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Roberta Miranda fala da infância: "Achava que eu era autista"

Roberta Miranda participa do programa "Conversa com Bial" - Reprodução/TV Globo
Roberta Miranda participa do programa "Conversa com Bial" Imagem: Reprodução/TV Globo

Colaboração para o UOL

01/11/2017 08h10

Roberta Miranda falou de sua vida no "Conversa com Bial" de terça-feira (31). A cantora recordou a infância pobre e um acidente de carro que a deixou traumatizada.

"Tive um acidente horrível. Um amigo sugeriu ir pra Santos. Estava chovendo. O Fusquinha bateu contra um ônibus. A única coisa que lembro é que pedia: 'não me deixa morrer'. O supercílio caiu em cima do meu rosto, caíram todos os dentes, porque arrebentei o vidro inteiro [com o impacto da batida]. Um trauma terrível. [Hoje] se eu viajar 18 horas, eu não durmo", conta.

Antes do sucesso, ela viu de perto as dificuldades tanto em João Pessoa, onde viveu até os 7 anos, quanto em São Paulo. "Como nós éramos extremamente pobres, não tínhamos uma mistura para comer. O [compositor] Hermeto Pascoal nos dava três vezes por semana carne, frango".

Algumas tragédias familiares a marcaram. "Minha mãe sempre foi muito doente porque, em João Pessoa, a casa rachou com ela na cozinha e caiu em suas costas. Ela ficou com um problema sério, muito corcunda e com muita dor, ninguém queria cuidar. Eu me sentia muito angustiada", remói.

"Confesso que até os 11, 10 anos, achava que eu era autista, porque só vivia nos quatro cantinhos da minha casa, sentava e ficava o tempo inteiro lá. Precisava tirar a angústia de vê-la gritando e chorando de dor. Fui pro vizinho, retirei um violão todo empoeirado e do jeito que sentei comecei a escrever 'Maria', canção que fiz para a minha mãe. A partir dali, com 16 anos, eu disse para mim que podia extravasar, se não ia morrer louca", desabafa.

Roberta encarou muitas portas fechadas. "Eu não tinha oportunidade de gravar meu disco, não davam [espaço] para mulher. Era muito terrível, eu literalmente ouvia absurdos. Queriam que eu vendesse 5 mil cópias. A minha angústia era tanta, tinha medo que as gravadoras não me quisessem mais. Oito meses depois, estavam levando um carregamento de 100 mil cópias para as lojas. Só daquele disco, vendi 1,5 milhão", comemora.

A cantora diz como vê o mercado para as mulheres no sertanejo atualmente. "Hoje, embora você tenha talento, tem uma coisa que a Roberta não tinha: investidor. É jogada uma dinheirama em cima de quem quer que seja, milhões e milhões. Eu tinha de percorrer milhares de quilômetros sozinha no meu carro, uma amiga que ajudava a me colocar no palco, ajeitar meu cabelo, dividir a direção e me punha para dormir".