Como é assistir ao show do Sepultura do Palco Sunset no Rock in Rio
Assistir ao show do Sepultura da plateia já é, por si só, uma experiência quase transcendental. Acompanhar de cima do palco todo o show da banda, em pleno Rock in Rio, certamente é uma experiência ainda mais poderosa. É só ali, bem pertinho do grupo, que entendemos porque o Sepultura é considerado uma das maiores bandas de metal do mundo.
Um relógio digital vermelho, instalado bem ao lado direito do palco marcava 20h02 e denunciava que o show já deveria ter começado. Um produtor da banda ouviu pelo rádio que o Sepultura só poderia entrar quando a apresentação do Capital Inicial acabasse no Palco Mundo. "Quando o som acabar lá, baixem as luzes e anunciem a atração", avisou.
Da plateia, era possível ouvir o arrepiante grito de guerra "Se-pul-tu-ra! Se-pul-tu-ra", que preenchia com ecos todo o espaço. Ao meu lado, o vocalista Derrick Green e o baixista Paulo Jr. aguardavam para entrar. Do outro lado do palco, aguardavam o baterista Eloy Casagrante e o guitarrista Andreas Kisser. Também na coxia estavam os integrantes da Família Lima, numa parceria que mesclou instrumentos clássicos com o peso do metal. Talvez lá da plateia fosse mais fácil ouvir esses instrumentos, mas dali do palco, eles passaram batidos.
Lá embaixo, o gramado estava completamente tomado com incessantes gritos do público. O show foi aberto com a nova música, que surge com ares de clássico, "I Am The Enemy", acompanhada a plenos pulmões pela plateia. Também na lateral dos palcos, só que um pouco mais nos fundos, um vulto verde se movimentava bastante e sorria prazerosamente. Era o cantor Supla (que mais cedo havia feito show ali) com uma jaqueta fluorescente vibrando com cada acorde de Kisser. Logo depois, chegou o vocalista do Ratos de Porão, João Gordo, que contornou por trás o palco e assistiu ao show do outro lado. Por fim, Fred, baterista do Raimundos, observava com atenção a desenvoltura de Eloy Casagrande.
Se lá debaixo, na plateia, já é impressionante testemunhar o virtuosismo de Eloy Casagrande na bateria, assistir ao show ao lado do instrumento é uma experiência completamente diferente. Só assim para entender por que o Sepultura contratou um baterista tão jovem para o lugar do insubstituível Iggor Cavalera. Mas o rapaz dá conta do recado. Tanto é que a todo o momento os outros integrantes interagiam com ele com olhares e risadas.
A troca de instrumentos usados por novos entre uma música e outra é frenética também. O tempo todo, Paulo Jr. troca olhares e faz sinal para seu roadie, que parece entender exatamente o que ele quer, seja um arranjo melhor no baixo ou mesmo ajustar um cabo que está no meio do caminho.
A apresentação seguiu com outras faixas do disco novo, mas ganhou uma força quase sobrenatural quando no final eles emendaram quatro clássicos: "Arise", "Refuse/Resist" e "Ratamahata". "Roots" encerrou o show com a banda deixando o palco de alma lavada. Lá atrás, todos comemoraram a apresentação. Kisser, no entanto, foi mais cauteloso. Bbaixinho ele perguntou para um técnico de som: "Deu certo, né?". Após a resposta afirmativa, só então que ele relaxou e deixou o palco.
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