Grammy abraça vítimas de assédio, mas quer tom mais leve que Globo de Ouro
Kesha deve ser um dos grandes destaques da 60ª cerimônia do Grammy, que acontece no próximo domingo (28). Além de ter conseguido suas primeiras duas indicações ao prêmio mais respeitado da música (melhor performance pop solo e melhor vocal de álbum pop), a cantora norte-americana vai apresentar ao vivo a faixa "Praying", que revê toda a dor enfrentada pelo assédio sexual e moral que alega ter sofrido nas mãos do produtor Dr. Luke, com quem ela iniciou uma batalha judicial em 2014.
A escolha da música para a performance foi confirmada por Ken Ehrlich, produtor por trás da cerimônia do Grammy desde os anos de 1980. "É claro que a performance de Kesha vai nos fazer refletir sobre tudo o que aconteceu com ela nos últimos anos. Afinal, 'Praying' é sobre isso, e é isso o que ela vai mostrar na apresentação", declarou em entrevista ao Yahoo Entertainment.
Em "Praying", Kesha canta: "Bem, você quase me enganou / Me disse que eu não era nada sem você / Ah, mas depois de tudo que você fez / Posso agradecer por quão forte eu me tornei", em um claro recado a Dr Luke.
A batalha de Kesha é também contra a Sony, que por contrato a obriga a lançar mais discos com o produtor. Apoiada moralmente e até financeiramente por outras artistas, como Lady Gaga e Taylor Swift, a cantora seguiu em frente e lançou o novo disco seguindo as regras da gravadora.
Mulheres em destaque
Outras apresentações devem dar destaque ao poder feminino na cerimônia. Além de Kesha, estão confirmados shows de Lady Gaga, Rihanna, Pink e Cardi B. No entanto, Ehrlich não prevê que o Grammy tenha um tom tão sério como o que foi visto no Globo de Ouro deste ano. O prêmio de cinema e TV acabou dominado por atitudes de apoio às iniciativas Time's Up e MeToo.
"Eu também estava curioso para ver como seria a cerimônia do Globo de Ouro este ano", admite o produtor depois da enxurrada de denúncias contra poderosos da indústria do entretenimento. Ehrlich diz que achou a cerimônia mais sisuda muito apropriada, já que os casos de assédio acabaram dominando a indústria do cinema recentemente, com muito mais denúncias do que na música, por exemplo. Por isso, vê uma faceta diferente para o Grammy.
"Há uma linha tênue --e acredito que em alguns momentos passamos da linha-- em que você tem que entender que a maioria dos artistas que participam da cerimônia estão lá para comemorar o que eles fizeram no ano passado, e em alguns casos, ao longo de uma carreira inteira. Então, temos de ter o cuidado de não deixar o show se transformar em um programa orientado por questões que fogem ao fato do que ganhar um Grammy significa para um artista", diz.
Outro tema polêmico que será levado ao palco da premiação de música é o suicídio. Indicada em duas categorias (canção do ano e melhor cilpe), o single "1-800-273-8255", do rapper Logic será performada em parceria com Alessia Cara e Khalid. Os três jovens artistas receberão no palco alguns sobreviventes, já que o título da canção é o número da Central Nacional de Prevenção do Suicídio dos Estados Unidos.
Sem baixo-astral
Apesar dos temas sensíveis que não serão deixados de lado, a promessa final é de que o Grammy seja uma noite repleta de energia. Bruno Mars, U2, a dupla de "Despacito" Luis Fonsi e Daddy Yankee, Elton John com Miley Cyrus e Sting são alguns dos outros artistas que farão performances no domingo.
"Vamos deixar claro: o Grammy não será baixo-astral", promete Ken Ehrlich. "Teremos tantas performances neste ano, e elas vão ser realmente verdadeiras. E vão fazer você mexer os pés. Sim, algumas serão politizadas. Mas eu não quero enganar o público e fazer ele pensar que eles vão assistir a um show do tipo, 'oh, meu Deus, eu vou chorar a cada nove minutos'. Você não vai. Bruno Mars, por exemplo, não vai fazer você chorar", garante o produtor.
A festa do Grammy 2018 acontecerá no próximo dia 28, no Madison Square Garden, em Nova York, com transmissão ao vivo pelo canal TNT a partir das 22h30. O humorista James Corden será mestre de cerimônias. Jay-Z e Kendrick Lamar, com oito e sete indicações, respectivamente, são os favoritos da noite.
Confira os indicados nas principais categorias:
Gravação do ano
"24k Magic" (Bruno Mars)
"Issues" (Julia Michaels)
"Go To War" (Nothing More)
"The Stories We Tell Ourselves" (Nothing More)
"A Deeper Understanding" (The War On Drugs)
Melhor performance de R&B
“Get You” "Daniel Caesar Featuring Kali Uchis"
“Distraction” (Kehlani)
“High” (Ledisi)
“That’s What I Like” (Bruno Mars)
“The Weekend” (SZA)
Melhor performance tradicional de R&B
“Laugh And Move On” (The Baylor Project)
“Redbone” (Childish Gambino)
“What I’m Feelin'” (Anthony Hamilton feat. The Hamiltones)
“All The Way” (Ledisi)
“Still” (Mali)
Melhor música de R&B
“First Began” (PJ Morton)
“Location” (Khalid)
“Redbone” (Childish Gambino)
“Supermodel” (SZA)
“That’s What I Like” (Bruno Mars)
Melhor álbum latino de jazz
"Oddara" (Jane Bunnett & Maqueque)
"Típico" (Miguel Zenón)
"Jazz Tango" (Pablo Ziegler Trio)
"Para Mi" (Buika)
"Rosa Dos Ventos" (Anat Cohen & Trio Brasileiro)
"Shaka Zulu Revisited: 30th Anniversary Celebration" (Ladysmith Black Mambazo)
"Elwan" - Tinariwen
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