Filha de craque, Ana Petkovic lança disco de MPB com música escrita por Pet
Filha do ex-craque sérvio Dejan Petkovic, Ana Petkovic poderia ter escolhido uma óbvia carreira de esportista —ou de professora, pesquisadora, empresária. Mas a música, onipresente dentro e fora de casa, falou mais alto. Aos 20 anos, a jovem está lançando seu primeiro trabalho autoral, “Mais & Mais”, em que passeia por uma MPB suingada e de acento bluseiro, com influências que vão de Amy Winehouse a Ana Carolina.
Nascida em Madri e criada na ponte aérea Brasil-Sérvia, Ana foi descoberta pelos produtores Max Viana (filho de Djavan) e Linox após gravar um disco com letras em inglês, ainda inédito. A afinação e o timbre sinuoso, burilado na noite europeia, seduziram os músicos, que propuseram o desafio: por que não cantar em português e tentar a sorte no mercado brasileiro? Ana topou de imediato.
“Sei que é um desafio grande. Mas hoje esse é o caminho mais confortável para mim. Escuto muito ‘ah, você está aí porque é filha do Pet’. Mas eu quero ter minha própria carreira e criar meu próprio nome. Nunca falo para ninguém quem é meu pai. Muitas vezes nem digo meu sobrenome”, diz ao UOL Ana, que assina uma das faixas do novo disco, “Sueños”, em parceria "extraoficial" com o pai Pet.
Entre a música no Brasil e a faculdade de letras na Sérvia, a cantora terá uma estreia de gala no país. No dia 31 de dezembro, ela será a atração de abertura do Réveillon de Copacabana. “É um grande passo. Nunca imaginei que pudesse receber um convite desse. Depois disso, volto para Sérvia. Mas pretendo voltar ao Brasil e fazer shows em várias cidades.”
UOL - Como você virou cantora?
Ana Petkovic - Comecei a fazer aula de canto aos 9, dez anos, mas de canto lírico. Aí meus pais perguntaram se eu gostaria de aprender a tocar algum instrumento. Falei que queria começar a tocar guitarra elétrica e piano. Fazia piano clássico e tocava rock na guitarra. Um contraste completo. Comecei a compor minhas próprias músicas e com 14, 15 anos, quando conheci meu mentor, meu professor de guitarra na Europa que me incentivou a escrever minhas músicas.
O que há de melhor e pior em ser filha de celebridade?
Claro que isso abre portas. O lado ruim é que você fica muito exposta. E escuto muito ‘ah, você está aí porque é filha do Pet’. As pessoas ficam interessadas em conhecer meu trabalho. Mas eu quero ter minha própria carreira e criar meu próprio nome. Nunca falo para ninguém quem é o meu pai. Muitas vezes nem digo meu sobrenome.
Seu disco é trilíngue e tem músicas de Hebert Vianna, Tribalistas e do... Pet. Como ele foi parar no disco?
Um dia eu estava compondo e chamei o meu para sentar comigo no piano e ouvir o que eu estava fazendo. E a única coisa que me incomodava numa música eram as primeiras duas frases. Daí ele veio e sugeriu abrir com “Me miro en el espejo/mi vino un recuerdo/Yo era um niña llena de alegria". Eu adorei. Meu pai não é músico, mas tem uma sensibilidade gigante. A música passou a fazer mais sentido.
Ele não te incentivou a tentar carreira no esporte?
O Pet é um pai muito tranquilo, caseiro. Sempre me incentivou em tudo e sempre disse que eu precisava ser ativa fisicamente. Então eu pratiquei muito esporte desde pequena na escola. Gostava muito de basquete. Era a única menina que jogava com meninos. Mas o problema é que eu sou muito, muito baixinha. E, depois de um tempo, fica difícil continuar. Mas ainda adoro esporte e faço academia.
Nunca pensou em tentar a sorte em programas como o “The Voice”?
Confesso que já. Conversei com meus produtores, e eles disseram não é algo tão bom para o caminho profissional que eu estou tentando seguir, que é o autoral. Eu prefiro cantar as músicas que eu escrevo. Assisto ao “The Voice” brasileiro, ao americano. Adoro. Um dia eu gostaria de ser jurada. É muita pressão. Ninguém gosta de ser julgado.
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