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Grammy abraça vítimas de assédio, mas quer tom mais leve que Globo de Ouro

Cantora Kesha participa do MTV Music Awards 2017, na Califórnia - Matt Winkelmeyer/Getty Images/AFP
Cantora Kesha participa do MTV Music Awards 2017, na Califórnia
Imagem: Matt Winkelmeyer/Getty Images/AFP

Do UOL, em São Paulo

26/01/2018 04h00

Kesha deve ser um dos grandes destaques da 60ª cerimônia do Grammy, que acontece no próximo domingo (28). Além de ter conseguido suas primeiras duas indicações ao prêmio mais respeitado da música (melhor performance pop solo e melhor vocal de álbum pop), a cantora norte-americana vai apresentar ao vivo a faixa "Praying", que revê toda a dor enfrentada pelo assédio sexual e moral que alega ter sofrido nas mãos do produtor Dr. Luke, com quem ela iniciou uma batalha judicial em 2014.

A escolha da música para a performance foi confirmada por Ken Ehrlich, produtor por trás da cerimônia do Grammy desde os anos de 1980. "É claro que a performance de Kesha vai nos fazer refletir sobre tudo o que aconteceu com ela nos últimos anos. Afinal, 'Praying' é sobre isso, e é isso o que ela vai mostrar na apresentação", declarou em entrevista ao Yahoo Entertainment. 

Em "Praying", Kesha canta: "Bem, você quase me enganou / Me disse que eu não era nada sem você / Ah, mas depois de tudo que você fez / Posso agradecer por quão forte eu me tornei", em um claro recado a Dr Luke.

A batalha de Kesha é também contra a Sony, que por contrato a obriga a lançar mais discos com o produtor. Apoiada moralmente e até financeiramente por outras artistas, como Lady Gaga e Taylor Swift, a cantora seguiu em frente e lançou o novo disco seguindo as regras da gravadora.

Mulheres em destaque

Outras apresentações devem dar destaque ao poder feminino na cerimônia. Além de Kesha, estão confirmados shows de Lady Gaga, Rihanna, Pink e Cardi B. No entanto, Ehrlich não prevê que o Grammy tenha um tom tão sério como o que foi visto no Globo de Ouro deste ano. O prêmio de cinema e TV acabou dominado por atitudes de apoio às iniciativas Time's Up e MeToo.

"Eu também estava curioso para ver como seria a cerimônia do Globo de Ouro este ano", admite o produtor depois da enxurrada de denúncias contra poderosos da indústria do entretenimento. Ehrlich diz que achou a cerimônia mais sisuda muito apropriada, já que os casos de assédio acabaram dominando a indústria do cinema recentemente, com muito mais denúncias do que na música, por exemplo. Por isso, vê uma faceta diferente para o Grammy.

"Há uma linha tênue --e acredito que em alguns momentos passamos da linha-- em que você tem que entender que a maioria dos artistas que participam da cerimônia estão lá para comemorar o que eles fizeram no ano passado, e em alguns casos, ao longo de uma carreira inteira. Então, temos de ter o cuidado de não deixar o show se transformar em um programa orientado por questões que fogem ao fato do que ganhar um Grammy significa para um artista", diz.

Outro tema polêmico que será levado ao palco da premiação de música é o suicídio. Indicada em duas categorias (canção do ano e melhor cilpe), o single "1-800-273-8255", do rapper Logic será performada em parceria com Alessia Cara e Khalid. Os três jovens artistas receberão no palco alguns sobreviventes, já que o título da canção é o número da Central Nacional de Prevenção do Suicídio dos Estados Unidos.

Sem baixo-astral

Apesar dos temas sensíveis que não serão deixados de lado, a promessa final é de que o Grammy seja uma noite repleta de energia. Bruno Mars, U2, a dupla de "Despacito" Luis Fonsi e Daddy Yankee, Elton John com Miley Cyrus e Sting são alguns dos outros artistas que farão performances no domingo. 

Bruno Mars e Cardi B - Divulgação - Divulgação
Bruno Mars e Cardi B devem fazer shows animados
Imagem: Divulgação

"Vamos deixar claro: o Grammy não será baixo-astral", promete Ken Ehrlich. "Teremos tantas performances neste ano, e elas vão ser realmente verdadeiras. E vão fazer você mexer os pés. Sim, algumas serão politizadas. Mas eu não quero enganar o público e fazer ele pensar que eles vão assistir a um show do tipo, 'oh, meu Deus, eu vou chorar a cada nove minutos'. Você não vai. Bruno Mars, por exemplo, não vai fazer você chorar", garante o produtor.

A festa do Grammy 2018 acontecerá no próximo dia 28, no Madison Square Garden, em Nova York, com transmissão ao vivo pelo canal TNT a partir das 22h30. O humorista James Corden será mestre de cerimônias. Jay-Z e Kendrick Lamar, com oito e sete indicações, respectivamente, são os favoritos da noite.

