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Ingressos para shows no Brasil são mesmo mais caros que lá fora?

O Maroon 5 fez no sábado o show oficial deles no Rock in Rio, depois de substituir Lady Gaga na sexta-feira - Bruna Prado/UOL
O Maroon 5 fez no sábado o show oficial deles no Rock in Rio, depois de substituir Lady Gaga na sexta-feira Imagem: Bruna Prado/UOL

Do UOL, em São Paulo

19/09/2017 04h00

Caso você queira ver um show grande aqui no Brasil, prepare o bolso. É muito comum atrações internacionais cobrarem praticamente um salário mínimo (R$ 937) para que a galera possa vê-las de pertinho.

O mês de setembro chegou como um dos mais movimentados da história musical do Brasil -- um dos períodos em que as pessoas precisam rebolar para poder gastar tanto com ingressos. O Rock in Rio chega a mais uma edição e o festival São Paulo Trip dá as caras com um line-up de primeira categoria do rock mundial.

Mas vamos aos fatos. Quanto custa cada entrada? Para curtir o Parque Olímpico e todas as suas vantagens lá se vão R$ 445 (inteira) por dia de Rock in Rio (R$ 3.115 pelos sete dias). Por este valor, a pessoa pode chegar o mais próximo possível dos ídolos, basta ter paciência para ficar umas boas 10 horas guardando seu lugar na grade.

Por outro lado, o São Paulo Trip é mais caro. A pista premium sai pela bagatela de R$ 780 (inteira) e na arquibancada, que traz a comodidade de assistir às apresentações sentado, custa até R$ 550 (mais de R$ 3 mil para os quatro dias).

Mas todos os shows são caros desse jeito ou apenas os brasileiros sofrem desse mal?

9.out.2016 - Roger Daltrey e Pete Townshend do "The Who" se apresentam no terceiro dia do Desert Trip em Indio, na California - Chris Pizzello/Invision/AP - Chris Pizzello/Invision/AP
Roger Daltrey e Pete Townshend, do The Who, vão se apresentar no Brasil
Imagem: Chris Pizzello/Invision/AP

Lá fora

Vamos pegar como primeiro exemplo os Estados Unidos. E como banda, The Who. O grupo britânico faz sua estreia no Brasil nos dois festivais e os fãs estão ávidos para ver, finalmente, Roger Daltrey e Pete Townshend no palco.

A dupla fez uma temporada em Las Vegas, uma série de shows que foi sucesso de vendas. Uma cadeira na primeira fileira custava US$ 500, convertendo, quase R$ 1600. Nada barato, ainda mais para ver um só show. No RiR, por exemplo, a banda vai “abrir” para o Guns N’ Roses e, em São Paulo, vai se apresentar após Alter Bridge e The Cult.

Entretanto, para o mesmo show do The Who em Las Vegas existiam ingressos, sentados, mais para o fundo do Ceaser Palace (onde cabem umas 15 mil pessoas) por US$ 75, convertendo, R$240.

Vale ressaltar que o salário mínimo nos EUA é calculado de forma diferente do daqui. Lá eles pagam um valor por hora --mais ou menos US$ 7)-- e, normalmente, as pessoas trabalham 36 horas por semana. Então, teoricamente, o valor médio do salário mínimo imposto pelo governo é pouco maior que mil dólares mensais.

Caso sejam considerados shows mais “convencionais”, o preço sai mais barato lá fora do que aqui. Nos EUA, por US$ 60 (R$ 200) você consegue um lugar na pista para acompanhar o trio original do Guns N’ Roses tocando “Welcome To The Jungle”. Axl Rose, Slash e Duff McKagan vieram ao Brasil ano passado na turnê “Not In This Lifetime” e o preço inteiro da pista era R$ 390, já da VIP chegava a R$ 780, mesmo preço do SP Trip, que no dia do Guns ainda vai trazer o icônico Alice Cooper.

Um dos recursos mais utilizados pelos brasileiros é de dar um pulo na Argentina ou Chile quando alguma banda internacional faz show por esse terreno. O Santiago Rock City, o SP Trip do Chile, é um pouco menor que o do Brasil. Em um dia terá Guns N’ Roses e The Who; no outro, Aerosmith e Def Leppard. O preço da pista premium sai R$ 300 a menos que o daqui. Já na Argentina, mesmo line-up tira R$ 576 do seu cofrinho.

Por que tão caro?

O que deixa tudo aqui mais caro é a meia-entrada. Nos Estados Unidos não há nada disso. Então o ingresso mais barato para um show de grande porte – que seja US$ 50, por exemplo--é o preço para uma pessoa independente da idade.

A meia-entrada acaba encarecendo os outros valores, já que as produtoras precisam garantir o lucro e a única forma é liberando de um lado e pesando no outro. Além disso, a oferta de shows aqui na América Latina é reduzida em comparação com a Europa e os Estados Unidos, por isso o público acaba sendo fiel e faz loucuras para garantir seu espaço.

Também há de se considerar os impostos e a alta do dólar, já que as bandas cobram seguindo a moeda norte-americana.

15.out.2016 - Aerosmith se apresenta no Allianz Parque, em São Paulo, com estádio lotado - Reinaldo Canato/UOL - Reinaldo Canato/UOL
Aerosmith fez show solo no Brasil em 2016 e garantiu público
Imagem: Reinaldo Canato/UOL

Mesmo caro, os shows no Brasil costumam ser um sucesso. As apresentações citadas de Guns N’Roses no Brasil no último ano nem tinham uma “banda de abertura” da dimensão de Alice Cooper, e ainda assim quase todos foram vendidos.

Mesmo caso do Aerosmith, que veio também em 2016 com a turnê de despedida e que lotou o Allianz Parque com ingressos de até R$ 680. E isso porque nem tinha Def Leppard, outra banda que praticamente faz sua estreia aqui no país após uma apresentação desastrosa nos anos 90, para garantir o show inicial.

Mesmo sendo caros, São Paulo Trip e Rock in Rio oferecem outras atrações fora dos shows e a reunião em um só dia de grandes nomes da música são os grandes atrativos para que o público gaste seu rico dinheirinho para ver os ídolos ao vivo --e tirar aquela selfie no Instagram.