam estar lá fazendo as coisas para as pessoas, e não é o que estamos vendo", concluiu o vocalista, deixando uma mensagem bem clara.
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