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Gaymada e drags fazem do aniversário de SP uma mini-Parada Gay

Débora Klempous/UOL
Imagem: Débora Klempous/UOL

Tiago Dias

Do UOL, em São Paulo

25/01/2018 20h02

A extensa programação de 25 horas do aniversário de São Paulo deu uma cara de Virada Cultural. Centralizado no Vale do Anhangabaú desde o meio-dia desta quinta-feira (25), o colorido que tomou um dos cartões postais de São Paulo fez a festa parecer uma prévia da anual Parada Gay.

Entre água, cerveja e tiaras de Carnaval, um dos itens mais vendidos na mão dos ambulantes era a bandeira do orgulho gay. Vendedor de água em eventos na cidade, Raphael Santos, 25, comercializava o pano colorido a R$ 30 --o que o fez faturar mais do que está acostumado. A ideia surgiu quando ele viu o nome de Anitta na programação de eventos da cidade. "Sou evangélico, mas os homossexuais estão participando cada vez mais", disse.

Não foi só Raphael que percebeu que o público LGBT está cada vez mais na rua e querendo se divertir. A própria Prefeitura de São Paulo fez questão de incluir atrações e atividades que favorecem a diversidade, a começar pelo palco principal. Drag queen das mais representativas da capital, Tchaka fez as vezes de mestre de cerimônia durante toda a programação: "Quero gritos, fingem que sou a Anitta", pedia para o delírio da plateia.

A drag até aproveitou para participar do show de André Frateschi, no show de tributo a David Bowie (mas com inserções de outros hits do mesmo universo camaleônico), em "I Want to Break Free", do Queen. O cantor, vencedor do "PopStar”, se enrolou em uma bandeira colorida para cantar inquérito se tornou um hino da liberdade individual.

Tchaka não era a única. Muitas drags foram contratadas para circular pelo local e tirar fotos com o público. A fila diante de Tiffany, Gysella Popovick, Dora Escher e Athena Joy era grande no início da tarde, tudo para conseguir um clique com as artistas. "É o aniversário mais diversificado. Trazemos esse colorido, nenhuma festa pode passar sem isso", comentou Tiffany.

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Gaymada

Evento que acontece há dois anos em São Paulo, a Gaymada, campeonato de queimada LGBT, ganhou espaço nobre no Vale. A típica brincadeira infantil serve para quebrar preconceitos e ocupar espaços que em algum momento não estavam abertos ao público LGBT, embora não precise ser gay para participar da disputa.

Enquanto apitava uma partida, a juíza e uma das organizadoras do evento, Mayra Morais, 28, observou: "Querida, estamos no Carnaval com força. Hoje tem mais blocos gays do que héteros em São Paulo", disse. "Mas eu vejo com ressalvas. Várias marcas têm abraçado a causa e não queremos que isso seja apenas por causa de um boom".

Vindo de Ponta Grossa (PR) só para ver Karol Conká, que participará do show do BaianaSystem no palco principal, Moisés Vitorino, 21, se surpreendeu com a diversidade. "Venho de uma cidade onde os gays são mais reservados. O legal aqui é que [o movimento] vem do palco para fora".

Como se não bastasse os hits de Anitta, a festa ainda recebe Banda Uó, Jaloo e a drag Glória Groove, artistas que têm contribuído para a cena gay sair do armário.