The Who une gerações roqueiras no Allianz Parque em primeiro show no Brasil

O público presente na tarde desta quinta-feira (21) no Allianz Parque, em São Paulo, vai testemunhar um momento histórico. O primeiro show do The Who em solo brasileiro. A banda é atração confirmada do Rock in Rio, mas toca antes na capital paulista como atração principal do primeiro dia do festival São Paulo Trip.

Boa parte dos que chegaram cedo para garantir um lugar privilegiado não estavam sozinhos. Os mais de 50 anos de estrada da banda britânica juntaram muitos pais e filhos apaixonados por rock.

É o caso de Luiz Veneziani, 59, de São José dos Campos, que veio com o filho Thiago, de 19. Com mais de 100 shows de rock no currículo, ele celebrava a chance de finalmente poder ver o The Who. "Não consigo entender porque eles nunca vieram. É uma oportunidade única já que tem aquela conversa de que eles vão parar". Apesar do amor pelo The Who, pai e filho nem cogitaram ver os britânicos no Rock in Rio, primeiro festival a anunciar a banda. "Meu negócio é show em estádio, lá é evento."

Mas não é só o The Who que toca no primeiro dia de São Paulo Trip. Alter Bridge e The Cult fazem os primeiros shows da noite. Acompanhada do pai, a paulistana Ellen Oliveira, 21, estava ansiosa para ver o Alter Bridge. "Eu já ouvia muito o Creed, depois passei a gostar também do Alter Bridge", contou. O pai Eber, 54, também estava ansioso pelos três shows, mas o The Who sem dúvida era o mais aguardado da noite. "Eu sei que vai ser algo grande. Ouvi The Who minha vida inteira".

Ellen até cogitou ir ao Rock in Rio, mas preferiu acompanhar o pai para manter a tradição dos vários shows de rock que já viram juntos. "Rock in Rio é festa, aqui é só rock", destacou Eber. A opinião foi compartilhada por Hercilia de Almeida, 65, fã do The Who que também aguardava na fila antes da abertura dos portões do Allianz Parque. "Sou radical. Aqui é reduto de roqueiros. O Rock in Rio virou invasão, tem até axé", disse a fã que veio de Suzano e esperava o filho para entrar no show.

Já a funcionária pública Eunice dos Santos, 59, era uma das mais animadas e emocionadas antes do show histórico do The Who. Ela saiu mais cedo do trabalho e veio correndo de Guarulhos para a zona oeste de São Paulo para garantir um lugar privilegiado perto de Pete Townshend. "Minha filha escreveu no Facebook que ela esperou a vida inteira pelo dia de hoje. Ela tem 25 anos. Imagina eu que esperei 45 anos."

Ela lembra com carinho do amor pelo The Who. "Eu cabulava aula para assistir Tommy no cinema", lembra sobre o filme baseado na opera rock de 1969 e que chegou aos cinemas em 75. "Nos anos 70 ainda não tinha show internacional no Brasil, só MPB. Acho que pelo menos para a minha geração não tem outra chance de ver o The Who."

Eunice chegou antes da filha na fila e já estava ansiosa pela abertura dos portões. "Minha filha comprou cadeira porque achou que seria mais confortável para mim. Mas imagina que vou ficar sentada. Eu vou chorar quando eles entrarem. Aliás acho que já vou chorar assim que botar o pé no estádio", contou emocionada. "Tem muito jovem que conhece o The Who por causa do CSI (seriado que tem 'Who Are You' como trilha sonora), mas não é o caso da minha filha. Os filhos cansam de ouvir o que a gente ouve e acabam gostando também".