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Titãs, Lobão, Ultraje, Capital, Legião: O Brasil era rock há 30 anos

Legião Urbana, Ultraje a Rigor, Titãs: destaques do rock nacional produzido em 1987 - Divulgação/Montagem
Legião Urbana, Ultraje a Rigor, Titãs: destaques do rock nacional produzido em 1987
Imagem: Divulgação/Montagem

Rodolfo Vicentini

Do UOL, em São Paulo

27/06/2017 04h00

Fica até difícil de imaginar, mas o país onde sertanejo domina o mercado atual já foi (mais) roqueiro um dia. O longínquo ano de 1987 é marcante para o rock nacional, e a guitarra distorcida estava fincada na cabeça dos brasileiros. Basta olhar para as dez músicas mais bombadas daquele ano: a campeã foi "Livin' On a Prayer", do Bon Jovi, e ainda havia Legião Urbana, Lulu Santos, Cazuza e U2.

O rock brasileiro aproveitava a talentosa safra da década de 1980 e gozava seu esplendor. Enquanto o Ultraje a Rigor chocava puritanos com o segundo álbum da carreira, "Sexo!!", e os Titãs davam sequência à elogiada discografia com o atual "Jesus Não Tem Dentes no País dos Banguelas", Renato Russo lançava o hino de sua geração em "Que País É Este".

Relembre os principais álbuns lançados no rock brasileiro há 30 anos.

Lobão - "Vida Bandida"

Capa do álbum "Vida Bandida", de Lobão - Divulgação - Divulgação
Imagem: Divulgação

De baterista da banda progressiva Vimana a integrante da Blitz, Lobão já tinha certa experiência quando lançou o terceiro álbum da carreira solo, talvez o mais associado a seu nome. A canção "Bla Bla Blá... Eu Te Amo (Rádio Blá)" fez parte da trilha sonora da novela "Brega & Chique", e o trabalho vendeu mais de 350 mil cópias. Recentemente, o músico regravou a faixa-título do disco com o refrão "Dilma Bandida", deixando furioso o ex-parceiro musical Bernardo Vilhena, também compositor da música, que chamou a variante de "machista e covarde".

Engenheiros do Hawaii - "A Revolta dos Dândis"

Capa do álbum "Revolta dos Dândis", do Engenheiros do Hawaii - Divulgação - Divulgação
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"Terra de Gigantes", "Infinita Highway" e as faixas-título estavam no álbum lançado pelo Engenheiros do Hawaii. Humberto Gessinger se distanciou da levada reggae/rock e ska do trabalho de estreia e colocou ainda mais personalidade na sua filosofia. O recém-chegado guitarrista Augusto Licks foi fundamental para o novo caminho da banda, destacando-se em "Refrão de Bolero" e "Filmes de Guerra, Canções de Amor". Assumindo o baixo, Gessinge rodou o Brasil com o grupo em 1987 e 1988 na extensa turnê de divulgação.

Titãs - "Jesus Não Tem Dentes no País dos Banguelas"

Capa do álbum "Jesus Não Tem Dentes no País dos Banguelas" - Divulgação - Divulgação
Imagem: Divulgação

"Uma pessoa boa quer amor / Uma pessoa má quer amor" Independentemente do grupo em que você esteja inserido, é indiscutível o impacto deste trabalho dos Titãs. A voz alucinada de Arnaldo Antunes na faixa de abertura seguida pela bateria ressoante de Chales Gavin em "Comida" introduz o crítico e revolucionário álbum. E tudo isso um ano após "Cabeça Dinossauro", outra monólito do rock brasileiro. Sob tutela do produtor Liminha, os na época nove integrantes criaram um claustrofóbico e perturbador trabalho que ainda hoje faz sentido na sociedade.

Kid Abelha - "Tomate"

Capa do álbum "Tomate", de Kid Abelha - Divulgação - Divulgação
Imagem: Divulgação

A cantora Paula Toller era o "sex symbol" da segunda metade da década de 1980, e o Kid Abelha aproveitava o sucesso de álbum, vendendo mais de 100 mil cópias. Novamente com Liminha na produção, o grupo arriscou em um som puxado para o funk americano, graças ao baixo de Nilo Romero. Os críticos sentiram falta das composições do ex-integrante Leoni, principal letrista dos trabalhos anteriores. As faixas "Me Deixa Falar", "No Meio da Rua" e "Amanhã É 23" (que ainda foi destaque na novela "O Outro") são os hits do trabalho, todos compostos por Toller e George Israel.

Capital Inicial - "Independência"

Capa do álbum "Independência", do Capital Inicial - Divulgação - Divulgação
Imagem: Divulgação

Obrigatória nos shows, a faixa de abertura deu voz à juventude da época, mas musicalmente o disco do Capital Inicial era muito mais plural, desde os teclados do produtor Bozo Barreti, passando pelo sax de George Israel e pelo vocal agressivo de Dinho Ouro Preto. Bebendo do punk, rock alternativo e new wave, o grupo de Brasília se estabeleceu como uma das novas potências do rock nacional. Quase todas as faixas foram compostas em poucos meses, e o álbum foi distribuído pela PolyGram, parceira de Gal Costa, Belchior e Caetano.

Ultraje a Rigor - "Sexo!!"

Capa do álbum "Sexo!!", do Ultraja e Rigor - Divulgação - Divulgação
Imagem: Divulgação

Mais de 250 mil cópias do segundo álbum de Ultraje foram vendidas, rendendo disco de platina a Roger Moreira e banda. O grupo que chocou com as letras bem-humoradas e ácidas de "Inútil, "Marylou" e "Zoraide" deu sequência à discografia com mais uma pérola produzida por Liminha. Do punk rock "Eu Gosto de Mulher" à faixa-título, passando pela surreal "Pelado" (trilha da novela "Brega & Chique"), o Ultraje era irônico ao sabotar a própria música para apontar os erros do dia a dia, já que, como disse Roger, "Eu sou assim meio atrasadão / Conservador, reacionário e caretão".

Barão Vermelho - "Rock'n Geral"

Capa do álbum "Rock'n Geral", do Barão Vermelho - Divulgação - Divulgação
Imagem: Divulgação

Cazuza tinha saído do grupo há dois anos, deixando as rédeas da banda nas mãos de Frejat. A mistura de hard rock oitentista, blues e rockabilly dava uma cara particular em relação às outras bandas do rock nacional, e o peso do Barão salientava o talento dos integrantes. A cozinha sólida formada por Dé e Guto Goffi, sempre em sintonia com a guitarra rasgada de Frejat, deu vida ao groove de "Blues do Abandono", mas a balada à la Pink Floyd "Me Acalmo, Me Desespero" roubou a atenção no trabalho, que vendeu mais de 100 mil cópias.

 

Legião Urbana - "Que País É Este - 1978/1987"

Capa do álbum "Que País É Esse?", da Legião Urbana - Divulgação - Divulgação
Imagem: Divulgação

Com o hino político da geração que hoje está na casa dos 40 anos, o álbum da Legião tinha "Que País É Este", "Eu Sei" e "Faroeste Caboclo". O rock alternativo de Velvet Underground e The Smiths podia ser ouvido nas entrelinhas de cada frase cantada por Renato Russo. Ele reuniu algumas canções antigas no álbum --muitas vezes tratado como coletânea-- e vociferou sobre corrupção, desmatamento, massacre indígena e relações pessoais. Vendeu mais de um milhão de unidades.