Confira os indicados nas principais categorias:

Gravação do ano

"Redbone" (Childish Gambino)
"Despacito" (Luis Fonsi & Daddy Yankee com Justin Bieber)
"The Story Of O.J." (Jay-Z)
"Humble" (Kendrick Lamar)
"24K Magic" (Bruno Mars)
 
Álbum do ano
 
"Awaken, My Love!" (Childish Gambino)
"4:44" (Jay-Z)
"Damn" (Kendrick Lamar)
"Melodrama" (Lorde)
"24k Magic" (Bruno Mars)
 
Música do ano
 
"Despacito" (Luis Fonsi & Daddy Yankee com Justin Bieber)
"4:44" (Jay-Z)
"Issues" (Julia Michaels)
"1-800-273-8255" (Logic Featuring Alessia Cara & Khalid)
"That's What I Like" (Bruno Mars)
 
Artista revelação
 
Alessia Cara
Khalid
Lil Uzi Vert
Julia Michaels
SZA
 
Melhor performance pop solo
 
"Love So Soft" (Kelly Clarkson)
"Praying" (Kesha)
"Million Reasons" (Lady Gaga)
"What About Us" (Pink)
"Shape Of You" (Ed Sheeran)
 
Melhor duo pop/performance em grupo
 
"Something Just Like This" (The Chainsmokers & Coldplay)
"Despacito" (Luis Fonsi & Daddy Yankee com Justin Bieber)
"Thunder" (Imagine Dragons)
"Feel It Still" (Portugal The Man)
"Stay" (Zedd & Alessia Cara)
 
Melhor álbum tradicional de pop vocal
 
"Nobody But Me (Deluxe Version)" (Michael Bubble)
"Triplicate" (Bob Dylan)
"In Full Swing" (Seth MacFarlane)
"Wonderland" (Sarah McLachlan)
"Tony Bennett Celebrates 90" (Vários artistas)
 
Melhor álbum pop com vocal
 
"Kaleidoscope EP" (Coldplay)
"Lust For Life" (Lana Del Rey)
"Evolve" (Imagine Dragons)
"Rainbow" (Kesha)      
Joanne (Lady Gaga)
"÷ (Divide)" (Ed Sheeran)
 
Melhor performance de rock
 
"You Want It Darker" (Leonard Cohen)
"The Promise" (Chris Cornell)
"Run" (Foo Fighters)
"No Good" (Kaleo)
"Go To War" (Nothing More)
 
Melhor música de rock
 
"Atlas, Rise!" (Metallica)
"Blood In The Cut" (K.Flay)
"Go To War" (Nothing More)
"Run" (Foo Fighters)
"The Stage" (Avenged Sevenfold)
 
Melhor álbum de rock
 
"Emperor Of Sand" (Mastodon)
"Hardwired...To Self-Destruct" (Metallica)     
"The Stories We Tell Ourselves" (Nothing More)
"Villains" (Queens Of The Stone Age)
"A Deeper Understanding" (The War On Drugs)
 
Melhor álbum de música alternativa
 
"Everything Now" (Arcade Fire)
"Humanz" (Gorillaz)      
"American Dream" (LCD Soundsystem)
"Pure Comedy" (Father John Misty)
"Sleep Well Beast" (The National)

Melhor performance de R&B

“Get You” "Daniel Caesar Featuring Kali Uchis"
“Distraction” (Kehlani)
“High” (Ledisi)
“That’s What I Like” (Bruno Mars)
“The Weekend” (SZA)

Melhor performance tradicional de R&B

“Laugh And Move On” (The Baylor Project)
“Redbone” (Childish Gambino)
“What I’m Feelin'” (Anthony Hamilton feat. The Hamiltones)
“All The Way” (Ledisi)
“Still” (Mali)

Melhor música de R&B

“First Began” (PJ Morton)
“Location” (Khalid)
“Redbone” (Childish Gambino)
“Supermodel” (SZA)
“That’s What I Like” (Bruno Mars)

Melhor álbum latino de jazz

"Hybrido From Rio To Wayne Shorter" (Antonio Adolfo)
"Oddara" (Jane Bunnett & Maqueque)
"Outra Coisa The Music Of Moacir Santos" (Anat Cohen & Marcello Gonçalves)
"Típico" (Miguel Zenón)
"Jazz Tango" (Pablo Ziegler Trio)
 
Melhor álbum de world music
 
"Memoria De Los Sentidos" (Vicente Amigo)
"Para Mi" (Buika)
"Rosa Dos Ventos" (Anat Cohen & Trio Brasileiro)
"Shaka Zulu Revisited: 30th Anniversary Celebration" (Ladysmith Black Mambazo)
"Elwan" - Tinariwen