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Como o baterista do Def Leppard consegue tocar sem ter o braço esquerdo?

Rick Allen, baterista do Def Leppard, que perdeu inteiramente o braço esquerdo em um acidente de carro - Reprodução/Facebook
Rick Allen, baterista do Def Leppard, que perdeu inteiramente o braço esquerdo em um acidente de carro Imagem: Reprodução/Facebook

Do UOL, em São Paulo

19/09/2017 04h00

A história do baterista Rick Allen e de seu Def Leppard, expoente da chamada nova onda do metal britânico, mudou radicalmente no dia 31 de dezembro de 1984. O músico entrou em um racha, bateu o carro, e o forte impacto resultou na amputação total de seu braço esquerdo.

Desafiando o drama pessoal e as probabilidades, ele voltou aos palcos com os colegas menos de dois anos depois, em grande estilo, no festival Monsters of Rock de 1986, e até hoje permanece na banda, atração do Rock in Rio na próxima quinta (21). Mas como isso foi possível?

A resposta está no kit de bateria adotado por Allen, que é capaz de combinar uma série de elementos acústicos e eletrônicos. A peça foi desenvolvida sob medida pela empresa Simmons, especializada em baterias eletrônicas, e, ao longo dos anos, sofreu pequenas adaptações.

Eis a principal diferença: o instrumento tem, no chão, um sistema de pedal triplo que o músico utiliza pisando com seu pé esquerdo, que serve como uma espécie de braço virtual. O dispositivo lhe dá uma segunda opção para reproduzir os sons do bumbo, caixa e de um dos tons da bateria.

Jogo de combinação

Allen alterna os movimentos de acordo com a música, sem perder nenhum (ou quase nenhum) dos elementos percussivos originais. Trata-se de um complexo jogo de combinação em que o tambor da caixa, que marca o ritmo, é golpeado na maior parte do tempo com a mão direita não com a esquerda, como faz a maioria dos bateristas (veja demonstração no vídeo acima).

“A parte de cima do kit é bem parecida com a de uma bateria tradicional, a não ser pela quantidade de chimbals [são três extras, fixados acima da caixa]. Consigo configurá-los para conduções diferentes”, explicou Allen em entrevista à TV americana. “Também posso bater no chimbal lateral, e, quando estou com o pé esquerdo na caixa eletrônica, uso os chimbals de cima.”

Em algumas músicas, ele dispõe ainda de um jogo de "loops", que lhe permite complementar a sonoridade a partir da repetição de batidas gravadas. "A configuração da bateria ficou muito parecida por muitos anos. O que fazemos às vezes é tentar simplificar, utilizando menos partes móveis. Mas a forma de tocar é basicamente a mesma."

Após o acidente, Allen passou meses praticando no novo instrumento. Precisou reaprender a tocá-lo. O resultado foi recompensador. "Hysteria", primeiro disco do Def Leppard gravado com o novo Rick Allen, emplacou sete hits e vendeu mais de 25 milhões de cópias no mundo, um estouro sem precedentes na história do grupo.

Hoje aos 53 anos, ele diz que, mesmo depois de tantos ensaios, shows e sucessos, o aprendizado ainda é o que mais lhe motiva como músico, assim como servir de inspiração para jovens em dificuldades. "Na maioria dos dias, é como se estivéssemos construindo uma casa de jardim, mas, nos dias bons, o que sai parece realmente com uma música do Def Leppard."