Divas, dinossauros e nostalgia: desvendamos a fórmula do Rock in Rio
Do UOL, em São Paulo
14/09/2017 04h00
Um dos maiores festivais do mundo, o Rock in Rio produz suas edições em ritmo industrial, escalando artistas que obedecem a certos critérios predeterminados pela produção. Com uma ou outra variável, isso vem acontecendo ano a ano, principalmente a partir de 2011.
Adepto da máxima de que "em time que está ganhando não se mexe", o evento tenta agradar a todos (ou quase) da forma mais ampla e variada possível.
Este ano, a principal mudança é a ausência de um dia dedicado exclusivamente ao som pesado, antiga tradição do Rock in Rio. A fórmula para escolher atrações, no entanto, segue praticamente a mesma.
Veja a seguir as categorias básicas e quem foi escolhido para representá-las este ano no festival, que acontece nos próximos dias 15, 16, 17, 21, 22, 23 e 24, no Parque Olímpico da Barra.
Inclua uma diva pop
Este ano, o papel de balançar os fãs da música pop radiofônica cantada por mulheres é da multitarefas Lady Gaga. No passado, esse posto já foi ocupado por Rihanna (2011 e 2015), Katy Perry (2015), Beyoncé (2013), Shakira (2011), Britney Spears (2001) e Lisa Stansfield (1991).
Acrescente bandas de pop rock
Sabe aquela banda que tem guitarra e ao vivo consegue tocar no mais alto volume, mas mesmo assim agrada aos fãs menos roqueiros? Em 2017, teremos Maroon 5, Red Hot Chili Peppers e Incubus. Antes, já vimos OneRepublic (2015), Muse (2013), Coldplay (2011), R.E.M. (2001), Oasis (2001), INXS (1991), entre outros grupos, além dos próprios Maroon 5 (2001) e Red Hot (2001 e 2011).
Não se esqueça das nacionais
O rock brasileiro (não metal) estará no Rock in Rio com Skank e Frejat, Capital Inicial, Titãs, Scalene e Jota Quest. Nada mal para um gênero que está longe das paradas. Entre tantos outros nomes, Paralamas do Sucesso (1985, 2011, 2015), CPM 22 (2005), NX Zero (2011), Pitty (2011), Kid Abelha (2001 e 1985), Engenheiros do Hawaii (1991, 2001), Pato Fu (2001), Barão Vermelho (2001, 1986), Lobão (1991) já estiveram lá antes.
Chame pelo menos um grupo clássico
As bandas formadas nas décadas de 1960 e 1970 têm lugar cativo no seu coração? Nesse caso, seus problemas estão resolvidos este ano com The Who, Aerosmith e Alice Cooper. Já desempenharam função semelhante Queen (1985, 2015), Rod Stweart (1985 e 2015), Elton John (2011 e 2015), Bruce Springsteen e The E Street Band (2013), Santana (1991), Yes (1985) e AC/DC (1985), entre outros clássicos.
Tire a nostalgia oitentista do baú
Há quem não tire os anos 1980 da cabeça, e esse nicho é bastante explorado pelo Rock in Rio. Bon Jovi, Def Leppard, Tears for Fears e Pet Shop Boys estarão lá. Já representaram esta categoria nostálgica A-ha (1991 e 2015), Mötley Crüe (2015), Lulu Santos (2015), Billy Idol (1991) e Prince (1991). A lista é grande.
Saiba agradar aos jovens
O queridinho Shawn Mendes deve agravar este ano quem tem pouca idade e se liga em música pop. Antes, a molecada já encontrou voz, de várias formas diferentes, com System of a Down (2011 e 2015), Evanescence (2011), Avenged Sevenfold (2013), Justin Timberlake (2013), Aaron Carter (2001), Sandy e Junior (2001), além de na própria Katy Perry (2015).
Encontre a boy band do momento
Com seu pop punk assobiável e as caras de novinhos, o 5 Seconds of Summer é o que há de mais próximo a uma boy band no Rock in Rio 2017. Quem já cumpriu se incumbiu em representar a categoria: 'N Sync (2001), Five (2001) e New Kids on the Block (1991).
Contrate uma cantora do axé
Se você reclama de Ivete Sangalo no line-up deste ano e diz que Rock in Rio não tem mais nada de rock, eis um choque de realidade: não é de hoje. Daniela Mercury (2001), Claudia Leitte (2011) e a própria Ivete (2011 e 2015) já fizeram todo mundo tirar o pé do chão no festival, que também já contou com vários outros artistas do Nordeste, como Elba Ramalho (1985 e 1991), Alceu Valença (1985 e 1991) e Moraes Moreira (1985, 1991 e 2001).
Não esqueça que o metal existe
Segundo a organização do Rock in Rio, a ausência de um dia voltado ao som pesado este ano se deve a dificuldade de encontrar "artistas disponíveis e tendo em vista o grande espaço dedicado ao heavy metal em 2015". Mesmo abrindo mão gênero, o festival não ignorou totalmente os "camisas pretas", escalando algumas bandas de hard rock e metal alternativo, além de manter a duradoura parceria com o Sepultura, que tocará no palco paralelo Sunset no dia 24.
Ignore funk e sertanejo
Já houve protestos, mas esses são dois gêneros que nunca entraram no Rock in Rio e possivelmente jamais entrarão. O empresário Roberto Medina, criador do festival, já afirmou que não tem afinidade com os estilos, embora reconheça que, quando mais pop um artista for, maior é a chance de ele se apresentar, o que pode acontecer, por exemplo, com a cantora Anitta nas próximas edições. Por enquanto, nomes como Valesca Popozuda e Fernando & Sorocaba ganham no máximo convite para ver shows em camarotes.