Com k-pop em ascensão, grupo coreano percorre o Brasil de São Paulo ao Acre
Um fenômeno curioso trouxe ao Brasil um grupo de k-pop formado há apenas quatro meses. Com 6 sul-coreanos e 1 japonês na faixa dos vinte e poucos anos, o BLANC7 (pronuncia-se blán séven) fechou uma série de apresentações na América do Sul após notar que os brasileiros chegavam a dominar até 90% das interações com os artistas nas redes sociais.
Shinwoo, Jean Paul, Teno, D.L, Spax, K. Kid e Taichi chegaram ao Brasil há uma semana. Desde então eles já se apresentaram no Anime Friends, em São Paulo, e fizeram um evento com fãs em Curitiba. Entre uma cidade brasileira e outra, deram um pulinho em Assunção para atender os fãs paraguaios.
O BLANC7 segue no Brasil e se apresenta de novo em São Paulo neste sábado (15), na primeira edição do KEX, evento de cultura coreana. Os meninos finalizam a turnê sul-americana no domingo (16), em Rio Branco, fazendo história como o primeiro grupo de K-pop a se apresentar no Acre.
Google Tradutor ajuda
Com a ajuda de um tradutor, o UOL conversou com os sete integrantes sobre o fenômeno e as curiosidades na recente interação com os brasileiros. Apesar de o inglês aparecer nos versos de algumas canções, o grupo não domina o idioma. Eles cantam e se comunicam em coreano, prezando pela cultura local.
"Os fãs brasileiros se esforçam para escrever coreano. Nas interações, percebemos que alguns dominam o japonês e usam ferramentas para traduzir do japonês para o coreano", conta D.L.
Shinwoo lembra que eles também recorrem ao Google Tradutor quando as mensagens chegam em português. "Ajuda a gente a entender a língua. Eu, por exemplo, já consigo entender quando é um homem ou mulher escrevendo", diz, lembrando do exemplo de "obrigado e obrigada."
O efeito imediato da onda coreana no Brasil é um aumento na busca por cursos do idioma, alguns deles no próprio Centro Cultural Coreano, onde o grupo conversou com a reportagem.
Aos poucos, os fãs brasileiros também vão se adaptando ao estilo de tietar seus ídolos. Conhecidos internacionalmente pela histeria, os adolescentes brasileiros se controlam para serem respeitosos e seguir as regras mais rígidas importadas da Coreia. Há o momento certo para fotos, aplausos e interação, tudo organizado previamente.
"Os fãs brasileiros são respeitosos e mantém a distância quando é pedido", destacou D.L. Teno, porém, lembrou que os brasileiros "expressam melhor os sentimentos" e "passam uma energia fantástica" para eles.
Anitta e "obrigadeiro"
Mas toda essa formalidade não reflete necessariamente no comportamento do grupo. Entre eles, os integrantes são brincalhões e dizem curtir até um som de Anitta. Um dos mais extrovertidos, D.L se declarou fã da cantora brasileira e do "Bonde do Tigrão".
A turnê no Brasil rendeu ainda uma visita ao Centro de Treinamento do Corinthians, onde os coreanos puderam conhecer todo o elenco do time e uma caminhada de uma hora e meia pelo centro de São Paulo que acabou com um bate-bola com um grupo que jogava no Vale do Anhangabaú.
Brigadeiros, iguaria oferecida por 9 em cada 10 fãs, acabou virando piada entre eles depois de uma confusão com o nome do doce e a saudação de agradecimento. "Obrigadeiro" caiu nas graças dos fãs.
Até agora, o balanço da troca cultural entre países tão distantes tem saldo positivo. "Antes de eu vir ao Brasil me alertaram que era muito perigoso. Mas senti confiança nas pessoas e aos poucos vi que era algo que não precisaria me preocupar", diz Teno, rapper principal e dançarino do grupo.
Só o esforço de viajar entre São Paulo e Rio Branco prova o investimento da indústria de entretenimento coreana para conquistar de vez o mercado brasileiro. A distância de 3.600 kms viajada entre as cidade é o mesmo que fazer cerca de onze viagens entre Busan e Seoul, o que corresponde a cruzar toda a Coreia do Sul.
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