Topo

Suicídio de ex-namorada e pé na política: Sidney Magal conta sua história

Amante Latino: o cantor Sidney Magal - Marcelo Scandaroli/Divulgação
Amante Latino: o cantor Sidney Magal Imagem: Marcelo Scandaroli/Divulgação

Felipe Branco Cruz

Do UOL, em São Paulo

19/11/2017 04h00

Aos 67 anos, sendo 50 deles dedicados à música, foi só recentemente que Sidney Magal ganhou o interesse do público jovem. Antes relegado ao rótulo de brega, o artista foi redescoberto e suas músicas já inspiraram até bloco de carnaval.

Para celebrar as cinco décadas de carreira, o dono dos hits "O Meu Sangue Ferve Por Você" e "Sandra Rosa Madalena" lançou recentemente sua autobiografia "Sidney Magal: Muito mais do que um Amante Latino", escrita por Bruna Ramos da Fonte e repleto de declarações de amigos e familiares.

A obra acompanha a vida do artista desde a infância e foi dividida em pequenos capítulos de, no máximo, três parágrafos, contando passagens curiosas de sua vida e carreira.

Entre esses momentos estão revelações sobre como Sidnei Magalhães ganhou o nome artístico de Sidney Magal, a culpa que ele carregou por anos pelo suicídio de uma ex-namorada e o relacionamento com o primo Vinícius de Moraes.

25.jan.2017 - Sidney Magal agita o público de cerca de 40 mil pessoas que participou de bloco pré-Carnaval no aniversário de São Paulo - Débora Klempous/UOL - Débora Klempous/UOL
Sidney Magal agita 40 mil pessoas em bloco pré-Carnaval de 2017 em São Paulo
Imagem: Débora Klempous/UOL

A seguir, selecionamos seis momentos reveladores da biografia do artista.

Primo Famoso

"Me lembro que a empregada do Vinicius de Moraes (primo em segundo grau de Sidney Magal) chegava na casa da minha pedindo: 'Me ajuda a tirar Vinicius da banheira que ele já tomou duas garrafas de uísque e vai acabar morrendo afogado! Ele está nu e eu estou com vergonha de tirar ele dali sozinha!".

O primo famoso também deu uma dica para Sidney Magal. "Rapaz, se eu tivesse o seu corpo, a sua voz e essa sua habilidade para dançar eu seria o maior ídolo desse país; eu não ia querer saber de gravar Bossa Nova, de gravar MPB. Não entra nessa não, você tem que ser um artista popular".

Aulas de canto após um furto em casa

Sidney Magal foi outro grande nome do "período de ouro" da lambada. No início dos anos 90, o cantor fazia tanto sucesso com o ritmo musical que a faixa "Me Chama Que Eu Vou" virou tema de abertura da novela global "Rainha da Sucata", que foi exibida no horário nobre com a lambada como um dos planos de fundo - Reprodução - Reprodução
Amante Latino: capa de um álbum de Magal
Imagem: Reprodução
"Houve uma ocasião em que uma empregada que trabalhava em um dos apartamentos do prédio onde a gente morava veio até a nossa casa oferecer a minha mãe alguns relógios de ouro. Na mesma hora minha mãe desconfiou que eles pudessem ter sido roubados [da sua amiga e vizinha]. (...) A amiga da minha mãe [que era professora de canto] caiu em prantos porque os relógios eram os mesmos que tinham sido roubados pela menina (...) A menina foi presa. A amiga da minha mãe pediu para que eu cantasse; e quando terminamos ela falou: 'Pode ficar tranquila, Dona Sônia, que eu vou dar aulas de canto para esse menino pelo tempo que ele quiser sem cobrar nada, contando que ele realmente tenha vontade de aprender e não falte nas aulas que eu marcar'".

Como surgiu o nome artístico Sidney Magal

"Sidnei Magalhães não é um nome nada artístico. É o nome de catedrático, de filósofo e até de político - principalmente na Bahia. Mas não é definitivamente o nome ideal para um Amante Latino (...) Para mim, que já tinha sido Sid Sonny e Sidney Rossi, a última coisa que eu queria era mais um nome artístico para o meu currículo (...) mas um nome ridículo a mais não faria diferença nenhuma na minha vida. Ele (o dono de uma boate na Itália) propôs que a gente não trocasse o meu nome, mas simplesmente cortasse no meio para facilitar a pronúncia. E não é que eu acabei gostando do nome? Achei objetivo, comunicativo e passei a usar daí em diante. E assim nasceu Magal, em algum lugar da Itália, batizado por um italiano de quem eu já não me lembro mais o nome".

Culpa pelo suicídio de uma antiga namorada

Capa da autobiografia "Sidney Magal: Muito mais do que um Amante Latino" - Divulgação - Divulgação
Capa de "Sidney Magal: Muito mais do que um Amante Latino"
Imagem: Divulgação
"Eu não tinha um compromisso sério com a Heloisa e como tinha meninas muito bonitas na noite, eu fazia as minhas peraltices. Até que um belo dia, depois do show eu acabei levando para casa uma garota que trabalhava comigo, mas naquela noite a Heloisa apareceu no prédio para falar comigo. (...) Ela bateu na porta, eu olhei pelo olho mágico, mas não tive coragem de abrir porque ela iria pegar a menina lá em casa. (...) Ela deixou um bilhete no para-brisa do meu carro dizendo: 'Preciso muito falar com você hoje de qualquer maneira'".

"No dia seguinte, com a cabeça mais tranquila decidi ir até a casa da Heloisa. Quando cheguei na porta do prédio o porteiro, que já me conhecia, me chamou e disse: 'Heloisa está morta'. (...) Eu nunca tinha passado por nada parecido na vida. (...) Levou um bom tempo ate que eu me conformasse com a morte da Heloisa. Eu me sentia muito culpado por não ter ido falar com ela naquela noite, pensando que talvez pudesse ter evitado a morte dela. E foram muitas vezes que eu passei horas chorando na porta do cemitério por causa disso. (...) O meu trauma foi tão grande que até hoje eu não consigo me lembrar do sobrenome dela".

Cantor de casamento

"Foi numa época em que a minha carreira estava em baixa, quando participei de um programa da Hebe e ela sugeriu a uma amiga que contratasse para cantar no casamento da neta. E, desde então, eu nunca mais parei de fazer casamentos. Quando canto em casamentos, sempre peço para que as pessoas esqueçam que eu sou Sidney Magal, e pensem que sou um homem muito bem casado desde 1980, e que é isso que eu quero representar naquele momento (...) quero ser o símbolo de uma união que deu certo.

Salvo da política por causa de uma novela da Globo

"Eu realmente estava vivendo um momento de pouco trabalho em que eu pensava muito comigo 'Será que a minha carreira vai acabar de repente? (...) Então, naquele momento eu comecei a ver na política uma chance de fazer alguma coisa legal. Mas acabei sendo salvo pelo gongo: a Globo ligou convidando para fazer uma novela ["Da Cor do Pecado" (2004)].

"Eu passei uns quatro ou cinco dias pensando, até que liguei pro meu amigo de Fortaleza e disse a ele: 'Esquece esse negócio de política. Eu ia entrar numa furada e a TV Globo me salvou. Política não é a minha, vou assinar o contrato pra novela'. E nisso todo mundo saiu ganhando, inclusive o Brasil, porque eu realmente seria um péssimo vereador. Eu sou artista, não nasci para fazer política".