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Aerosmith faz show de "despedida" de São Paulo, mas fãs não engolem

Aerosmith faz o show principal da terceira noite de São Paulo Trip, no Allianz Parque - Mariana Pekin/UOL
Aerosmith faz o show principal da terceira noite de São Paulo Trip, no Allianz Parque Imagem: Mariana Pekin/UOL

Leonardo Rodrigues e Renata Nogueira

Em São Paulo

24/09/2017 23h51

Quando anunciou sua turnê de despedida no ano passado, a Aero-Vederci Baby!, o Aerosmith despertou um duplo sentimento nos fãs: desespero e desconfiança. Afinal, seria golpe de marketing ou o real fim da banda? A dúvida pairou na noite deste domingo (24), no festival São Paulo Trip, mas, pelo que se viu, é provável que não aconteça, ao menos não de forma tão definitiva.

Como de costume, o Aerosmith fez um show de entrega: suor, lágrimas e hits, uma porção deles. O repertório foi menor e com mais sucessos do que em turnês anteriores no país. Mais da metade das músicas vieram da fase mais comercial do grupo, entre as décadas de 1980 e 1990, sem muito espaço para surpresas e pérolas do passado.

Além de hits com "Cryin", "Crazy" e "Love in an Elevator" e as obrigatórias "Sweet Emotion", "Walk this Way" e "Dream On", destaque para as duas cover do Fleetwood Mac, "Stop Messin' Around" e "Oh Well", ambas cantadas pelo guitarrista Joe Perry, que se uniram a "Come Together" e "Mother Popcorn", que integram o repertório da banda desde os anos 1970.

Show de vitalidade e nada de papo de despedida. "E aí, meu", saudou Steven Tyler em bom paulistês, provocando furor. Aos 69 anos, o vocalista tem o diabo no corpo. Não para por instante. Tem vitalidade para pelo menos mais dez anos de rock --ou mais--, assim como o colega guitarrista Joe Perry. O que pesa então contra a continuidade do Aerosmith?

Além da idade, Steven e Perry têm hoje outros projetos e prioridades. Também não são o que se pode chamar de melhores amigos da vida. Em "Livin' on the Edge", pego de surpresa no meio da música, ele se recusou a dividir o microfone com Tyler em parte da letra. Parece mais impaciente do que de de costume. Pode ter sido o dia.

Salvo algumas escorregadas, normais para quem apresenta uma performance tão intensa, o show foi um arraso, e a conversa de despedida parece não ter colado nem mesmo para Steven Tyler, que já indicou em entrevistas este ano que o Aerosmith é "inacabável".

E o que dizer dos fãs? "Não acreditamos nessa coisa de despedida. O próprio Steven Tyler já anunciou a preparação de um novo álbum há pouco tempo, e eles ainda vão lançar novos itens de colecionador em breve. Esse fim não existe", disse a fã Juliana Silva.

A grande maioria está com ela. "Esse suposto fim é uma coisa que a gente, fã, conversa muito. Os caras anunciaram a despedida, têm projetos paralelos, mas não acreditamos que irá acontecer. Os Rolling Stones estão em turnê de despedida desde 1975 e estão aí até hoje", sentenciou Rafael Rosito, que veio de Porto Alegre e já viu 20 shows do Aerosmith.

Palavra final para quem mais entende da banda, o fã-clube Aerosmith Brasil. "Não preparamos nada de especial como adeus. Não estamos contando que será o último show no Brasil. Eles são muito ativos e as turnês são a principal fonte de renda deles. A idade pesa, mas eles curtem tanto estar em cima do palco que vai ser difícil parar", escreveu um dos administradores da página do Aerosmith Brasil.