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Há 50 anos, Pink Floyd surgia como uma força experimental e psicodélica

Capa do álbum "The Piper at the Gates of Dawn", do Pink Floyd - Divulgação
Capa do álbum "The Piper at the Gates of Dawn", do Pink Floyd Imagem: Divulgação

Do UOL, em São Paulo

04/08/2017 18h03

O tempo passa mais rápido do que a gente imagina e, nesta sexta-feira (04), "The Piper at the Gates of Dawn", trabalho de estreia do Pink Floyd, completa 50 anos desde seu lançamento.

Sob liderança do "diamante louco" Syd Barrett, o grupo surgia na onda da psicodelia da década de 1960 que respirava o mainstream com os Beatles desde "Revolver", lançado no ano anterior.

Mas o quarteto ainda composto por Roger Waters (baixo e vocal), Richard Wright (teclado) e Nick Mason (bateria) foi além e transformou o "primeiro ato" da carreira em um marco do rock experimental.

Experimentar até na gravação

Um dos grandes responsáveis pela sonoridade única encontrada foi o engenheiro de som Pete Brown, que, ao lado do experiente produtor Norman Smith, trabalhou em um formato diferente do usual na época.

O Abbey Road Studios, mesmo local onde os Beatles tinham gravado "Rubber Soul" e "Revolver", foi o ponto de partida para a banda. Mas diferente do que Smith fez com o quarteto de Liverpool, outros tipos de microfones foram escolhidos para a gravação do debute do Pink Floyd, justamente pela voz calma de Barrett.

O vocalista, então, foi colocado em uma cabine para registrar sua voz separada. Em seguida, uma técnica de mixagem ampliou e reverberou o som, criando mais camadas nas músicas.

Richard Wright (teclado), Syd Barret (guitarra e voz), Nick Mason (bateria) e Roger Waters (baixo) nos anos inicias do Pink Floyd - Reprodução - Reprodução
Richard Wright (teclado), Syd Barret (guitarra e voz), Nick Mason (bateria) e Roger Waters (baixo) nos anos inicias do Pink Floyd
Imagem: Reprodução

O álbum

Mesmo com a EMI tentando distanciar a banda da cena alternativa inglesa e da visão de que a sonoridade do Pink Floyd seria para "usuários de LSD" (como pregavam os mais conservadores), a imagem do grupo ficou associado ao uso de drogas, principalmente por Barrett.

"The Piper at the Gates of Dawn" é resultado de longas "jam sessions" e temas delicados de um incansável e perturbado letrista, que versou sobre o espaço, mundos onírico e temas sinistros.

A faixa de abertura, "Astronomy Domine", soa até como uma forma incipiente de obras que surgiriam depois. A percussão furiosa de Mason enquanto Barrett destila a corda "E" solta antes de passar para as notas agudas criam uma ambientação tensa vista nas posteriores "One of These Days", "Echoes" e "Obscured by the Clouds".

 A inocência de "Bike" apareceria remodelada em "Summer '68" e a angustiante "Welcome to the Machine" dava os primeiros passos em "Interstellar Overdrive" e na instrumental "Pow R. Toc H.". 

Legado

O trabalho foi elogiado assim que saiu para audição, mas com o tempo o legado do álbum de estreia cresceu, sendo classificado como indispensável.

O debute do Pink Floyd também é um registro do talento de Barrett, que sairia da banda em 1968 devido a problemas relacionados ao uso excessivo de drogas alucinógenas, enquanto muitos ainda sugerem que o músico sofria com esquizofrenia. 

David Gilmour, aos poucos, ocupou o lugar do ex-integrante e levou a banda a alcançar o status de clássico com os trabalhos da década de 1970 "Meddle", "The Dark Side of the Moon", "Wish You Were Here", "Animals" e "The Wall".

Com o sucesso estrondoso do icônico álbum do prisma sobre a superfície negra -- que vendeu mais de 45 milhões de unidades --, "The Piper at the Gates of Dawn" e o trabalho seguinte, "A Sacerful of Secrets", foram relançados dentro da coletânea "A Nice Pair" em 1973, para que os fãs recentes da banda pudessem conhecer as músicas anteriores.

Gilmour sempre fez questão de incluir algumas faixas de Barrett nas apresentações ao vivo do Pink Floyd, e mesmo na carreira solo o guitarrista apresenta uma versão mais distorcida de "Astronomy Domine", como vista na passagem pelo Brasil em 2015.