Por que a demanda por shows de Paul McCartney no Brasil não acaba nunca?
Na música, poucos casamentos são tão felizes quanto o que uniu Paul McCartney e o Brasil. Desde que estreou batendo recorde de público no Maracanã, em 1990, o ex-beatle já emendou 20 apresentações por aqui. As próximas quatro começam nesta semana em Porto Alegre (13), São Paulo (15), Belo Horizonte (17) e Salvador (20), onde ele tocará pela primeira vez. Os ingressos para a capital paulista já estão esgotados, e para as demais cidades encontram-se nos últimos lotes. É assim há 28 anos.
Como explicar uma parceria tão bem-sucedida? Para o Luiz Oscar Niemeyer, dirigente da produtora Time For Fun que esteve envolvido em todas as turnês brasileiras do ex-beatle, há pelo menos cinco fatores que levam à uma demanda inexorável pelos shows do artista, que provavelmente só deixará de se apresentar no país quando se aposentar. “Enquanto houver gente disposta a ouvir, querendo participar, ele deve voltar", afirma Niemeyer.
1. Ele é um (ex)beatle
Constatação óbvia. Não bastasse uma exitosa carreira individual, Paul McCartney fez parte da banda mais popular e influente da história, cujas músicas costumam ocupam a maior parte do setlist. Não é pouca coisa. Como John Lennon e George Harrison não estão mais entre nós e Ringo Starr costuma preterir o repertório do ex-grupo, o show de Paul é a melhor oportunidade de ouvir os clássicos da banda da forma mais fiel possível. “Ele é provavelmente o maior compositor contemporâneo, maior artista vivo do mundo”, entende Luiz Oscar Niemeyer.
2. Poucos fazem um show tão bom
Paul McCartney, 75, é sinônimo de música de qualidade, de uma bela produção de palco e de alguma pirotecnia, como a de “Live and Let Die” e seus fogos de artifício. Mas não é só isso. A performance de Paul é tecnicamente irretocável. Ainda que sua voz esteja mais rouca e menos potente, ele sabe explorar com destreza seus recursos e o dos backing vocals, sem alterar o tom original das músicas. Sua banda é afiadíssima. Segundo Luiz Oscar Niemeyer, tudo isso pode ser resumido “em uma produção espetacular, uma fórmula que não tem erro, com três horas de show”.
3. Público em constante renovação
Outro fator preponderante na alta procura pelos shows de Paul McCartney: o perfil do fã brasileiro. Por aqui, assim como ocorre em diversas partes do mundo, seu público é heterogêneo, apinhado de adolescentes, jovens e pessoas na casa dos 40 anos dividindo espaço na plateia. Clássico por excelência, ele é um dos artistas que mais conseguiu renovar a audiência. "As músicas dos Beatles são eternas. Há uns anos, elas entraram para o jogo Guitar Hero e atingirem novamente a juventude. No Brasil, o show tem adolescentes de 14 e 15 anos e gente de 70 anos. É uma abrangência sem igual."
4. Apresentações espalhadas pelo país
A recente crise econômica afetou pouco o mercado de shows internacionais, que prosseguiu em alta, com ingressos subindo acima da inflação. Como explicar esse fenômeno? Segundo Luiz Oscar Niemeyer, como o país tem proporção continental e poucas cidades recebem o cantor por vez, a demanda por ingressos praticamente não se altera. Há sempre gente que nunca viu Paul McCartney indo aos shows. E no caso de um artista grande e de forte apelo, esses eventos mobilizam fãs de todo o Brasil. Não importa se ele esteja quase todo ano por aqui. “Nossa estratégia é trabalhar com mercados novos, com shows em lugares onde poucos artistas internacionais vão. Em vez de fazer uma grande e única turnê, fazemos várias direcionadas a mercados específicos. Isso dá muito certo e garante a procura pelos ingressos”, diz o produtor.
5. Sintonia com o Brasil
Paul McCartney nunca escondeu o amor pelo Brasil, onde tem o hábito de passear anonimamente de bicicleta no intervalo de shows. Para Paul, nosso público é especial, e isso não se restringe aos discursos em português. “Uma vez estávamos tocando “Give Peace a Chance”. Aí foram aparecendo balões brancos. ‘O que é isso?’, pensamos. E todos no estádio pareciam ter balões, parecia um campo de margaridas. Foi emocionante. Depois, perguntamos: ‘Quem fez aquilo? Alguma estação de TV?’ ’Não.’ ‘Os promotores do show?’ ‘Não.’ Foi algo organizado pelo público”, derreteu-se o cantor em entrevista de 2013.
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