SP Trip: "Mandem mensagem de texto para minha mãe!", reclama vocal do Cult
Liderado pelo vocalista Ian Astbury e o guitarrista Billy Duffy, o Cult é aquela banda competente, geralmente apresentada por um primo mais velho como exemplo do melhor hard rock produzido nos anos 1980, como era o gênero na década anterior.
E foi exatamente isto que se viu na apresentação da banda no São Paulo Trip, abrindo para o The Who: uma grande aula de potência e melodia, um mergulho no tempo em que o duo riff-solo de guitarra ditava regras na música.
A força da banda pode ser medida por seu repertório. Quem tem uma "Wild Flower" e uma "Rain" para abrir um show com a grandeza que se pede a imensidão de estádio, tendo ainda uma "Fire" e uma "She Sells Sanctuary" no bolso? Neste festival, talvez nem o The Who.
Mistura de Michael Hutchence (INXS) com um Jim Morrison tatuado --ele já cantou nos Doors--, Ian usa e abusa do sex appeal roqueiro e aproveita o timbre grave para reproduzir com fidelidade hits oitentistas.
E é por aí, pelos discos "Love", "Electric" e "Sonic Temple", que flui o show, intercalado por faixas do mais recente álbum do grupo. Como acontece há anos, a fase pós-punk é deixada de lado pelos integrantes.
No palco, o grupo inglês entregou um belo espetáculo, com energia e boas versões, além de uma tentativa frustrada de puxar o coro futebolístico "olê, olê, olê". Isso não era a tarefa do público?
Talvez o único ponto negativo da noite: a exemplo do que já havia ocorrido com o Alter Bridge, a plateia se comportou de forma tímida. "Isso não parece Brasil para mim!", reparou o vocalista. "Vocês estão mandando mensagens? Mande pra minha mãe! Mandem depois!", bronqueou.
Resta a dúvida. Teria o Cult perdido o bonde da história do rock clássico? Esse debate rende. A banda, por sinal, diferentemente de colegas de festival, não tocará no Rock in Rio. Pior para os cariocas.
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