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De Cazuza a Roberto Carlos: 7 músicas que ficaram melhores com Raça Negra

Luiz Carlos, vocalista do Raça Negra - Léo Lima
Luiz Carlos, vocalista do Raça Negra Imagem: Léo Lima

Paulo Pacheco

Do UOL, em São Paulo

30/06/2017 04h00

Com mais de 30 anos de carreira, Raça Negra conseguiu o que poucos grupos musicais conseguiram: tornaram-se unanimidade. A banda é uma das únicas que faz roqueiros, sertanejos e amantes de música clássica se unirem para cantar "didididididiê", refrão de "Cheia de Manias" que deverá ser gravada em inglês e espanhol.

O poder de "unir todas as tribos", como diria Dinho Ouro Preto, também permitiu ao grupo liderado por Luiz Carlos e sua inconfundível língua presa gravar versões pagodeiras de sucessos de outros ritmos, do rock ao sertanejo. E perceba: qualquer música fica melhor quando é tocada pelo Raça Negra.

Já pensou Legião Urbana, Barão Vermelho, Zezé Di Camargo & Luciano e Roberto Carlos em versão pagode? O Raça Negra fez e superou as músicas originais. Quer uma prova? "Deus me Livre", canção favorita do famoso menino fã de Raça Negra que chorou com Silvio Santos, é uma regravação. Mas quem se lembra da outra?

"Deus me Livre" (Althair & Alexandre)

A história de um homem que sofre por amar demais foi cantada em 1998 pela dupla sertaneja que na época se chamava Ataíde & Alexandre. Mas o sucesso veio no ano seguinte, quando Raça Negra incluiu a canção em seu álbum ao vivo. A letra sofrida virou um pagode dançante e foi muito executada nas rádios. A música também levou à fama o fã mirim Luiz Salles, que em 2000 foi ao SBT e chorou com as piadas de Silvio Santos, mas conheceu Luiz Carlos (chamado por ele de "Raça Negra") e cantou com os ídolos.

"Desculpe, mas Eu Vou Chorar" (Leandro & Leonardo)

Antes de "Deus Me Livre", o Raça Negra já tinha experiência em transformar sofrências sertanejas em pagodes animados. Foi o que eles fizeram no segundo álbum, lançado em 1992, que explodiu com o hit "Cigana". O grupo regravou "Desculpe, mas Eu Vou Chorar", sucesso de 1990 de Leandro & Leonardo, e surpreendeu ao fazer o público sambar com a história de um homem que chora com a solidão e encontra o amor em um "gole de cerveja". Não dá para sofrer com a batida dançante do grupo de Luiz Carlos.

"É o Amor" (Zezé Di Camargo & Luciano)

O álbum que tem "Cigana" e "Desculpe, mas Eu Vou Chorar" guarda outra pérola. "É o Amor", maior sucesso de Zezé Di Camargo & Luciano, foi lançado pelo Raça Negra um ano após ter estourado nas rádios. Sem os gritos agudos de Zezé, Luiz Carlos conseguiu tornar a canção ainda mais romântica. O grupo também regravou outros sucessos sertanejos, como "Gostoso Sentimento", de Leandro & Leonardo, e "Dou a Vida por um Beijo", outra de Zezé & Luciano.

"Será" (Legião Urbana)

Quando Renato Russo compôs "Tire suas mãos de mim, eu não pertenço a você", certamente não pensou que sua música poderia ser um ótimo pagode. Mas o Raça Negra conseguiu melhorar o primeiro hit da Legião Urbana, de 1985. A interpretação de Luiz Carlos e os pandeiros no lugar das guitarras fazem o público sambar em vez de apenas bater cabeça. "Será" foi lançada no terceiro álbum do grupo, em 1992, trabalho que reuniu canções do disco anterior, como "Cigana", e clássicos como "Cheia de Manias" (do refrão "Didididididiê").

"Pro Dia Nascer Feliz" (Barão Vermelho)

O sucesso do quarto álbum do Raça Negra é uma regravação improvável: "Pro Dia Nascer Feliz". A música de Cazuza e Roberto Frejat foi lançada em 1983 e regravada por Ney Matogrosso, mas nenhuma das versões tem a ginga do Raça Negra. O pagode foi uma das canções mais executadas nas rádios em 1994 e rendeu ao grupo um convite para participar de uma campanha nacional contra a Aids, doença que matou Cazuza em 1990.

"Adivinha o Quê?" (Lulu Santos)

Em outra encarnação, "Adivinha o Quê" foi um pagode e a versão do Raça Negra não deixa dúvida sobre isso. Afinal, os pagodeiros são especialistas em "dizer sem dizer", brincar com o duplo sentido e o apelo sexual. A música sensual lançada por Lulu Santos em 1983 ficou ainda provocativa doze anos depois, quando virou pagode. Ouvir "só faço com você" com a língua presa de Luiz Carlos é uma experiência fascinante!

"E Não Vou Mais Deixar Você Tão Só" (Roberto Carlos)

A versatilidade do Raça Negra foi colocada à prova em 2002, quando o grupo lançou um álbum somente com regravações da Jovem Guarda. E deu muito certo. A maior prova está na versão de "E Não Vou Mais Deixar Você Tão Só", uma das maiores "fossas" cantadas por Roberto Carlos. A música ganhou sorriso na voz de Luiz Carlos até em versos depressivos como "meus olhos vermelhos cansados de chorar querem sorrir". O álbum tem pérolas como "O Bom", em parceria com Erasmo Carlos.