De musa da MTV aos palcos: Como Sabrina Parlatore aceitou seu dom aos 40

Desde que voltou a aparecer na TV em julho, Sabrina Parlatore ouve elogios por onde passa e pega de ouvido a mesma indagação cochichada: “Como assim aquela menininha da MTV agora canta?”.

Aquela VJ dos anos 1990 agora tem 42 anos e está mesmo em outra fase da vida. Musa daquela geração, Sabrina foi o rosto da MTV: Entrevistou músicos e apresentou clipes e shows -- mas agora é ela que está do outro lado do microfone.

Sabrina é uma das participantes de “Popstar”, novo reality show da Globo, em que famosos (em geral atores da casa) mostram os dotes vocais. Alguns com menos técnica, é verdade, o que não é o caso de Sabrina.

Nos três últimos programas, ela levantou uma torcida nas redes sociais e foi a participante que mais ganhou elogios da mesa estrelar de jurados, muitos deles conhecidos da época da MTV.

Entre releituras de Cazuza (“Preciso Dizer Que Te Amo”) e Justin Bieber (“Love Yourself”), Sabrina fez Pitty chorar e ouviu de Samuel Rosa que ela já está no patamar de uma cantora profissional.

Esse dia, como costumam dizer, foi louco. Na frente das câmeras, sorriu. Já na coxia... “Sai de lá e comecei a chorar”, diz. “Poderia morrer naquele momento”.

No último episódio da competição, Baby do Brasil roubou a cena na mesa, mas mandou uma verdade, após ouvir a agora cantora defender “Don’t Know Why’, de Norah Jones: “Eu fico imaginando você na MTV, sabendo que era uma cantora, guardando esse babado todo”, comentou.

No ar, ela não respondeu, mas na matemática básica foram mais de 20 anos guardando uma pérola. “Sempre houve esse desejo. Mas eu achava que eu nunca botaria em prática, achava que era só uma coisa que faria como diversão”, ela relembra. “Eu sempre recebi incentivo dos artistas naquela época, mas eu dizia: ‘gente, imagina, vocês estão viajando’”.

Certa vez, Ivete Sangalo a chamou de canto: “Você precisa cantar, menina”. Hoje, emocionada com a nova carreira exposta em vitrine nacional, ela faz uma reflexão: “Era insegurança e falta de foco”, observa. “Se fosse qualquer outra pessoa mais ousada já teria feito isso há muito tempo.”

Virada aos 40

A virada se deu aos 40. Após enfrentar um câncer de mama, Sabrina resolveu construir, ao seu modo, um show que circula desde 2014 em alguns bares e casas de show.

A maturidade foi determinante. “A gente quer colocar sonhos para fora conforme ficamos mais velhos”, observa. “É uma fase na vida de todo mundo em que você revê muita coisa. Será que sou feliz mesmo? Tem gente que larga tudo e monta uma pousada na praia. Sabe essas coisas? É uma idade bem significativa, bem importante, onde a gente reavalia mesmo nossos desejos.”

Tanta felicidade estampada na tela, no entanto, esconde uma cantora bastante crítica e que ainda tem se acostumado com a apresentação ao vivo na TV. “Não vou esconder isso: é de tremer na base”, conta. “Estou pela primeira vez usando retorno, ainda estou aprendendo a regular volume. É muita novidade”.

Ao ser questionada qual sua apresentação favorita, Sabrina não se esquiva: “Eu ainda não dei meu melhor no programa. Sou super crítica”.
Sem revelar as próximas canções, ela diz que vai enveredar por standards do jazz e clássicos da MPB. “Mas eu gosto de sucessão, para cantar junto."

Independente do resultado do programa, Sabrina já respira mais aliviada com o foco encontrado: “Agora eu me imagino cantando para sempre."

Playlist da Sabrina:

A cantora escolhe as melhores músicas para:

Um luau:
“Caso Sério”, Rita Lee -  "A música me remete à praia, amor, lua, mar, noite quente, ou seja, às melhores coisas da vida"

Um novo date:
"Let's stay together”, Al Green - “É uma música que já indica que nos apaixonemos!”



Lavar louça:
“Juventude Transviada”, Luiz Melodia - “Porque ela já começa com: ‘Lava roupa todo dia...’”