Na lama e na chuva: como é acampar no maior festival do norte europeu?
A tão anunciada tempestade finalmente chegou à cidade de Roskilde, na Dinamarca, nesta sexta-feira (30) e com ela a tradicional lama, que quase todos os anos dá as caras no festival que leva o nome do lugar.
O frio, a chuva e a lama não são tão incômodos para quem está em algum hotel na capital Copenhague e vai e volta todos os dias para o festival. A viagem, de aproximadamente 35 km, é muito fácil de ser feita, já que a prefeitura montou uma estação de trem provisória ao lado da portaria do evento e o trajeto não dura mais do que 40 minutos.
Neste ano, o Festival tem como atrações principais Foo Fighters, Lorde, The Weeknd, Royal Blood, entre outros, além dos brasileiros Elza Soares e Baianasystem. Os principais shows serão transmitidos pelo UOL, em parceria com a Red Bull Brasil, que está gerando as imagens.
As dificuldades podem até ser cruéis, mas certamente não incomodam esse jovens, que têm entre 18 e 30 anos e encaram tudo isso como coisas inerentes ao festival. “Se quisermos participar disso tudo aqui, temos que acampar. Roskilde tem apenas 53 mil habitantes, quase a quantidade de barracas aqui, não há lugar para todo mundo”, disse Christian Stii, 21, morador da cidade, mas que durante o Festival vem para o local ficar acampado com os amigos. “É claro que tudo seria melhor sem chuva, mas já que ela está aí, vamos curtir assim mesmo”, concluiu.
Banho no lago
Não é fácil descrever o tamanho do acampamento, nem o estado em que ele fica durante os dias do Festival, já que o público costuma montar as barracas uma semana antes das atrações começarem e ficam por aqui, bebendo, ouvindo música, nadando em um lago de águas congelantes e (tentando) pescar em outro.
Como já é tradição no festival, os jovens se unem em grupos e criam bandeiras que utilizam para se encontrar nos shows. É por causa disso que durante as apresentações há várias delas, cada uma representando o seu grupo no acampamento.
“No sábado passado (24), quando o acampamento foi aberto, corremos para achar o melhor lugar, afinal precisávamos montar esta tenda gigante para 24 pessoas”, contou Fredrik. “A estratégia é correr com a bandeira e um apito e tomar posse”, explicou ele, que mora no sul da Dinamarca. O espaço, aliás, ficou bem equipado com muitas latas de cerveja e um amplificador de som para a música. “Para nós, todo dia é como se fosse um réveillon, então, fazemos contagem regressiva e soltamos fogos à meia-noite”.
Durante os dias de acampamento, ele diz que acontece de tudo. Por exemplo, nesta madrugada, por volta das 4h, Fredrik contou que dois amigos começaram a gritar “Você bateu na minha cara. Vou te bater também” e ficaram nisso por uns 40 minutos. “Eles só pararam quando alguém gritou: ‘Vocês são gays? Vão transar”, disse.
Além de banheiros, a infraestrutura do acampamento oferece luz e lugar para tomar banho quente. Entre as barracas, há as “cidades”, que são imensas praças de alimentação com vários palcos e uma programação de shows diferente do festival. Lá é possível comprar cerveja e comida e aguardar com os amigos os portões abrirem.
Há, por fim, a versão ainda mais selvagem do camping, só para os fortes. Em um espaço distante 2 km da portaria principal, há dois lagos com águas congelantes. Em um deles é permitido nadar (e muitos vão para lá tomar banho) e um outro repleto de peixes, que podem ser pescados. A organização afirma que as pessoas podem comê-los, embora até hoje foram poucos que conseguiram pescar algum.
Embora seja verão na Dinamarca, as temperaturas não passam dos 20 graus. À reportagem do UOL, um rapaz que tinha acabado de sair do lago brincou com o frio. "Quem sabe no ano que vem você consiga voltar no 'verão'? Temos apenas um dia de verão. Boa sorte", ironizou.
Como deu para perceber, curtir o Festival de Roskilde como um dinamarquês não é fácil. Porém, todas as pessoas entrevistadas garantiram: a diversão, a amizade e os aprendizados que cada um deles levam de lá, não têm preço.
*O repórter viajou a convite da Red Bull Brasil.
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