Roubo, maratona e competição: O trabalho dos fotógrafos do Rock in Rio
Para quem pensa que vida de jornalista no Rock in Rio é moleza, reveja seus conceitos. Os fotógrafos estão aí para provar o contrário --apesar da organização dar uns quitutes para a imprensa. Cada show nos palcos Mundo e Sunset ou mesmo a galera entrando para mais um dia de evento garantem fotos fantásticas, que devem ser enviadas para os respectivos veículos apenas na sala de imprensa, há alguns bons metros de distância. E perna pra que te quero.
"Eu usei um aplicativo que marca toda vez que você se desloca. No sábado (23) foi a vez que eu menos andei, e deu 5,4 km. Mas a média foi de 7 km por dia", diz a fotógrafa Bruna Prado ao UOL, que enfrentou todos os dias do evento no Parque Olímpico carregando quase 15 kg de equipamento."Andei uns 50 km no Rock in Rio", brinca a "maratonista".
Marco Antonio Teixeira encontrou um jeito para lidar com o perrengue das distâncias. Um skate. "No segundo dia já tomei essa atitude, porque fica bem mais prático", analisa o fotográfico, que chegava cedo todos os dias no Parque Olímpico para pegar os fãs na fila debaixo do sol carioca -- veja o vídeo no final do texto.
"Esse é o meu 4º Rock in Rio. É sempre bem corrido, mas dessa vez o lugar mais amplo e está mais organizado. É mais legal trabalhar assim. A estrutura foi bem aproveitada no legado olímpico", completa.
Estrelismo de artista
Além de ficar de lá para cá o dia inteiro, o trabalho muitas vezes é rápido. "Normalmente temos entre duas e três músicas para tirar as fotos em cada show. Ontem o Guns botou a gente bem distante, com a luz baixa porque o Axl não quer aparecer por conta do estado que está", diz Bruna, aos risos.
"Tem essas curiosidades, os caras mais velhos preferem não deixar fotografar próximo, como Tears For Fears, Guns e Aerosmith. Aí alguns fotógrafos com lente de alto alcance vão para dentro do público para tirar algumas fotos", acrescenta.
Marco lembra da vez em que foi fotografar Caetano Veloso, mas não deu muito certo. "Eu cheguei para fotografar e ele disse 'olha, vou contar até 5'. Eu não acreditei, estava preparando a lente ainda. Quando levantei a máquina ele já foi embora. Às vezes tem que estar preparado para lidar com o humor dos artistas".
Falta de segurança
E nessas muitos profissionais acabam passando por perrengues, principalmente furtos de equipamentos caríssimos. "Já passei por algumas situações complicadas. Teve um show há alguns anos que eu estava fotografando e quando vi se formou uma rodinha daquelas de show de metal. Eu levei um chega para lá e perdi um celular e um cartão de memória", lembra Teixeira.
"E isso acontece em todos os eventos. Eu fui assaltado no Carnaval e nas últimas eleições perdi o modem. Meia hora depois fui roubado de novo, me levaram a lente e o celular. Duas vezes assaltado no mesmo dia. Então você fica no meio da multidão, com equipamento caríssimo. Você é a presa na selva", ri.
"Durante um tempo ficou bem calmo, em função dos investimentos para grandes eventos, mas a cidade hoje está entrando em um caos. Para quem trabalha na rua, em alguns momentos eu fico na rua, tem toda uma complexidade em relação à própria segurança da gente. A gente meio que virou alvo. Já cheguei a parar em hospital com pedrada", afirma Bruna.
É nesse clima de "maratona" em pleno Parque Olímpico que os fotojornalistas conseguem tirar as fotos que ilustram sites, jornais e revistas sobre o Rock in Rio. "É um clima bacana, é como se fosse uma Olimpíada para o fotógrafo estar aqui dentro: tem tiro a distância quando a gente corre junto com o público que está entrando, tem que enfrentar perrengues dos artistas que é salto com barreira e também encontrar um diferencial que supere a concorrência", fecha Teixeira.
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